Jornal Correio Braziliense

Solidariedade

Trabalhos voluntários promovem ações que transformam vidas

Instituições formadas por voluntários contribuem para levar alimento, saúde, educação e lazer à população vulnerável do DF

Um abrigo, um curso de capacitação, uma aula em praça pública ou mesmo um pão recheado com ovo podem transformar, mesmo que momentaneamente, a vida de muita gente. O trabalho solidário no Distrito Federal busca amenizar o sofrimento da população vulnerável. Em troca, os voluntários ganham a satisfação de ajudar as pessoas e contribuir para o bem coletivo.

Várias iniciativas levam refeições para pessoas em situação de rua. Geralmente, o alimento é fornecido nos horários do almoço e da janta. Entre as 19h e as 12h do dia seguinte, a maioria não tem como saciar a fome. Foi pensando nesse intervalo de estômago vazio que o projeto Pão com Ovo decidiu entrar em ação. Quinzenalmente, os voluntários percorrem as ruas do Plano Piloto, de Taguatinga e de Ceilândia para entregar comida durante a madrugada, momento em que as pessoas sem abrigo ficam menos dispersas e se reúnem para dormir em diversos pontos das cidades.

Segundo o responsável pelo projeto, Pedro Paulo Vieira, 49, são 1,6 mil pães, 100 litros de chocolate quente, 600 garrafas de 1,5 l de água e 600 pares de meias doados por mês. A distribuição de cobertores é feita o ano inteiro, principalmente nos meses mais frios. No ano passado, foram 3,5 mil cobertores entregues entre maio e dezembro. "Neste ano, a intenção é distribuir 6 mil. Cada cobertor costuma durar de 10 a 15 dias. Depois, o assistido o abandona, porque fica muito sujo ou é usado para a queima de fogueiras", explica Vieira.

Todo esse trabalho tem custos. Os cobertores, por exemplo, o projeto busca com um fornecedor de São Paulo, que cobra R$ 15 por peça. Mais informações sobre a iniciativa Pão com Ovo podem ser conferidas no perfil @paocomovodf, no Instagram, onde é possível, também, ver a chave Pix e os dados bancários para doações para o projeto. "Nosso trabalho não tem cunho religioso. Todos são bem-vindos. Nosso princípio espiritual é fazer o bem a quem precisa. O que nos une é aliviar a dor do próximo", conclui Vieira.

Hoje, 60 pessoas contribuem ativamente com o projeto, seja nas doações, na produção dos alimentos ou na distribuição.

Acervo Escola do Cerrado - A céu aberto, a Escola do Cerrado proporciona aulas e atividades como educação física
Projeto Pão com Ovo - O Pão com Ovo distribui alimentação e agasalhos no Plano Piloto, Taguatinga e Ceilândia
Projeto Pão com Ovo - O projeto Pão com Ovo leva alimento para pessoas em situação de rua do Plano Piloto, Taguatinga e Ceilândia
Minervino Júnior/CB/D.A.Press - Pacientes oncológicos que vêm a Brasília para tratamento têm apoio na Casa Ana


Educação

A Escola do Cerrado começou na ocupação que existia nas proximidades do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), despejada em 2021 pelo GDF. Antes da desocupação, um grupo de voluntárias atuava na comunidade, dando aulas a céu aberto para as crianças. Hoje, essa atividade é feita em uma praça da Vila Planalto, aos sábados, onde também foram construídos banheiros para os participantes do projeto.

Os encontros são alternados entre aulas conteudistas e as que são direcionadas para o desenvolvimento emocional, como ioga, educação física e atendimentos psicológicos em grupo. "Não substituímos a escola regular. Para participarem, as crianças devem estar devidamente matriculadas na rede de ensino, vacinadas, e as mães têm que comparecer às reuniões", destaca Isve de Freitas de Sousa, 28, psicóloga e uma das diretoras da Escola do Cerrado. 

As 25 crianças beneficiadas são do Riacho Fundo, Sobradinho, Varjão, Vila Planalto e Valparaíso (GO). A maioria morava na ocupação que existia perto do CCBB. A diretora enfatiza que os atendidos pelo projeto, que virou uma associação, vivem em situação de extrema vulnerabilidade. "Muitos precisam trabalhar para ajudar no sustento da família", conta. O transporte do local onde vivem até a Vila Planalto é custeado pelo projeto, além de alguns dos gastos emergenciais das famílias. As crianças também são levadas para passeios, experiências que ajudam no aprendizado.

