Atos antidemocráticos

Empresário diz à CPI que clima no QG era parecido com o de "pentecoste"

Em depoimento à CPI da CLDF, o empresário Joveci Andrade disse aos distritais que compareceu três vezes ao QG do Exército. O empresário contou que os manifestantes também ficavam cantando o "hino nacional"

Pablo Giovanni
postado em 13/04/2023 14:02 / atualizado em 13/04/2023 14:42
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Empresário de uma rede de atacadista, Joveci Andrade disse à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que frequentou o Quartel-General do Exército três vezes e que o clima parecia o de uma celebração religiosa.

"O que a gente entendia (sobre o QG é que) era uma manifestação contra o novo governo (...) Os dias que eu fui, estava parecendo mais pentecoste. O pessoal sentado nas cadeiras, cantando o hino. Essas coisas. Foi essa visão que tive das vezes que eu fui", disse o empresário, em resposta a um questionamento do deputado distrital Gabriel Magno (PT) sobre a existência de planos golpistas.

Joveci disse que acredita ser alvo de uma investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) porque já teve o sigilo bancário e telefônico quebrado. A reportagem apurou que um relatório foi elaborado pela corporação, no qual o empresário é citado. A equipe da PCDF encaminhou o documento à Polícia Federal.

Assista:

CPI

O empresário é ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos nesta quinta-feira (13/4). Ele afirmou que foi à Esplanada dos Ministérios em 8 de janeiro. Segundo ele, chegou à Rodoviária do Plano Piloto e rumou para a Praça dos Três Poderes. "Eu saí de casa por volta das 16h, cheguei na Rodoviária às 16h20 e andei até chegar lá no ponto (dos atos), quase às 17h, quando tudo já tinha acontecido", disse.

Antes, o empresário disse que não havia ido para a Esplanada, mas foi desmentido após uma foto ser divulgada pelos distritais na qual ele aparece com uma faixa. "Eu recebi a informação que estava tendo um protesto, um movimento político. Eu falei: 'vou lá ver'. A minha mulher ainda falou para eu não ir. Ela usou aquela frase: 'eu te avisei'. Eu fui, mas fui na boa fé. Eu tirei essa foto, com duas mulheres, naquela euforia. Confesso que deveria ter ido não. Eu já sigo 90% dos conselhos (da esposa). O dia 8 faz parte dos 10%", brincou.

O empresário, então, reconheceu que ultrapassou a barreira — aquela época já desmanchada — feita pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).

Ficar em silêncio

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) concedeu um habeas corpus para o empresário não comparecer à CPI da CLDF.

A decisão, da desembargadora Diva Lucy, deu pedido favorável ao empresário. Com isso, ele também tem o direito de ficar em silêncio, caso queira. A comissão só soube da decisão judicial poucos minutos antes de iniciar o depoimento. Apesar disso, Joveci compareceu.

O empresário é alvo de uma investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), suspeito de ter financiado manifestações em prol do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele é sócio de uma rede atacadista junto a Adauto Mesquista, que será alvo da CPI em próximos depoimentos.

Calendário

- 13/4: Joveci Xavier de Andrade (empresário);
- 19/4: General Augusto Heleno (ex-chefe do GSI);
- 27/4: Coronel da PMDF Cíntia Queiroz (responsável pela reunião da elaboração do Protocolo de Ações Integradas);
- 4/5: Adauto Lúcio de Mesquita (empresário);
- 11/5: Coronel Fábio Augusto Vieira (ex-comandante geral da PMDF);
- 18/5: General Gustavo Henrique Dutra (ex-chefe do Comando Militar do Planalto);
- 25/5: Indígena José Acácio Serere Xavante.

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