O corpo de Gabriela Rosa, 27 anos, foi velado na tarde desta quarta-feira (31/1), no Cemitério do Gama. A jovem morreu após sofrer um mal súbito no Teste de Aptidão Física (TAF), uma das etapas para ingressar na Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). A cerimônia fúnebre foi tomada de emoção, com a presença de familiares, amigos e agentes da PMDF, que também compareceram à despedida.
“Ela tinha muita vontade de ser PM, principalmente por ser a mesma carreira do noivo. Era de uma família muito íntegra. Eu tinha muito orgulho dela. Mas o grande sonho dela mesmo era se casar. O casal já estava pensando nos preparativos para o casamento”, lamenta Rodrigo André, 44, tio da finada.
Gabriela era formada em direito e já tinha passado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Antes de ser aprovada na prova da PMDF, ano passado, a jovem havia assumido cargo público em Nerópolis (GO). “Não é porque era minha sobrinha, mas ela sempre fez tudo muito certo”, observa o tio.
Gabriela Rosa nasceu em 24 de dezembro e Rodrigo lembra que ela uma vez relatou que nunca tinha tido uma festa de aniversário, por conta das festividades do Natal. Em dezembro de 2023, alguns dias antes da data, amigos e familiares proporcionaram uma festa surpresa de aniversário para a jovem, a primeira e última antes do ocorrido no início desta semana. A festa foi na casa de Rodrigo, que registrou o momento em que a jovem se emocionou com a surpresa.
Mal súbito
O Teste de Aptidão Física TAF) ao qual Gabriela foi submetida ocorreu no domingo (28/1). A prova física, que antecede o curso de formação, é uma das etapas de avaliação exigidas, após a aprovação no concurso da corporação. O tio de Gabriela, Rodrigo André, acompanhou a sobrinha até a Unidade de Pronto Atendimento do Gama, onde ele e os outros familiares foram informados pelo médico de que a jovem precisava passar por uma tomografia urgente, por volta das 2h30 da manhã. Eles também receberam a notícias de que havia leito de UTI disponível no Hospital de Base, mas que não havia ambulância disponível no momento, no Distrito Federal.
Rodrigo conta que Gabriela chegou à unidade com a pressão arterial cinco por três e a saturação do sangue estava em 68. Os familiares foram aconselhados a achar outra forma de levá-la para o hospital, onde os exames necessários poderiam ser feitos. Uma ambulância foi aparecer por volta das 11h30 da manhã de segunda-feira, mas o quadro de Gabriela havia piorado, o que impossibilitava de ser transportada. Às 13h, os familiares conseguiram transferir para o Hospital Daher, no Lago Sul, mas Gabriela não resistiu e teve óbito declarado por volta das 19h45.
Primo da finada, Otávio Rodrigues, 56 anos, é policial militar da reserva. Ele conta que é comum pessoas passarem mal nos testes físicos da corporação. “Além do esforço excessivo, também tem a tensão. O candidato já vem de um estresse emocional muito grande do concurso. Junta todos os fatores e acaba culminando nessa fatalidade”, avalia.
Para o pai de Gabriela, Hélio Gontijo, a responsabilidade do ocorrido é da organização do concurso. “Eles deveriam ter uma UTI móvel, médicos e um helicóptero disponível. É um exame físico que vai desgastar o candidato, que vai dar o máximo, pois estudou muito para aquilo”, recorda.
Investigação
O delegado-chefe da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), Wisllei Salomão, afirmou que as diligências estão apurando as circunstâncias e a causa da morte da jovem. No momento, é aguardado o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML). “Vamos apurar o histórico médico dela”, disse.
Em nota enviada ao Correio, o Instituto AOCP, banca organizadora, informou que uma das regras do edital do concurso público para a realização dos testes físicos é a obrigatoriedade da apresentação do atestado médico que comprove aptidão para realizar esforços contidos na etapa.
Ainda de acordo com o Instituto AOCP, Gabriela apresentou o atestado assinado por um médico cardiologista de Samambaia Norte, que a declarou apta para o teste físico. O instituto afirmou que ela foi imediatamente atendida pela equipe médica que acompanhava a etapa, que realizou o atendimento de emergência e a transportou totalmente assistida até uma unidade de saúde, onde foi devidamente hospitalizada, com a liberação da equipe.
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