INVESTIGAÇÃO

Responsável por executar chefe da gangue do "Pombal" é preso em Planaltina

Mauro de Souza foi morto com mais de nove tiros no final de março. O homem gerenciava o tráfico na região e ordenava assassinatos

Darcianne Diogo
postado em 22/04/2023 23:29 / atualizado em 23/04/2023 00:00
Mauro foi executado com mais de 9 tiros por membro de gangue que chefiava -  (crédito: Material cedido ao Correio)
Mauro foi executado com mais de 9 tiros por membro de gangue que chefiava - (crédito: Material cedido ao Correio)

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) prendeu, na noite deste sábado (22/4), o criminoso responsável por executar um traficante em Planaltina. Mauro de Souza Oliveira, apontado como o chefe da “Gangue do Pombal”, foi morto com mais de nove disparos pouco tempo depois de sair da cadeia, em 26 de março.

Arma usada por homem preso por chefia gangue do Pombal em Planaltina
Arma usada por homem preso por chefia gangue do Pombal em Planaltina (foto: PMDF/Divulgação)

O responsável por cometer o homicídio duplamente qualificado é Matheus Henrique de Castro, mais conhecido como Matheuzinho. Contra ele, havia um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça do DF. Conforme consta nos autos, Matheus também era membro da gangue chefiada por Mauro e, de acordo com as investigações, aproveitou da amizade com o traficante para matá-lo.

O crime ocorreu por volta das 23h40 da noite de 26 de março, na Quadra 10/20, no Setor Residencial Leste II, em Planaltina-DF. Mauro foi atingido com mais de nove tiros.

Na noite deste sábado, as equipes da Gtop 34 capturaram Matheus na Quadra 20 do Bairro Buritis 2. Com ele, foram encontrados uma arma de fogo calibre .12, três munições e um celular, que foi apreendido.

Gangue do Pombal

O grupo criminoso é monitorado pela polícia há pelo menos três anos. Apontado como o líder da organização criminosa, Mauro era o responsável por cooptar jovens para o esquema, ordenar assassinatos e atribuir funções a cada um para a venda de drogas. O traficante de 41 anos foi condenado pela morte de um policial militar aposentado e passou quase 12 anos detido no Complexo Penitenciário da Papuda.

Antes de ser assassinado, Mauro aterrorizou os moradores de Planaltina e deu poder aos traficantes menores para cometer crimes graves, como o homicídio de uma usuária de drogas conhecida pela comunidade. Marilândia Soares Prades comprava entorpecentes de Murilo Gomes e Nailton Sales, ambos integrantes da gangue do Pombal e encarregados da venda de crack e cocaína em um ponto conhecido como “Quina da Adidas”.

Após uma operação policial da 31ª DP, em 9 de fevereiro, Murilo e Nailton foram detidos por tráfico de drogas e Marilândia prestou depoimento como testemunha. Mas a oitiva da mulher chegou aos ouvidos de Mauro e, naquele mesmo dia, Marilândia passou a ser procurada pelos criminosos, sob a acusação de ter "entregado" os dois traficantes. À época, os policiais prenderam ainda Paulino de Souza Guedes, o Paulinho Rabiola; Carlos Alberto da Silva Santos, o Pezão; Francisco de Assis Monteiro Vilar; e José Roberto de Sousa Nascimento, o Gordinho. Todos eles integravam o núcleo da gangue.

Desde o fim de 2022, a PCDF prendeu ao menos 20 pessoas na região do Pombal. O alto número de integrantes da organização criminosa detidos fez com que Mauro agisse para dificultar o trabalho da polícia. Para ele, as ações de repressão causavam prejuízo ao grupo e baixa no fluxo da venda de crack, além da perda de "espaço". O primeiro plano traçado por Mauro foi a execução de Marilândia. Ele acreditava que a mulher agia em prol dos investigadores.

Marilândia e o namorado passaram a ser caçados pelos traficantes. Na noite de 18 de fevereiro, um grupo de homens invadiu a casa da vítima, espancou o namorado dela e ateou fogo no imóvel. Ela não estava na residência neste dia. Mas quatro dias depois, a vítima foi localizada e assassinada com uma facada no pescoço.

O homicídio foi praticado por Lucas de Jesus, o Manabú, considerado foragido. Manabú devia uma alta quantia de drogas ao chefe, Mauro, mas em troca do “perdão” da dívida, ele deveria cometer o assassinato.

A morte de Marilândia escancarou a frieza e crueldade da gangue do Pombal. A "lei do silêncio" imposta pelos traficantes deixou moradores aterrorizados e sob a custódia de Mauro. O traficante expulsava das casas quem ele achava ameaçador e que pudesse atrapalhar nos negócios do tráfico.

Até a própria mãe do traficante foi vítima de violência doméstica. A mulher relatou à polícia sofrer agressões e xingamentos constantes por parte do filho. Ela chegou a pedir medida protetiva contra Mauro, mas o criminoso a descumpriu e acabou preso.

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