furto

Cerca de 2 mil brasilienses foram flagrados fazendo "gato" na rede elétrica do DF

Neoenergia revela que a descoberta dos gatos e a regularização resultaram em um resgate de R$ 2,8 milhões de ICMS que deixariam de ser arrecadados com o furto de energia

Até junho deste ano, 7.122 clientes foram prejudicados -  (crédito: Material cedido ao Correio)
Até junho deste ano, 7.122 clientes foram prejudicados - (crédito: Material cedido ao Correio)

Mais de 2 mil brasilienses fizeram ligações clandestinas na rede elétrica do Distrito Federal em 2024. O relatório inédito da Neoenergia mostra ainda que a descoberta dos gatos e a regularização resultaram em um resgate de R$ 2,8 milhões relativos ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que deixariam de ser arrecadados com o consumo irregular de energia.

Os gatos foram responsáveis pelo furto de 86 milhões de kWh de energia em 2024, um aumento de quase 25%, comparado aos 68 milhões de kWh resgatados em 2023. Esse montante é suficiente para abastecer os moradores de Samambaia por um mês inteiro. As regiões administrativas que mais registram o crime são Ceilândia e Taguatinga.

De acordo com a Neoenergia, até junho deste ano, 7.122 clientes foram prejudicados pelos furtos de energia. George Denner, gerente da empresa, diz que 60% dos deles são encontrados na classe residencial, 30% em classes comerciais e os outros 10% são dispersos. “O desafio que temos aqui, são esses grandes consumidores que por vezes são reincidentes. A gente acompanha em tempo real esses clientes comerciais, então conseguimos ver a variação do consumo deles em tempo real”, explica.

Segundo George Denner, no ano passado, foram registradas mais de 350 ocorrências de falta de energia devido a interferência de terceiros ou devido à ligação clandestina. “O cliente, quando ele é reincidente, colocamos uma medição blindada, ou seja, uma medição encapsulada que ninguém consegue acessar. Ela fica lá em cima do poste e isso dificulta qualquer tipo de intervenção daqueles reincidentes”, diz George Denner.

Com o maior número de denúncias, a Neoenergia intensificou as buscas, ocasionando em um resultado maior nos últimos anos. Para comprovar o crime, são utilizadas tecnologias, como drones, georreferenciamento e inteligência artificial, além de uma parceria que existe com as forças de segurança do DF.

Apenas no primeiro trimestre deste ano, as operações da Neoenergia Brasília possibilitaram a recuperação de mais de R$ 200 mil em tributos para o governo. O trabalho de campo abrange residências, estabelecimentos comerciais, industriais e propriedades rurais. Além de aumentar o preço das contas, fazer gato traz riscos à segurança dos envolvidos, podendo gerar choques elétricos, curtos-circuitos, incêndios e explosão de transformadores.

O furto de energia sobrecarrega a rede elétrica com uma carga que não era esperada pelos fabricantes, podendo comprometer a qualidade do fornecimento e causar interrupções. Além disso, existe o perigo para os profissionais do setor elétrico também. As equipes que atuam nas manutenções da rede elétrica podem ser surpreendidas por instalações clandestinas e improvisadas, o que coloca suas vidas em perigo durante o trabalho, sendo mais um motivo de reflexão antes dos moradores realizarem o furto.

George afirma que uma parcela da população não entendeu ainda que o furto de energia é crime, e que traz consequências para a segurança da população. Ele fala que esse é um dos maiores desafios que a empresa enfrenta “No final das contas, todo mundo paga”, adverte. O gerente também confirma que existe um monitoramento das contas de energia, e quando ocorre uma redução brusca do valor, em meses consecutivos, eles investigam o motivo.

Para o gerente, existem cinco pontos principais para denunciar possíveis furtos de energia: a segurança da população, por ser um risco associado à todos os moradores; financeiro, pois os demais brasilienses pagam a conta; a concorrência desleal, principalmente em classe comercial, que fraudam as contas; o recolhimento de imposto, que pode ser reinvestido em serviços públicos essenciais; e por ser crime, motivo de esquecimento de muitos que realizam o serviço.

 

Como denunciar

Segundo o artigo 155 do Código Penal Brasileiro, o desvio de energia elétrica se encaixa em crime de furto. A pena para os indiciados é de reclusão de 1 a 4 anos, mais multa. A penalidade pode ser aumentada caso haja furto qualificado ou circunstâncias agravantes. As denúncias podem ser feitas, de forma anônima, nos canais de atendimento da Neoenergia, por meio do telefone 116, ou presencialmente, em uma das lojas da distribuidora.

Além de ser crime:

O furto de energia pode ocasionar em Choques elétricos, curtos-circuitos, incêndios, sobrecarga da rede elétrica, prejuízo à qualidade de energia, riscos para os profissionais do setor elétrico e o custo das contas aumentarem para os consumidores que estão regulares. Além disso, pode ocasionar em um acidente fatal, que tome a vida de quem está 100% correto com a lei.

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postado em 17/07/2025 09:35 / atualizado em 17/07/2025 09:35
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