A associação está em busca de patrocinadores para os lanches durante as aulas, entre outros gastos. Os interessados em colaborar podem obter mais informações no perfil @escoladocerrado e enviar mensagem pelo direct. No link da bio, é possível consultar a prestação de contas e acessar a plataforma Apoia.se, por onde são feitas as doações. 

Abrigo

As dificuldades enfrentadas no sistema público de saúde são a principal frente de atuação de Ana Maria Dutra, 60. Há 21 anos, ela começou a levar lanches solidários para os pacientes de fora que não têm condições de comprá-los enquanto aguardam atendimento no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Há 16 anos, após levar um paciente da Bahia com câncer para a unidade médica, ela ficou estarrecida com a ala oncológica do hospital.

"Todos os dias, os pacientes chegam às 6h da manhã e ficam até o final da tarde para conseguir fazer a quimioterapia. Já não bastasse o sofrimento da doença, muitos não têm dinheiro para se alimentar", indigna-se Ana, que tomou para si a missão de ajudar aqueles que estão passando por momentos tão difíceis. Há seis anos, ela inaugurou a Casa Ana, que, além de dar abrigo para pacientes oncológicos de fora do DF, oferece fisioterapia e atendimentos psicológicos gratuitos, feitos por voluntários. "Também trouxe pilates para a casa, o que ajuda nos problemas respiratórios que aumentaram muito com a pandemia."

As aulas de pilates são abertas para toda a comunidade do Recanto das Emas, onde fica a Casa Ana. A iniciativa também entrega cestas básicas aos doentes, mas ela revela que a ação tem sofrido com a escassez de doações. "Antes da pandemia, eu distribuía 150 cestas mensalmente. Hoje, esse número caiu para 48", lamenta Ana. "Estou tentando, junto ao governo, um lugar fixo para usar o dinheiro gasto com aluguéis e ajudar mais com exames e alimentação", adianta.

Ana faz um apelo: "O câncer não tira férias e tem aumentado muito os casos. Convido toda a comunidade para conhecer a casa e o projeto. Dedico minha vida a essa causa". A Casa Ana é localizada na Quadra 104, Conjunto 10, Lote 01 do Recanto das Emas. Mais informações no perfil @casa_oficial. 

Casa Azul

A Casa Azul Felipe Augusto existe há mais de 32 anos e atua no combate às desigualdades sociais no DF, com a promoção de assistência, diariamente, no contraturno escolar, para mais de duas mil crianças, jovens e famílias, por meio de atividades de incentivo à cultura, tecnologia, educação, formação profissional e esporte. Agora, a instituição está com uma novidade: a capacitação de mulheres em cursos do Senac. O objetivo é prepará-las para entrar no mercado de trabalho.

Os principais locais de atuação da organização são as comunidades de Samambaia, Riacho Fundo II, São Sebastião e Vila Telebrasília. Nesses lugares, a Casa Azul promove oficinas de artes, teatro, música, dança, informática, atividades esportivas, orientação pedagógica, entre outros. "Temos motivos de existir porque temos o objetivo de servir ao próximo. É isso que me move: transformar a vida das pessoas e fazê-las acreditar nelas mesmas. É só um empurrãozinho", defende Daise Lourenço, fundadora da casa. 

Em 6 de maio, a instituição fará uma feijoada solidária, no valor de R$ 40, no Clube da AABB, no Setor de Clubes Esportivos Sul. O encontro também vai contar com muito samba e pagode. Mais detalhes do trabalho desempenhado pela Casa Azul e as formas de auxiliar podem ser conferidas no perfil @casa.azul.felipe.augusto, no Instagram.

 

 

 

Como ajudar

As instituições disponibilizam as informações pelos perfis de Instagram

Pão com Ovo
@paocomovodf

Escola do Cerrado
@escoladocerrado

Casa Ana
@casa_oficial

Casa Azul
@casa.azul.felipe.augusto