CPI dos Atos Antidemocráticos

Heleno defende golpe de 64 e diz que ditadura "salvou" o Brasil

Declaração foi dada ao fim da CPI dos Atos Antidemocráticos. Os deputados distritais vão estudar medidas para criminalizar declarações do general

Pablo Giovanni
postado em 01/06/2023 14:33 / atualizado em 01/06/2023 14:49
 (crédito: Ed Alves/CB/DA Press)
(crédito: Ed Alves/CB/DA Press)

O general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos que o golpe de Estado de 1964 salvou o Brasil de virar um “país comunista”. O clima acabou tenso dentro da CPI entre os distritais.

“Só queria colocar a minha posição ao movimento de 1964. As coisas são vistas apenas de um lado, como sempre. O deputado acha que o movimento de 64 matou mais de mil pessoas, o que não aconteceu. Acha que o movimento foi de vingança, de ódio. Quando, o movimento de 64 salvou o Brasil de virar um país comunista. Isso não tem nenhuma dúvida. É só uma questão de ler a história do Brasil”, disse Heleno, em resposta ao deputado Gabriel Magno (PT).

“A democracia tem essa grande vantagem. Podemos ter visões contrárias (...) O senhor esquece das organizações terroristas que aconteciam na época. Muita gente do lado da revolução foi vitimada. Claro, ninguém tem orgulho desses acontecimentos, mas eles não podem ser tratados de só um lado e de uma só visão. Foram lamentáveis os acontecimentos, mas aconteceram”, completou Heleno.

Os deputados distritais da oposição reagiram imediatamente à resposta do Heleno, com gritos de “nunca mais, ditadura”. Os parlamentares afirmaram que vão estudar medidas para responsabilizar Heleno sobre as declarações.

“A ditadura não é uma questão de versão. A imprensa foi calada, o Congresso foi fechado, o Supremo também. Repudiamos a fala do senhor Heleno. É inadmissível. Ele não tem nenhuma autoridade para tentar constranger qualquer parlamentar aqui. O general veio aqui para fazer graça com a CPI”, disse Magno.

“Ele não lembra do que aconteceu há menos de seis meses, mas lembra o que aconteceu em 64. É muito seletiva a memória do senhor Heleno”, completou o petista.

Heleno ouvido na CPI

A saga entre a CPI e Heleno teve início em março, quando o general, que era convidado, informou à CPI que estaria de viagem no dia do depoimento e pediu para que a oitiva fosse antecipada. O depoimento de Heleno foi considerado importante para a comissão, que concordou.

Os distritais, então, aprovaram uma nova convocação, não só de Heleno, mas de outros dois generais. No entanto, o Exército decidiu entrar em cena e propôs um acordo com a CLDF para que essas convocações fossem transformadas em convites. Convidados não são obrigados a comparecer.

Em troca, o Exército garantiria a presença de todos os generais que fossem alvos de pedidos da CPI. O pedido do Exército teria sido encaminhado pelo comandante Tomás Miguel Ribeiro Paiva.

 

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