ENTREVISTA

Indústria da construção civil avança e vê 2023 como um ano positivo

Ao CB.Poder, presidente do Sinduscon-DF, Dionyzio Klavdianos, afirmou que não há obras do governo local paradas e que a realização de empreendimentos populares é importante para o crescimento do setor

Carlos Silva*
postado em 28/01/2023 06:00
 (crédito: Mariana Lins )
(crédito: Mariana Lins )

Dionyzio Klavdianos, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-DF), está bastante otimista para 2023. Em entrevista ao CB.Poder — parceria de TV Brasília e Correio — ele afirmou que a retomada de obras na capital e os projetos de ampliação de moradia para a população de baixa renda têm aumentado as expectativas. "Isso está fazendo com que o setor cumpra o seu papel, gerando emprego e muitas obras de infraestrutura, de forma que o conjunto é muito bom", revelou, ontem, na conversa com a jornalista Adriana Bernardes. Entre outros temas, ele também falou sobre o combate à grilagem de terras e aponto o programa de moradias para a população de baixa renda como uma das soluções.

Como foi o ano de 2022 para a construção civil e qual é a expectativa do setor para 2023?

O ano de 2022 foi muito bom. Os períodos anteriores, por mais paradoxal que seja, por conta da pandemia, também foram positivos para a construção civil. O setor vem crescendo, no que tange à indústria imobiliária, e tem vendido bem. O último índice de velocidade de vendas, de outubro de 2022, é de 8,4% — acima de 5% mostra que o mercado está normal. Esse número é superior aos 7,8% de outubro de 2021. Obras públicas estão da mesma forma. O governo conseguiu viabilizar empreendimentos que estavam previstos para muito tempo atrás, como é o caso do túnel de Taguatinga e outros. Isso está fazendo com que o setor também cumpra o seu papel, gerando emprego e muitas obras de infraestrutura, de forma que o conjunto é muito bom.

Durante a campanha eleitoral, foi apresentada uma série de propostas do que seria a prioridade neste ano. Quais o senhor destaca?

O governo começou bem, lançando, logo na primeira semana, o Drenar DF, obra que vai conseguir resolver um problema crônico para a Asa Norte: enxurradas e inundações. Fora isso, há outros projetos de infraestrutura com forte caráter emblemático, com cerca de R$ 2 bilhões direcionados. Também temos mais de R$ 1 bilhão aplicado em mobilidade. Brasília é a terceira (maior) cidade do Brasil. São mais de 3 milhões de habitantes. Esse pessoal precisa se locomover bem. Fora isso, há um forte investimento em habitação social. Fala-se em 40 mil moradias. Isso tem uma importância enorme para combater a ilegalidade (de ocupação) da terra, que é, hoje, o nosso problema crônico. Então, apesar dos problemas de reequilíbrio que se tem, o governo tem avançado, mas o ritmo ainda não é o que gostaríamos. Não temos exemplos de obras paradas. Assim, o caixa forte nos faz ter esperança de que esse fluxo virtuoso seja possível.

O Executivo local também tem demonstrado interesse em combater a ocupação ilegal de terras. De que forma isso afeta a construção civil?

Vou exemplificar com o Setor Habitacional Jóquei Clube, que está na iminência de ser finalmente liberado para licitação de lotes. Esse projeto já havia sido acalentado muito tempo atrás. A Associação Brasileira do Mercado Imobiliário (ABMI) doou o projeto cerca de quatro anos atrás. Com toda a boa vontade o Jóquei está levando, desde a entrega, quatro anos para ser aprovado. A indústria informal não tem essa burocracia. Entram e avançam, à despeito do combate que se faz. Há uma carência de habitação. As pessoas precisam morar e acabam chantageadas. Se têm uma dificuldade para obter a moradia legal, procurarão o ilícito. Nesse sentido, vemos com bons olhos esse programa que o governo está dizendo que vai implementar, com mais de 40 mil moradias de caráter social.

Em relação ao Setor Habitacional Jóquei Clube, por que tanta demora, mesmo com disposição de todos desenvolvidos?

Um novo bairro não acontece da forma como a construção ilegal faz. Não chegamos montando alguns barracos, não atendendo nenhum padrão, no que tange à questão da parte de infraestrutura. Nesses casos, depois, é gerado um problema. Você precisa de estudos anteriores para verificar os impactos ambientais, no tráfego. Também precisam ser feitos estudos sobre densidade urbana etc. Há uma série de estudos e testes que precisam ser feitos e apresentados. Então, tudo isso leva tempo, o que não é gasto por grileiros. Aí, há uma completa diferença. Muitas vezes, você tem uma burocracia maior do que poderia ter. Esse é o nosso sentimento e também de quem está junto conosco.

*Estagiário sob supervisão de Malcia Afonso

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O governo tem avançado (na realização de obras), mas o ritmo ainda não é o que gostaríamos. Não temos exemplos de obras paradas. Assim, o caixa forte nos faz ter esperança de que esse fluxo virtuoso seja possível"

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