Preconceito

Vídeo: síndica zomba de pessoas com TEA e revolta moradores de condomínio

O vídeo foi postado nas redes sociais da empresa de Flávia Lima, síndica do prédio. Segundo uma das moradoras, a piada fez referência à condição de sua filha, que é uma criança autista

Funcionária e síndica debocham de pessoas com autismo -  (crédito: Material cedido ao Correio)
Funcionária e síndica debocham de pessoas com autismo - (crédito: Material cedido ao Correio)
Letícia Mouhamad
postado em 30/08/2023 10:31

Na última sexta-feira (25/8), um vídeo filmado por funcionários do Condomínio Total Ville Pitangueiras, em Valparaíso, gerou revolta entre os moradores do prédio. Na gravação, postada nas redes sociais da empresa de Flávia Lima, síndica do condomínio, ela e mais duas pessoas fazem piada com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A atitude foi, para a autônoma e condômina Diele Paulino, 32 anos, uma ofensa direta a sua família, dado que a filha, de 8 anos, convive com autismo e os desentendimentos com a síndica já ocorriam há alguns meses. Minutos antes do vídeo ser compartilhado nas redes, a moradora havia feito uma reclamação da profissional à administração do condomínio.

Segundo Diele, desde que os moradores iniciaram um abaixo assinado para retirar Flávia do cargo de síndica, por não estarem aprovando o seu trabalho, começaram a ocorrer atitudes desrespeitosas por parte dela e dos seus funcionários. “Passaram a dar ordens abusivas”, comentou.

“Nas reuniões de condomínio, sempre a questionei muito, mas mantinha o respeito. Quando os vi debochando da minha filha, que é uma criança, fui pega se surpresa e me senti angustiada, pois é uma ofensa muito grande”, disse a condômina. “Todos os moradores estão revoltados, tamanha a falta de respeito”, complementou.

No vídeo, uma funcionária de Flávia diz: "eu deito no chão, porque sou autista, me sinto mais segura", enquanto a síndica ri, em tom de deboche. 

 

Diele fez um boletim de ocorrência contra Flávia, com base no art. 88, do Estatuto da Pessoa com Deficiência, que prevê que praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência é crime, com pena de 1 a 3 anos de reclusão e multa.

“Minha expectativa é que a justiça seja feita e que isso não aconteça com mais nenhuma criança com alguma necessidade especial. Espero que elas aprendam a viver a inclusão”, declarou a moradora.

Procurada pelo Correio, Flávia Lima, síndica do condomínio, se manifestou por meio de uma nota, na qual se desculpa e afirma que não teve a intenção de constranger famílias que possuem entes com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“Não tenho a intenção de alimentar qualquer tipo de preconceito, a administração do condomínio não compactua com nenhuma forma de intolerância e cumpre ressaltar que esta gestão já realiza campanhas educativas. E para reforçar o meu compromisso como gestora que preza pelo respeito ao ser humano, promoverei campanha de luta contra o capacitismo”, disse, em nota.

 

Nota compartilhada pela síndica, Flávia Lima
Nota compartilhada pela síndica, Flávia Lima (foto: Material cedido ao Correio)

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