Estelionato

Mulher que aplicou golpe para custear casamento é solta sem pagar fiança

Conforme noticiado em primeira mão pelo Correio, Susy Ferreira subtraiu mais de R$ 55 mil de uma idosa, de 66 anos, amiga da mãe dela. O dinheiro foi transferido para contas de fornecedores da festa de casamento

Darcianne Diogo
postado em 17/03/2023 16:23 / atualizado em 17/03/2023 16:27
 (crédito: material cedido ao Correio)
(crédito: material cedido ao Correio)

A 1ª Vara Criminal de Taguatinga concedeu liberdade provisória à mulher acusada de aplicar um golpe na amiga da família para custear uma festa de casamento luxuosa. Susy Ferreira de Aguiar, 38, passou por audiência de custódia na manhã desta sexta-feira (17/3) e foi liberada sem precisar pagar fiança.

Conforme noticiado em primeira mão pelo Correio, Susy subtraiu mais de R$ 55 mil de uma idosa, de 66 anos, amiga da mãe dela. A vítima tinha uma dívida de mais de R$ 190 mil referente à hipoteca de um apartamento e foi ludibriada pela golpista. A suspeita ofereceu ajuda e indicou um suposto advogado especializado em direito imobiliário. O profissional chegou a entrar em contato com a vítima por telefone, disse que conseguiria renegociar a dívida e precisaria apenas do CPF e do nome completo dela.

Susy disse à idosa que R$ 30 mil seria o valor necessário para quitar toda a dívida e orientou a vítima a fazer um empréstimo no banco. Em depoimento prestado na 12ª DP (Taguatinga Centro), a idosa contou que confidenciou à Suzy as senhas bancárias para que ela pudesse efetuar as transações financeiras. Além dos R$ 30 mil, Suzy pediu mais R$ 9,5 mil à idosa para pagar impostos.

A golpista fez várias transferências via pix da conta da idosa. Em 1º de março, ela transferiu R$ 30 mil. No dia 7, foram feitas mais duas transações no valor de R$ 10 mil cada. No dia seguinte, mais um depósito de R$ 10 mil e, em 14 de março, R$ 5 mil.

Audiência

Susy foi presa pelos investigadores da 12ª DP. Em depoimento, ela negou o crime e alegou que só tinha a intenção de ajudar a idosa. Disse ainda que não tinha acesso às contas bancárias da mulher.

Em audiência de custódia ocorrida nesta sexta-feira, Susy foi representada por um defensor público, que se manifestou pela liberdade provisória da acusada. O Ministério Público (MPDFT) foi a favor, mas sugeriu que a mulher fosse monitorada por tornozeleira eletrônica. Mas, na avaliação do juiz, a medida era desnecessária. "Não vislumbro a necessidade de adoção dessa medida extrema, pois não se trata de ação delituosa cometida com grave ameaça ou violência à vítima e não há circunstâncias concretas aptas a demonstrar que tal solução é imprescindível para a garantia da ordem pública e econômica, atende a conveniência da instrução criminal ou assegura a aplicação da lei penal", destacou o magistrado.

Susy está proibida de mudar de endereço e não poderá entrar em contato com as vítimas ou testemunhas.

Festa de casamento

O dinheiro subtraído por Susy da conta da idosa foi transferido para uma única conta em nome de uma empresária do ramo de festas, com nome fantasia de Lys Events. No entanto, a empresária sequer sabia que também estava sendo vítima do golpe. A vítima contou que a golpista não utilizou apenas o CNPJ dela, mas de uma empresa do buffet e do DJ que tocaria na cerimônia.

Desconfiada da quantidade de movimentações financeiras na conta, a idosa contratou uma advogada para verificar o andamento do processo referente à hipoteca da casa. Ao Correio, a advogada Laryssa Dias Rêgo Ferraz contou que, ao verificar os destinatários dos valores, constatou que, na verdade, tratava-se de fornecedores de casamento e que não havia quaisquer processos em trâmite que tratassem da revisão das parcelas do apartamento.

A idosa questionou Susy sobre o ocorrido e trocou as senhas bancárias. Nessa quarta-feira (15/3), segundo a advogada, a estelionatária implorou à vítima para que elas se encontrassem pessoalmente, pois iria provar que não se tratava de golpe. “Uma suposta oficial de Justiça teria entrado em contato com a minha cliente para falar sobre uma audiência de conciliação. Algo totalmente estranho, pois constava no e-mail que havia documentos anexados, mas, na verdade, não tinha. Fui ao apartamento da vítima e constatei que se tratava de um golpe”, afirmou a advogada.

Segundo as investigações, a estelionatária usou os dados pessoais da própria advogada de defesa para “criar” a oficial de justiça, na tentativa de convencer a vítima de que não se tratava de um golpe. Na delegacia, a advogada, ao descobrir a verdade, abandonou o caso e prestou depoimento contra a autora.

A vítima e a suspeita foram conduzidas à delegacia na manhã dessa quarta-feira para prestar depoimento. Susy foi presa em flagrante e, durante o interrogatório, negou o crime e alegou que só tinha a intenção de ajudar a idosa. Disse ainda que não tinha acesso às contas bancárias da mulher.

A destinatária dos valores transferidos da conta da idosa também prestou depoimento. Trata-se da cerimonialista contratada para fazer o casamento da criminosa. À polícia, a mulher contou que cobrou R$ 900 pelo serviço. Mas Susy transferiu um total de R$ 33 mil para a conta dela e pediu para a profissional retirar o dinheiro cobrado e devolver o resto. A mulher relatou que não desconfiou de nada, pois achou que a conta fosse do marido de Suzy e, por isso, não a questionou.

A cerimonialista só descobriu que a conta dela havia sido usada para movimentar o dinheiro da vítima depois da prisão de Susy.

Golpe no marido

Chamado para depor, o marido da estelionatária relatou que mantinha um relacionamento com a suspeita há cerca de dois anos. Os dois são casados no civil desde novembro e fariam a festa neste domingo, com um total de 250 convidados.

Na delegacia, ao prestar depoimento, o rapaz disse nunca ter desconfiado de qualquer atitude criminosa da mulher, mas expôs uma série de golpes sofridos por ele desde março do ano passado. O primeiro deles foi referente à venda de um carro, depois dele anunciar o veículo em um site de vendas. De acordo com ele, na época, Susy indicou um amigo para vender o automóvel e repassou a conta da mãe dela para que fosse feito o depósito. No entanto, a mulher dizia a todo momento que o dinheiro não poderia ser retirado, pois estava sendo aplicado.

O homem ainda alegou ter tido a conta bancária invadida várias vezes e ter identificado diversas compras efetuadas pela internet. A vítima chegou a ter o nome negativado e gastou R$ 6 mil com uma advogada indicada pela própria esposa. Mas, na delegacia, descobriu, pela própria advogada, que ela jamais teria o representado em alguma ação e que, na verdade, tratava-se de um golpe. 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para contato. Clique aqui e mande o e-mail.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE