Atos antidemocráticos

Algoz de Zambelli, CPI do DF ouve hacker Delgatti hoje (14/9); acompanhe

Delgatti prestará depoimento por videoconferência direto da cadeia. Ele está detido em um presídio de Araraquara, interior de São Paulo

Delgatti está preso em um presídio de Araraquara, no interior de São Paulo. Delgatti é conhecido por ter dado origem à chamada
Delgatti está preso em um presídio de Araraquara, no interior de São Paulo. Delgatti é conhecido por ter dado origem à chamada "Vaza-Jato" - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
Pablo Giovanni
postado em 14/09/2023 10:11 / atualizado em 14/09/2023 10:15

O hacker Walter Delgatti, conhecido por ter dado origem à chamada “Vaza-Jato”, prestará depoimento na manhã desta quinta-feira (14/9) por videoconferência à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF).

Delgatti está preso em um presídio de Araraquara, no interior de São Paulo. Ele chegou a negociar com a CPI para depor presencialmente, solicitando que fosse paga a passagem e hospedagem dele e dos advogados em Brasília. A CPI topou, mas os altos valores das viagens fizeram com que, inicialmente, o depoimento fosse cancelado.

No entanto, na noite de ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou que Delgatti fale por videoconferência. Na ocasião, o presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), afirmou ao Correio que a oitiva iria acontecer. “O depoimento do Delgatti vai acontecer amanhã. Ele falará por videoconferência lá do presídio, e nós estamos no plenário da Casa para perguntar sobre os temas em que ele é investigado”, disse, à reportagem.

Ele foi preso em 2 de agosto, nos desdobramentos da investigação que apura a inserção de alvarás de soltura e mandados de prisão falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), incluindo um mandado de prisão falso contra Moraes.

Apura-se, ainda, ligações entre Delgatti e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), numa trama que tinha como objetivo gerar dúvidas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas, na última eleição. A parlamentar nega as acusações, o que gerou embate entre os dois — principalmente durante o depoimento do hacker à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas.

Quem é o hacker

Delgatti Neto ficou conhecido por hackear trocas de mensagens do ex-juiz da Operação Lava Jato Sérgio Moro (União-PR), hoje senador, e do ex-procurador da República e deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR). Essa é a terceira vez que ele está detido.

Segundo a Polícia Federal, a ofensiva investiga crimes que ocorreram entre 4 e 6 de janeiro, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. Na ocasião, a PF fez buscas em endereços ligados à Zambelli

Com codinome Vermelho, Delgatti já havia sido preso, em julho de 2019, na Operação Spoofing. À época, ele admitiu aos investigadores ter hackeado o celular de diversas autoridades do país. O hacker também afirmou que repassou o conteúdo das supostas mensagens entre Moro e Dallagnol ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, sem cobrar contrapartidas financeiras para repassar os dados.

As conversas mostrariam que Moro teria orientado investigações da Lava Jato ao sugerir mudança da ordem de fases da operação, dar conselhos, fornecer pistas e antecipar uma decisão a Dallagnol. Os membros da Lava-Jato nunca reconheceram a autenticidade das mensagens. Entretanto, o conteúdo foi utilizado como fundamento para a 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba anular todas as decisões tomadas por Moro contra o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, por exemplo.

Além disso, os arquivos obtidos à época pela Operação Spoofing foram usados pela defesa do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na decisão do STF que considerou Moro suspeito para julgar o petista — o julgamento foi em 2021. Nesse caso, Delgatti foi condenado, no mês passado, pela 13ª Vara Federal de Brasília, a 20 anos de prisão e multa.

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