O empresário e dono de uma rede atacadista Adauto Lúcio de Mesquita, suspeito de ter financiado atos antidemocráticos no Distrito Federal, será ouvido nesta quinta-feira (4/5) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
Natural de Unaí, Adauto é apontado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), ao lado do sócio Joveci Andrade, de ter financiado manifestações. Segundo a corporação, outdoors estampados nas rodovias de Brasília, em dezembro, que apoiaram a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), eram de autoria da dupla. Mas, para despistar, os cartazes fizeram alusão aos jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Catar.
Além disso, ambos teriam financiado o acampamento de bolsonaristas no Quartel-General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU). Vale lembrar que, a desmobilização do acampamento só ocorreu em 9 de janeiro, após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, após os atos golpistas.
Sócio
Antes da ida dele hoje à Câmara Legislativa do Distrito Federal, o sócio prestou esclarecimentos aos distritais. Aos parlamentares, Joveci negou qualquer participação de algum ato antidemocrático, mas foi desmentido pelos deputados, que apresentaram uma foto dele, com a placa no QG: "Supremo é o povo". No mesmo momento, Joveci disse que havia entendido a pergunta.
Joveci ressaltou que decidiu ir à Esplanada dos Ministérios em 8 de janeiro. De casa, pediu um motorista de aplicativo para o centro de Brasília, que o deixou às 16h20 na Rodoviária do Plano Piloto. Segundo ele, de lá rumou à Praça dos Três Poderes, já tomada pelos manifestantes.
Ele contou que não sabia que o protesto, contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teria se tornado um ato golpista. Ele também foi questionado sobre uma foto em que aparece com os dizeres: 'Não elegemos um ladrão. Fora Lula.'
"Eu andei até chegar lá no ponto (dos atos) às 17h, onde tudo havia acontecido. Não entrei no Supremo Tribunal Federal (STF), mas cheguei próximo a rampa (do Palácio do Planalto). Em qualquer tempo, a população pode pedir a retirada de um presidente, governador. Eu tirei uma foto com a faixa de um terceiro".
O empresário disse, ainda, que foi avisado pela sua própria esposa para não comparecer aos atos. Ele também ressaltou que não deveria ter ido, e que deveria ter acolhido o conselho da companheira. "Eu recebi a informação que estava tendo um protesto, um movimento político. Eu falei: 'vou lá ver'. A minha mulher ainda falou para eu não ir. Ela usou aquela frase: 'eu te avisei'. Eu fui, mas fui na boa fé. Eu tirei essa foto, com duas mulheres, naquela euforia. Confesso que não deveria ter ido. Eu já sigo 90% dos conselhos (da mulher). O dia 8 faz parte dos 10%", brincou.
Por muitas vezes, Joveci utilizou dizeres de que "não me recordo", principalmente sobre a participação em grupos de WhatsApp que pediam golpes. O empresário ressaltou que chegou a entrar em grupos porque outras pessoas o colocaram, mas não acompanhava as mensagens. "Nos grupos, imagino que sim (as pessoas o chamando para manifestações), mas não me recordo de detalhes. Ativamente eu não participava (dos grupos). Não tenho tempo para isso", explicou.
A comissão tentou explorar questionamentos sobre o financiamento, mas Joveci rechaçou que não teve participação em qualquer movimento desse tipo. Os distritais também o perguntaram sobre um relatório da PCDF que apontou ele e seu sócio como responsáveis por terem colocado outdoors em vários pontos do Distrito Federal, com mensagens em apoio à Seleção Brasileira.
O empresário rebateu e disse que não teve envolvimento. Ele deixou claro que, se a comissão pedir a quebra de sigilo bancário e telefônico para encontrar dinheiro repassado para as manifestações, a CPI não vai encontrar e " que eu (ele) me recorde, não".
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