CB.Saúde

"Falta educação permanente", disse o infectologista sobre combate à Aids

Na entrevista conduzida pela jornalista Andrea Nalini, o especialista em HIV Leandro Machado falou sobre as dificuldades na conscientização da parcela mais jovem da população

Carlos Silva*
postado em 01/12/2022 17:05 / atualizado em 01/12/2022 17:33
Um dos principais tópicos abordados na entrevista foi sobre a visão de jovens sobre o HIV -  (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)
Um dos principais tópicos abordados na entrevista foi sobre a visão de jovens sobre o HIV - (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)

“Falta educação permanente”, esclarece o infectologista Leandro Machado, ao participar do CB.Saúde desta quinta-feira (1º/12), Dia Mundial de Combate à Aids. Na entrevista conduzida pela jornalista Andrea Nalini, o especialista em HIV falou sobre as dificuldades na conscientização da parcela mais jovem da população, que está se protegendo menos. Machado também abordou o enfrentamento à doença no Distrito Federal e a necessidade de políticas públicas voltadas para o acompanhamento de pacientes soropositivos.

Um dos principais tópicos abordados na entrevista foi sobre a visão de jovens sobre o HIV. De acordo com Leandro, a parcela mais nova da população não tem referencial sobre a gravidade da doença, assim acabam perdendo o medo de uma possível infecção. “Não vemos mais pacientes graves como víamos antigamente. Existem sim pessoas graves, que desenvolvem imunossupressão e começam a ter a forma mais grave da doença. O jovem não vê esse desfecho com pessoas famosas ou que têm como referência. Então, eles perderam o medo de se infectar pelo vírus”, avalia.

Nesse sentido, o infectologista destaca a importância de ações de educação no combate ao HIV, tendo em vista que, mesmo que não cheguem ao estado grave da doença, indivíduos infectados ainda podem sofrer inúmeras complicações de saúde. “O que falta é educação permanente. É discutir educação sexual dentro da escola. Não é sexualizar a discussão. É falar sobre medidas de prevenção e orientação sexual. Existem temas que precisamos debater dentro das escolas, para que o jovem entenda que pode ter a vida sexual que quiser, mas de forma segura”, reforça.

No DF


O especialista também pontuou que, em Brasília, pouco se usa preservativo e falou que por diversas vezes atendeu pacientes que se chocaram com essa realidade após tentar engajar em um relacionamento. Ele afirmou que a tendência é perigosa, pois outras doenças não têm modo de prevenção prévia. “Para o HIV, conseguimos usar Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), mas para outras doenças sexualmente transmissíveis, como hepatite, sífilis ou gonorréia, não há medicação prévia”, afirma.

Nisso, foi abordado o fechamento do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Rodoviária do Plano Piloto. A unidade será transferida para o Centro Especializado em Doenças Infecciosas, na quadra 508 Sul. Para Leandro, o centro é de grande importância, sobretudo para pessoas em situação de vulnerabilidade. “O CTA ajuda muito na testagem, principalmente para a população vulnerável, que não tem acesso ao sistema privado de saúde ou tem dificuldade de acesso a exames. Muitos pacientes que eu atendo se testaram lá e receberam as orientações necessárias”, pontua.

Políticas públicas


Por fim, foi discutida a necessidade de políticas públicas voltadas para pacientes soropositivos. O infectologista destaca que é preciso não só dar acesso aos remédios necessários ao tratamento, mas elaborar e implementar políticas públicas voltadas para o acompanhamento de indivíduos infectados, que podem enfrentar complicações por conta da doença.

“Infelizmente, cada um tem que se cuidar. O paciente pode entrar em programas de saúde da família. Neles, o indivíduo consegue planos de acompanhamento nutricional, atividades físicas para idosos, pessoas, e o paciente acaba se encaixando nisso, mas ainda não há uma política voltada para isso”, conclui.

Veja o CB.Saúde na íntegra:

Estagiário sob supervisão de Euclides Bitelo


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