CB.Saúde

"Oito a cada dez pessoas sentem dor na coluna", afirma neurocirurgião

Ao lado da dor de cabeça, esse é um dos principais motivos para pacientes procurarem um consultório médico. O uso errado da tecnologia é um fator agravante para os problemas de coluna por conta da má postura e das muitas horas utilizando equipamentos como tablets, smatphones e computadores

Pablo Giovanni*
postado em 30/12/2022 06:00 / atualizado em 30/12/2022 20:33
 (crédito:  Mariana Lins )
(crédito: Mariana Lins )

Quase todo mundo já se queixou, pelo menos uma vez na vida, de uma dor chata na região da coluna. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), oito a cada 10 pessoas podem sentir esses sintomas. Em entrevista à jornalista Carmen Souza, apresentadora do CB.Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília —, o neurocirurgião Henrique Lira, confirma que essa é uma das principais buscas dos pacientes no consultório médico — ao lado da dor de cabeça. "A maioria de nós pode, em algum momento da vida, sentir esses sintomas. A gente tem que entender o que é isso? Na maior parte dos casos, tem um curso limitado e tende a se resolver sozinha, mas é sempre necessário fazer uma avaliação especializada para que não se tenha uso discriminatório de medicamentos. Os pacientes que têm dor nas regiões da lombar, cervical e na região do dorso, e que não melhoram com as medidas de repouso e cuidados básicos, devem procurar um médico ", esclareceu.

Dá pra afirmar: quem nunca sentiu dor nas costas, não é? A OMS trouxe dados preocupantes que oito a cada 10 pessoas podem sentir dor lombar em algum momento da vida. Quando a gente deve se preocupar com esse desconforto?

Você falou bem. Oito a cada 10 pessoas podem em algum momento da vida sentir esse tipo de sintomas e é uma das principais buscas de pacientes ao consultório médico, juntamente com dor de cabeça. A gente tem que entender que é isso que, na maior parte dos casos, tem um curso limitado, ou seja: tende a se resolver sozinho. Mas é sempre necessário fazer uma avaliação especializada médica para que não se tenha uso indiscriminado de anti-inflamatórios, de medicamentos ou situações que possam mascarar e fazer com que a doença progrida, gerando uma situação mais séria. Então, pacientes que tenham dor na região lombar, na região cervical, na região do dorso e que não melhoram com medidas de repouso ou de cuidados básicos, de postura, devem procurar um especialista, para que se faça uma avaliação mais adequada e se chegue ao diagnóstico apropriado.

No universo dessas pessoas, que acredito que são de várias faixas etárias, podemos dizer que essa dor se manifesta diferente conforme a idade que você tem?

Sim. A dor na coluna, de um modo geral, independentemente se é lombar ou cervical ou dorsal, ela se manifesta de diferentes modos e de acordo com o perfil de pacientes. São pacientes mais idosos tendem a apresentar um tipo de dor específica. Crianças e adolescentes, até por conta de questões posturais associadas ao uso de aparelhos eletrônicos, têm um outro tipo de dor. Até mesmo atletas ou pessoas com uma boa performance física podem desenvolver outros tipos específicos de dor. Então, uma avaliação para se identificar o local exato e as implicações dessa dor é importante nesse sentido.

Você falou sobre dispositivos eletrônicos. Recordei-me que mês passado teve uma simulação de como ficaríamos pelo excesso de uso desses aparelhos. Imaginando agora, o que tem chegado ao consultório à mesa de cirurgia sobre esse uso excessivo dos dispositivos?

O que a gente tem observado, especialmente nos dez últimos anos, com advento desses dispositivos tablets, smartphones e computadores de modo geral, a própria relação mais estreita das profissões com esses dispositivos é a de operadores de máquina, profissionais que lidam com computador o tempo inteiro, até mesmo na área da saúde, como é o meu caso. A gente está muito exposto a esses dispositivos, e adapta-se a eles e não ao contrário, como deveria ser. Então, temos realmente visto pessoas por muitas horas ao longo do dia se colocando em posturas mais antevertidas, ou seja: encurvados para frente, sem um cuidado ergonômico. Associado a isso, à diminuição da frequência de atividades físicas, que ajudaria a proteger desse tipo de sintoma. Então, essa figura que você bem descreveu, é assustadora, mas ela é simbólica. Mostra como o nosso corpo no futuro poderia se adaptar a esse tipo de vício, que é extremamente preocupante.

Os profissionais da oftalmologia dão algumas dicas preventivas para evitar complicações por uso de dispositivos eletrônicos. Existem medidas, nesse sentido, pensando na postura da coluna?

Aconselha-se que pessoas trabalhadoras, que fiquem muito tempo na frente de uma tela de computador, por exemplo, estejam com a postura e a coluna de frente pro dispositivo, com a tela elevada ao nível dos olhos. Então, o que a gente observa muito são profissionais trabalhando de lado, com um notebook com a cabeça mais encurvada, ou então com a rotação lateral do pescoço. Isso gera sobrecarga mesmo que não imediata, mas em médio, longo prazo, vai gerando disfunções ergonômicas e posturais que podem ser fator para doenças mais sérias no futuro.

Hérnia de disco, por exemplo?

Sim. Além de artrose de articulações da coluna vertebral. Inclusive, dores musculares que muitas vezes viram crônicas e são difíceis de se resolver.

Nesse período de férias, existe muito risco para a coluna, com lesões provocadas por piscinas, cachoeiras, entre outros.

Nós, infelizmente, temos essa experiência que nós não gostaríamos de ver. Pacientes com traumas na coluna vertebral, associados a mergulho em água rasa. Antigamente, nem era tão frequente, mas hoje em dia alguns trabalhos mostram que a segunda causa mais frequente de traumatismo raquimedular, ou seja, o traumatismo da coluna, depois dos acidentes de trânsito. Então, é muito comum o paciente alcoolizado, ou que não tem atenção a profundidade da água ou que cai de ponta de cabeça. São situações de extremo risco para acontecer algum acidente dessa natureza, que muitas vezes pode ser fatal, ou gerar complicações neurológicas irreversíveis, como tetraplegia ou paraplegia.

 

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