Agricultura

Instituições de pesquisa mostram avanços na produção agropecuária

Embrapa e Emater apresentam a visitantes da AgroBrasília inovações na agricultura que preservam o meio ambiente

Camargo:
Camargo: "Na mesma área onde eram colhidas três toneladas de soja podem ser colhidas até nove" - (crédito: Letícia Guedes)

Mais do que um espaço para fazer negócios, a AgroBrasília ajuda a promover e divulgar informações e conhecimentos aos profissionais da agroindústria e ao público em geral que a visitam, no PAD-DF do Paranoá. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é uma das instituições científicas que apresenta inovações voltadas ao desenvolvimento agropecuário e à produção de alimentos. Para este ano, a empresa — que coordena 97 programas de melhoramento genético — mostra variedades de soja adaptadas ao Cerrado e geneticamente melhoradas, por exemplo.

Além de variações mais produtivas do grão, que exigem menos tempo de cultivo e são mais resistentes a pragas, é possível encontrar grande gama de inovações. Está em exposição, no evento, um sistema de produção do trigo tropical, avanço que promete recordes em produtividade desse cereal comum em zonas do planeta com temperaturas inferiores às do Centro-Oeste. A Embrapa também expõe grãos de milho e de feijão que foram aprimorados para oferecer facilidades a seus produtores.

O chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, Fábio Faleiro, diz que o laboratório de sementes, onde se pesquisa como adaptá-las ao clima e solo do Cerrado, existe desde 1976. "A Embrapa coordena programas de melhoramento genéticos, de vários tipos de cultura, como hortaliças, grãos e frutas. É um conjunto de programas que desenvolvem variedades geneticamente superiores para disponibilizar aos agricultores", explica.

Faleiro cita o pequi sem espinhos, o açaí e o mirtilo como casos de sucesso. O plantio dessas culturas chegou ao Centro-Oeste há pouco tempo, relativamente, e já estão sendo produzidas em escala comercial. "A gente tem um trabalho chamado de tropicalização das frutas temperadas. Com a união da ciência e tecnologia, atualmente, é possível produzir, por exemplo, maçã e pera na região do Vale do São Francisco, no semiárido. Há também a oliveira, que nós estamos estudando para desenvolver um sistema de reprodução para o Cerrado. A ciência e a tecnologia estão evoluindo bastante para que seja possível produzir frutas temperadas em ambientes tropicais e vice versa", detalha.

Ele ressalta que o processo de pesquisa é contínuo. As chamadas sementes do futuro são estudadas de maneira interminável, visto que, comumente, surgem novas pragas e adversidades que precisam ser combatidas. No caso da adequação das sementes ao Cerrado, Faleiro comenta que, até torná-las 100% ajustadas, é possível que o estudo dure pelo menos 10 anos. No entanto, há casos em que a planta acaba se adaptando e se desenvolvendo com sucesso, mesmo que eventuais intervenções genéticas pelos pesquisadores não tenham sido concluídas, como é o caso do açaí.

Produção otimizada

Felipe Camargo, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) e coordenador de fruticultura, diz que na edição deste ano da AgroBrasília um dos principais objetivos da instituição é apresentar a prática de cultivos sustentáveis. "Na fruticultura, a gente tem abordado alternativas de plantio e diversificação de renda por meio do cultivo da fruta. Isso possibilita que o produtor tire o melhor proveito da área. A pitaia, por exemplo, é uma cultura que não ocupa tanto espaço, e que tem uma rentabilidade muito boa", explicou.

Camargo ensina que, no mundo dos grãos, a produção por terreno tem avançado nos últimos tempos, o que é consequência de pesquisas, recuperação de solos e adesão às alternativas de adubação agroecológicas. "Essas alternativas fazem com que numa área onde eram colhidas três toneladas de soja passem a ser obtidas seis e até nove toneladas. É uma questão de pesquisa sobre os grãos e manejo da  terra para que se produza cada vez mais em uma mesma área sem precisar avançar sobre novos espaços, o que, às vezes, pode representar derrubadas de árvores e situações nesse sentido", destaca.

Na exposição, a Emater-DF apresenta desde a criação de animais ao plantio de culturas para alimentação. Na área das hortaliças, o objetivo da entidade é conscientizar sobre o uso racional da água, incentivando a automatização de sistemas. Sobre frutas, a empresa apresenta as que se adaptaram bem ao Cerrado, como a pitaia e o mirtilo. E na área da criação de animais e aves, mostrará ser possível produzir mais em espaços menores.

A última oportunidade para aproveitar a 15ª edição da AgroBrasília é este sábado (24/5) até as 18h.

Serviço

 

Data: terça-feira a sábado, de 21 a 25 de maio

Horário: 8h30 às 18h

Local: Parque Tecnológico Ivaldo Cenci — AgroBrasília, BR 251 km 5 — PAD-DF

Entrada franca 

  • Faleiro citou o pequi sem espinhos, o açaí e o mirtilo como estudos que têm obtido sucesso
    Faleiro citou o pequi sem espinhos, o açaí e o mirtilo como estudos que têm obtido sucesso Foto: Letícia Guedes
  • Apesar de ainda não estarem 100% adaptados ao cerrado, o açaí e o mirtilo já estão sendo produzidos e comercializados por alguns produtores do DF
    Apesar de ainda não estarem 100% adaptados ao cerrado, o açaí e o mirtilo já estão sendo produzidos e comercializados por alguns produtores do DF Foto: Letícia Guedes
  • Apesar de ainda não estarem 100% adaptados ao cerrado, o açaí e o mirtilo já estão sendo produzidos e comercializados por alguns produtores do DF
    Apesar de ainda não estarem 100% adaptados ao cerrado, o açaí e o mirtilo já estão sendo produzidos e comercializados por alguns produtores do DF Foto: Letícia Guedes
  • A pitaia, por exemplo, é uma cultura que não ocupa tanto espaço, e que tem uma rentabilidade muito boa
    A pitaia, por exemplo, é uma cultura que não ocupa tanto espaço, e que tem uma rentabilidade muito boa Foto: Letícia Guedes
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postado em 25/05/2024 06:00