A Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) investiga se Grazielly da Silva Barbosa usou, de forma ilegal, o carimbo de uma médica que atua no serviços de saúde pública de Goiânia. A receita, com a assinatura da profissional, que trabalha em uma unidade hospitalar da capital goiana, foi passada à influencer Aline Ferreira, 33 anos, logo após o procedimento que lhe causaria a morte. Ela morreu em decorrência, supostamente, a uma aplicação da substância chamada PMMA (polimetilmetacrilato).
O Correio teve acesso ao documentou entregue por Grazielly, com os medicamentos que Aline deveria tomar logo após o procedimento. Entre eles, estão a amoxicilina, o anti-inflamatório prednisolona, nebacetin (para infecções) e xarelto (evita trombose). Na parte superior da receita, consta uma assinatura, gravada em carimbo, que não pertence à Grazielly. O registro é de Eny Cristina da Cunha Godinho, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria. Segundo declarações dadas a agentes que investivam o caso, ela assegurou que não tem vínculos com Grazielly e desconhecia a falsificação.
Grazielly está presa, preventivamente, na Casa de Prisão Provisória de Goiânia. Segundo as investigações, ela não tem qualquer formação na área da saúde e, portanto, não poderia aplicar nenhum tipo de substância injetável na paciente. À polícia, a investigada disse que cursou três períodos de medicina em uma faculdade do Paraguai, mas trancou a graduação. Nas redes sociais, ela se apresentava como biomédica, mas não apresentou qualquer documento que comprove haver passado algum perído em faculdades da área. Além disso, afirmou haver feito cursos "livres", apesar de que tampouco apresentou diplomas ou certificados dessas especializações.
Julianna Andrade, advogada que representa a família de Aline, afirmou que isso é apenas a "ponta do iceberg" para uma série de irregularidades contra a falsa biomédica. "A venda do PMMA é controlado, tem lote e número de série. Nós temos as etiquetas dos produtos que a Grazielle afirma que aplicou na Aline. Se, de fato, ela tiver aplicado o produto, a polícia vai descobrir quem foi o médico que comprou. Além do fato de que ela não aplicava só PMMA, mas vários outros procedimentos que são inerentes de médicos, dentistas, enfermeiros e farmacêuticos", afirmou.
Desconhecimento
Aline Ferreira em nenhum momento foi informada a respeito da formação acadêmica de Grazielly nem sobre os riscos que a intervenção traria, segundo esclarecido pela delegada-adjunta da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon), Débora Melo. "Pelo contrário, a autuada garantiu (à vítima) ser algo tranquilo, simples e que tinha feito em outras pacientes", disse a policial.
Ainda de acordo com Débora, a falsa biomédica não fazia questão de submeter os pacientes a uma avaliação prévia. Os interessados nos procedimentos faziam a intervenção estética e eram liberados. Os investigadores não encontraram qualquer tipo de prontuário na clínica da acusada.
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