Setor hoteleiro /

Lotação máxima para posse

Estabelecimentos do Distrito Federal estão com a capacidade esgotada para a cerimônia presidencial

Arthur de SouzaCarlos Silva*
postado em 30/12/2022 07:00
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Com a proximidade da cerimônia de posse presidencial, que acontece domingo, o setor hoteleiro do Distrito Federal começa a receber pessoas de várias partes do país que devem participar do evento na Esplanada dos Ministérios. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Henrique Severien, a ocupação média dos empreendimentos, para os dias 31 de dezembro de 2022 e 1º de janeiro de 2023, deve ficar em 84% — número que está acima da previsão feita no fim de novembro. "O fator principal é, realmente, a posse. Normalmente, temos uma taxa que mal chega a 50%", afirma.

De acordo com Severien, os 48 hotéis da capital, que fazem parte da associação, devem ser ocupados durante esse período, por cerca de 30 mil pessoas. Ainda segundo o presidente da ABIH, o fim de períodos eleitorais impulsiona muito o turismo local, fazendo com que o DF seja tão interessante quanto outros pontos turísticos muito procurados pelo público no final do ano. "É um atrativo que se assemelha a uma costa litorânea. As pessoas que residem no interior vão para o litoral, e a cada quatro anos temos aqui uma 'praia' que atrai visitantes do mundo inteiro. Esse é o grande fenômeno que é a posse", comenta.

Economista e professor de Especialização em Mercado Financeiro na Universidade de Brasília (UnB), César Bergo lembra que o setor de serviços enfrentou muita dificuldade na pandemia e está em franca recuperação em 2022. "A cada mês, ele vem recuperando as suas margens e também podemos verificar, sobretudo e particularmente, no tocante ao segmento de hotéis, restaurantes e bares", comenta. De acordo com o especialista, o afrouxamento das medidas sanitárias e o fato de ser um ano de eleição e posse presidencial, faz com que a demanda aumente ainda mais nos hotéis. "A procura é muito grande. A informação que temos é que a taxa de ocupação praticamente chegou a 100%, em alguns locais", destaca.

Sem vagas

O Correio apurou que, assim como afirma o economista, alguns hotéis estão com lotação máxima para o período da cerimônia de posse. É o caso da rede Reserve Atlantica, que conta com cinco estabelecimentos no DF. Um deles, o Go Inn, está localizado em Taguatinga Centro e é gerenciado por Kelly Lucena. "A movimentação (de reservas) aumentou logo após o anúncio da vitória de Lula no segundo turno das eleições. Na semana seguinte, a demanda chegou para nós", comenta.

A profissional conta que o setor hoteleiro sempre tem essa alta durante o período, por conta da posse presidencial. Mas, para 2022, o aumento foi bastante expressivo e causou surpresa. "Desta vez, tivemos um mercado vendendo com muito mais antecedência do que nas outras oportunidades de posse presidencial", compara. Kelly afirma que a única preocupação fica por conta do receio devido aos atos antidemocráticos ocorridos durante o mês de dezembro. "A gente soube, por colegas da rede, que houveram alguns cancelamentos pela possibilidade da falta de segurança durante o evento da posse", comenta.

Outro hotel da rede que está com 100% de ocupação é o Metropolitan Hotel Brasília, que fica na Asa Norte. Segundo o funcionário do local, Alcino Humberto, há dois meses foi percebido o aumento nas reservas. "Existe um turismo cívico, mas a posse presidencial é o principal fator para o aumento da ocupação", destaca. Diferente da gerente do Go Inn, Alcino afirma que a sensação de insegurança não está afetando o hotel da região central de Brasília. "O policiamento foi reforçado após esses episódios. Muita gente que ligou para fazer reserva perguntou sobre essas questões, e a gente deixa claro que o efetivo aumentou por aqui", ressalta.

A lotação dos hotéis faz com que algumas pessoas, interessadas em participar da cerimônia e da festa de posse, fiquem apreensivas com a possibilidade de frustração. Uma delas é o professor universitário Olavo Hamilton, 46 anos. O morador do Rio Grande do Norte conta que sempre veio à capital federal visitar amigos, durante essa época do ano. "A posse me deixa interessado em ficar mais um tempo. Minha hospedagem termina amanhã (hoje) e pretendo participar da festa, mas não estou conseguindo encontrar hotéis para o período", lamenta. "A expectativa é ótima, seria a minha primeira participação em uma cerimônia de posse. Caso consiga encontrar algum lugar, vou ficar por aqui. Se não, volto para a minha terra", frisa o professor.

Supervisor de recepção do Comfort Hotel, em Taguatinga Centro, Rômulo Maciel destaca que o pico de ocupação do estabelecimento deve acontecer entre 31 de dezembro e 1º de janeiro, quando 90% ficarão ocupados. “Essa alta deve permanecer até o dia 2. E só é esse valor, pois estamos com um bloqueio estratégico, para que a gente consiga vender na véspera, com uma taxa um pouco maior”, revela.

Gerente do Hotel Cullinan Hplus Premium, localizado na Asa Norte, Ana Paula Belfort Gomes diz que o movimento aumentou nos últimos meses. “Em relação a 2021, a ocupação é 50% maior. Temos poucos quartos para o dia 31, quando teremos 97% de quartos ocupados. No dia 1º de janeiro, será 94%”, calcula. Segundo a gestora, cerca de 900 pessoas estão hospedadas apenas para acompanhar a cerimônia de posse e, com isso, o lucro ficou bem acima do esperado.

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