HOMICÍDIO

Justiça aceita denúncia e torna réu pai que matou o filho no DF

Denúncia apresentada pelo MP foi aceita pela Justiça. Agora, Wagner Pereira da Silva, acusado de matar o filho no Paranoá, responderá pelo crime

A Justiça aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e tornou réu Wagner Pereira da Silva, de 37 anos, acusado de matar o próprio filho, de dois anos, em 17 de outubro. O pequeno Cássio da Silva Pereira foi espancado e morto dentro da quitinete na qual a família vivia, no Paranoá, região administrativa do Distrito Federal.

A denúncia foi aceita pelo juiz Idúlio Teixeira da Silva em 27 de outubro, no âmbito do processo que corre no Tribunal de Júri do Paranoá. De acordo com um laudo da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), anexado na denúncia do MP, a criança teve hemorragia e rompimento do pâncreas, seguida de choque hipovolêmico (situação de emergência decorrente da perda de grande quantidade de líquidos e sangue) em decorrência de agressões no abdômen causadas pelo próprio pai.

O menino apresentava ainda dois ferimentos na região dos olhos, além de várias marcas de violência pelo corpo. O Correio antecipou a identidade de Wagner Pereira, que foi preso após confessar o crime na delegacia. A criança morava com os pais na quadra 17, do conjunto B, no Paranoá.

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) foi acionado e, quando chegou no local, constatou o óbito. De acordo com relatos de uma vizinha da família, eram constantes o choro do menino, além de gritos com pedidos de ajuda e socorro em situações em que aparentava estar sofrendo algum tipo de agressão.

De acordo com o delegado-adjunto da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), Bruno Cunha Carvalho, a perícia identificou a existência de múltiplas lesões no corpo da criança. A mãe do menino, Patrícia Viriato da Silva, 25, está grávida de oito meses e afirmou aos investigadores que tanto ela, quanto o filho morto, sofriam agressões constantes por parte de Wagner.

Agressões

A mãe da criança disse aos investigadores que o marido agredia o filho porque a criança tinha problemas psicológicos. Também revelou que ele tinha a intenção de punir alguma eventual desobediência do menino, mas ela o impedia. Porém, reiterou aos delegados que tinha medo de Wagner, porque queria manter o casamento. Patrícia chegou a registrar um boletim de ocorrência, com base na Lei Maria da Penha — mas retirou a queixa logo em seguida.

Conforme Patrícia relatou, no dia crime, ela saiu de casa, por volta das 6h, e foi até a Universidade de Brasília (UnB), onde cursa ciências sociais. A mulher disse ter deixado o filho bem em casa, mas, por volta de 7h30, recebeu mensagem de texto do marido informando que a criança passava mal. Ao retornar de imediato para casa, percebeu que o garoto estava morto e acionou o Corpo de Bombeiros.

Oitiva na delegacia

O delegado disse que o pai confessou, durante oitiva, que agrediu a criança em outras ocasiões. Naquele dia, ele contou aos investigadores que bateu no filho com tapas no rosto e na região do abdômen. De acordo com o delegado, Wagner não demonstrou nenhum tipo de reação na hora do interrogatório, nem qualquer tipo de sentimento.

"É uma pessoa que não apresenta qualquer sinal de arrependimento ou remorso. Confirmou que agrediu o filho na noite anterior. Diante das declarações, ele foi indiciado por homicídio qualificado, tortura, motivo fútil e redução da capacidade de resistência da vítima e está a disposição da Justiça. Se condenado, pode pegar uma pena de 12 a 30 anos de prisão", afirmou.

"Seguimos com as investigações para apurar se a mãe tem participação no ocorrido, ainda que de forma omissiva, e só então poderemos falar em indiciamento. No momento não há argumento ou prova para fazermos um flagrante contra ela", pontuou o adjunto da 6ª DP.

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