Nove ondas de calor atingiram o Brasil ao longo dos 12 meses de 2023. Este foi considerado o ano mais quente em 125 mil anos, segundo cálculos de pesquisadores europeus do Observatório Copernicus, com dados do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, organismo internacional.
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Estudos da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) indicam que a exposição prolongada ao calor provoca um aumento de inflamações no corpo humano, afetando, principalmente, crianças, idosos, gestantes. Pessoas com obesidade, dermatite atópica e doenças respiratórias crônicas podem ter esses males agravados. E a situação é ainda pior para quem sofrer de asma e de rinite.
Diego Freitas, 19 anos, tem perdido noites de sono por conta da rinite, que piora quando o tempo fica mais seco. Para tentar resolver o problema diz que toma xarope, mas isso não é suficiente. "O nariz está sempre escorrendo, às vezes muito seco. Eu só consigo dormir por conta do medicamento, pois ele dá sono. Acordo várias vezes na madrugada para aplicar soro no nariz e melhorar a respiração", relata.
"O calor excessivo altera o funcionamento do sistema imune inato. Assim, favorece a ocorrência de infecções", explica o pneumologista Alfredo Santana. "Em períodos de onda de calor, aumentam os casos de bronquite, pneumonia, rinossinusite, e infarto", acrescenta.
Quanto mais alta a temperatura, maior o risco para o sistema circulatório. Para Nalvaguiar Rodrigues, 45, enfrentar as ondas de calor não é fácil por causa da hipertensão. Nesses períodos, é comum ela passar mal. "Tenho sentido bastante cansaço. Costumo vir de casa para o trabalho às 11h. É uma caminhada curta, mas, às vezes, fico muito fraca", relata.
De acordo com a Asbai, quando os termômetros ultrapassam os 36°C, e especialmente os 38°C, ocorre uma redução abrupta na velocidade das reações químicas do corpo humano, que impacta a função de enzimas fundamentais para o metabolismo. Isso resulta na diminuição do processamento de proteínas e açúcares, essenciais para a obtenção de nutrientes e energia.
Santana alerta para cuidados a grupos de saúde específicos. "Pacientes que necessitam de restrição hídrica, como quem tem doenças renais, faz hemodiálise, ou tem coração inchado, por exemplo, devem manter a restrição hídrica e conversar com seu médico."
Quando o corpo humano se expõe prolongadamente ao calor, o organismo pode perder a capacidade de regular o seu resfriamento de forma adequada. "O organismo regula a temperatura corporal principalmente por meio do sistema de suor e vasodilatação. Durante ondas de calor, as glândulas sudoríparas liberam suor, que evapora da pele, dissipando o calor. E os vasos sanguíneos se dilatam para aumentar o fluxo sanguíneo, ajudando a dissipar o calor interno", destaca Stênio Ponte, médico otorrinolaringologista.
*Estagiário sob a supervisão de Manuel Martínez
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