Mensagens em telefone mostram reação de Ibaneis aos atos golpistas; leia

Conteúdo mostra que o governador afastado do DF entrou em contato com o ministro Flávio Dino e até mesmo com a presidente do STF, Rosa Weber, no dia 8 de janeiro

Correio Braziliense

postado em 09/02/2023 22:35 / atualizado em 09/02/2023 23:51

(crédito: Marcelo Ferreira - CB/ DA Press)

Mensagens de texto captadas do celular do governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), pela Polícia Federal (PF) mostram as reações do líder do Executivo distrital frente às movimentações dos extremistas bolsonaristas durante 8 de janeiro — que vão desde a tranquilidade ao receber do secretário de segurança em exercício Fernando de Souza Oliveira a certeza de que os atos seriam pacíficos até o reconhecimento de que precisaria do Exército para conter a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, sem controle até aquele momento, no fim da tarde do domingo (8/1).

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Nas conversas, Ibaneis manteve contato, ao longo do dia, com Fernando de Souza Oliveira; o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino; e até mesmo com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, que alertou o governador sobre a invasão do prédio do Congresso.

Veja abaixo a cronologia das mensagens:

8 de janeiro - Manhã

Por volta das 11h21 da manhã do domingo, Ibaneis recebeu e encaminhou a Dino informações dadas pelo secretário de segurança em exercício Fernando de Souza Oliveira — substituto de Anderson Torres, que viajou para os EUA dois dias antes dos atos golpistas.

“Público oriundo das caravanas em torno de 2,5 mil pessoas”, diz a mensagem de Fernando, que também informou que os bolsonaristas trouxeram mantimentos como água, comida e materiais de higiene, e instalaram “diversas barracas de camping e lona”. Junto à mensagem, Ibaneis escreve a Dino: “situação tranquila, no momento”.

Em seguida, uma mensagem de voz do secretário foi encaminhada para o ministro da Justiça. “Bom dia, governador! Passando pro senhor as últimas notícias...da madrugada e do início do dia...não houve nenhuma intercorrência relacionada aos manifestantes. Tudo bem tranquilo, eles estão lá no...a maioria no QG, mas de forma pacífica e tranquila"

Em resposta, Dino agradece Ibaneis. “Obrigada, amigo”, escreve.

8 de janeiro - Tarde

Às 14h31, Ibaneis atualiza Dino com uma nova mensagem de voz de Fernando, na qual reafirma que não há sinal de que as “manifestações” acabariam em atos violentos. “Até agora nossa Inteligência está monitorando e não há nenhum informe de questão de agressividade ligada a esse tipo de comportamento. Então esse é o último informe pro senhor… Tem aproximadamente 150 ônibus já no DF, mas todo mundo de forma ordeira e pacífica”, garante Fernando.

Dino responde a mensagem com uma resposta espiritual. “Oremos para que tudo acabe bem”, pede.

Pouco mais de duas horas depois, às 16h43, os vândalos já haviam invadido as sedes dos Três Poderes e depredado os prédios. Os registros das mensagens mostram que às 16h05 Ibaneis recebeu uma ligação de Dino, mas não atendeu. No entanto, o presidente conversou com Rosa Weber, presidente do STF, que alertou o governador sobre a invasão da Corte.

Também neste espaço de tempo, o secretário Fernando de Souza informou Ibaneis sobre a gravidade da situação. Em resposta, o governador comunica a Dino que precisará de reforços. “Vamos precisar do Exército”, escreveu. Nas mensagens obtidas pela PF, não é possível ver se Dino respondeu o pedido. No entanto, o Exército não esteve no local e os golpistas foram contidos pela polícia do Distrito Federal.

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