ATOS ANTIDEMOCRÀTICOS

Torres revela que agentes da PF foram expulsos do QG por Exército

Ex-ministro reiterou que não era de atribuição dele a desmobilização do acampamento, mas soube que militares do Exército expulsaram agentes da PF

Carlos Silva*
Pablo Giovanni
postado em 10/08/2023 12:10
O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres presta depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A.Press)
O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres presta depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa - (crédito: Ed Alves/CB/D.A.Press)

O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, revelou que agentes da Polícia Federal, desempenhando o papel de inteligência contra o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, foram expulsos por bolsonaristas e pelos próprios militares do Exército Brasileiro.

À Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF), Torres disse que era ministro do governo Bolsonaro à época dos fatos, e que não tinha atribuições para desmobilizar o acampamento. Após ser confrontado, Torres disse que não teve acesso a esses documentos elaborados pela PF, e detalhou que soube disso assistindo à televisão”.

“Não acompanhei o que foi feito lá dentro. Investigações sigilosas não temos acesso. Mas, uma coisa delicada, é que o próprio Exército ajudou na retirada dos policiais no acampamento (...) Eles estavam fazendo levantamento dentro de investigação sigilosa. Eu não sei dizer o que eles estavam fazendo ali. Foi o que eu vi pela televisão”, disse.

Logo em seguida, Torres reiterou que não era atribuição dele acabar com o acampamento. Ele explicou que a PF, sob subordinação do Ministério da Justiça, determinou o monitoramento e a investigação dos integrantes do acampamento. “Quando eu assumi a secretaria, foi uma das primeiras medidas que tomei (desmobilizar o QG). Tive uma reunião com o general Dutra e a secretária de Desenvolvimento Social do DF (em 6 de janeiro)”, explicou.

“Nessa reunião, o general me mostrou o celular dele: ‘Anderson, olha aqui. Olha o acampamento um mês atrás, e olha agora de manhã’. Naquela sexta, os acampamentos estavam quase desmobilizados. Muitas pessoas que estavam ali (eram) moradores de rua. Foi por isso que ele pediu para convidar a secretária (Ana Marra, secretária da Sedes)”, reforçou.

  • O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres presta depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa Ed Alves/CB/D.A.Press
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Depoimento

O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres é ouvido hoje, às 10h, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF). Torres ficou preso 117 dias. Detido em 14 de janeiro, foi solto em 11 de maio, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Existia um clima de incerteza sobre o comparecimento ou não do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), mas a defesa confirmou a presença dele na sessão da CPI de hoje, principalmente após a performance avaliada como positiva no depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, do Congresso Nacional. Antes do tão aguardado depoimento, Torres deixou de ir à CPI da CLDF uma vez, em março. Na época, Moraes ressaltou que cabia ao próprio ex-secretário escolher se deveria ou não comparecer.

Para convencê-lo, os distritais chegaram a propor uma sessão secreta, para que fosse evitada a exposição dele, principalmente porque Torres se queixava a interlocutores de que não queria que as três filhas o vissem na condição de preso. O período também ficou marcado por Torres tentar se desvencilhar de Bolsonaro, trocando de advogado, que, à época, também era do próprio ex-presidente.

Estagiário sob supervisão de Adriana Bernardes*

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