Atendimento

Paciente fica sem procedimento por falta de anestesista no Hospital de Base

Jhonatan Lopes Gualberto Salgado, 35 anos, sofreu um aneurisma cerebral sábado (10/6) e tinha previsão de ser operado nesta quarta-feira (14/6)

Pedro Marra
postado em 14/06/2023 22:31 / atualizado em 14/06/2023 23:49
 (crédito:  Ed Alves/CB)
(crédito: Ed Alves/CB)

O autônomo Jhonatan Lopes Gualberto Salgado, de 35 anos, sofreu um aneurisma cerebral e precisou ser internado no último sábado (10/6), no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Na manhã desta quarta-feira (14/6), ele não conseguiu passar por um procedimento que tinha sido indicado para o seu caso por falta de anestesista. Após pedir para ficar na unidade de terapia intensiva (UTI) sem sucesso, o homem conseguiu na Justiça o direito de ser transferido, mas a unidade até as 22h22 ainda não concedeu um leito.

Saúde fará 849 cirurgias em hospitais privados para reduzir fila

Hospital de Base do DF conta com novo aparelho de tomografia

Sem atendimento médico, mulher recém-operada é transferida de hospital pela PRF

Inicialmente, Jhonatan sentiu fortes dores de cabeça e deu entrada na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ceilândia. Lá, ele foi diagnosticado com crise de ansiedade e permaneceu tomando soro na veia, mas a dor não passou. Segundo a sua irmã, Nara Salgado, 30, na madrugada de sexta-feira (9/6) para sábado os médicos solicitaram uma tomografia, realizada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC).

Quando voltou à UPA, o médico que viu o resultado constatou a existência de algum problema no lado direito do cérebro do paciente. Mas como não era a especialidade dele, encaminhou Jhonatan para o Hospital de Base. Lá, passou por uma nova tomografia e uma angiotomografia, exame que mostra imagens detalhadas dos vasos sanguíneos. No HBDF, o resultado do laudo foi aneurisma cerebral.

No prontuário, a equipe médica prescreveu que ele precisava de uma transferência da semi-UTI para a UTI. Nara relatou que, nesse período, informaram que ele iria precisar fazer uma angiografia, procedimento no qual se coloca uma mola onde está vazando o sangue no cérebro, – e que, no caso do paciente, precisava ser feito com urgência. Nesse caso, não havia anestesista para realizar o trabalho, no último sábado.

Jhonatan Lopes Gualberto Salgado, 35 anos, à espera de cirurgia no Hospital de Base
Jhonatan Lopes Gualberto Salgado, 35 anos, à espera de cirurgia no Hospital de Base (foto: Arquivo pessoal)

Na conversa com os médicos, informaram que se ele tivesse outro aneurisma, poderia vir a óbito. "Um cirurgião do Base me informou que não iria passar informação porque às 19h um cirurgião neurovascular iria fazer a cirurgia. Passou uma hora do horário que esse profissional deveria conversar conosco e ele não apareceu. Uma enfermeira afirmou que o médico foi embora e dobrou a dosagem da medicação. Foi um desrespeito à humanidade”, desabafou Nara.

Por ser advogada, a irmã de Jhonatan entrou, no último domingo (11/6), com um pedido de liminar na Justiça e o juiz determinou que o hospital o encaminhasse a um leito de UTI neurológica da rede pública e ou da rede particular de saúde do Distrito Federal. Mas o hospital colocou o nome dele na lista de espera às 18h do dia seguinte.

“Ele tem tomado morfina a cada quatro horas, chora o tempo todo pedindo ‘pelo amor de Deus, me tira daqui! Eu vou morrer! Preciso operar’. Pede para vendermos tudo que a gente tem, contanto que não o deixemos morrer ali. Inclusive, estava num leito quebrado e só conseguiu trocar de leito hoje”, relatou Nara.

Nova liminar na Justiça

A irmã de Jhonatan entrou com uma outra liminar na Justiça do DF, nesta quarta-feira (14/6), pedindo a realização da angiografia, exame usado com raios-x para analisar mudanças nos vasos sanguíneos. O juiz determinou, por volta das 18h, que seja feito procedimento em um prazo máximo de 48 horas ou haverá o congelamento das contas públicas da Secretaria de Saúde do DF.

Nara contou que até descobriu um leito de UTI na rede particular, mas precisa de R$ 150 mil para dar entrada na internação e começar o tratamento. A família abriu uma vaquinha on-line (neste link) para arrecadar o valor enquanto não consegue realizar a cirurgia no hospital público.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde (SES) para se posicionar sobre o assunto, mas ainda não teve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação