O ex-ministro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, reiterou que não soube dos alertas de inteligência da secretaria, mas exaltou que o protocolo de segurança elaborado às vésperas do 8 de janeiro, caso fosse cumprido, seria suficiente para inibir o avanço dos manifestantes e a invasão aos prédios dos Três Poderes.
Torres é ouvido nesta quinta-feira (10/8) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF). O ex-ministro relatou que não sabe o porque de não haver uma classificação de risco no Protocolo de Ações Integradas (PAI) referente ao fim de semana do 8 de janeiro. Manifestações do público LGBTQIA+, em 2022, tinha análise de risco. “Não tive acesso a esse relatório, mas volto a dizer que o PAI, principalmente pelas informações que tinham na sexta-feira (6 de janeiro), era suficiente porque o relatório apontava baixa adesão. Com baixa adesão, o PAI é perfeitamente cabível e adequado para aquela manifestação”, disse.
“Eu acho que não prejudicou em absolutamente nada (a falta de classificação sobre o 8 de janeiro). Desconheço porque foi feito dessa forma, sem a classificação. Eu corroborei (com a elaboração do PAI). Eu só aprovo. (Eu) Não ajudo na elaboração (...) As providências gerais que estão nesse PAI (do 8 de janeiro), se elas fossem se adequando, como citei ele é um organismo vivo, os fatos não teriam acontecido”, completou Torres, ao deputado distrital Fabio Felix (PSol).
Antes, o ex-secretário disse que a ação da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) no 8 de janeiro é o ponto-chave para desvendar o que ocorreu para ter ocasionado a falha de segurança da Esplanada. Ao presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), o ex-ministro de Bolsonaro reforçou que a falha tem que ser “apurada”.
Depoimento
O depoimento do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres começou às 10h, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF). Torres ficou preso de 14 de janeiro a 11 de maio, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Existia um clima de incerteza sobre o comparecimento ou não do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), mas a defesa confirmou a presença dele na sessão da CPI de hoje, principalmente após a performance positiva de Torres no depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, do Congresso Nacional. Antes do tão aguardado depoimento, Torres deixou de ir à CPI da CLDF uma vez, em março. Na época, Moraes ressaltou que cabia ao próprio ex-secretário escolher se deveria ou não comparecer.
Para convencê-lo, os distritais chegaram a propor uma sessão secreta, para que fosse evitada a exposição dele, principalmente porque Torres se queixava a interlocutores de que não queria que as três filhas o vissem na condição de preso. O período também ficou marcado por Torres tentar se desvencilhar de Bolsonaro, trocando de advogado, que, à época, também era do próprio ex-presidente.
*Estagiário sob a supervisão de Adriana Bernardes.
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