
O esporte inequivocamente nos presenteia com histórias de superação. Nossos atletas nas mais diversas modalidades não nos deixam mentir. Ginastas, jogadores de futebol e de vôlei, mesatenistas, velejadores, maratonistas e corredores, para citar apenas alguns exemplos.
Fico sempre intrigada para entender como surgiu aquela faísca que os fez escolher esta ou aquela modalidade, pois, diante de uma carreira curta — uma vez que o esforço físico prolongado exige muito da juventude dos corpos —, a decisão geralmente precisa ocorrer já na infância. Para quem tem um exemplo em casa, seguir a carreira do pai, mãe ou avô pode ser mais natural, mas e quem está distante do mundo dos esportes?
Como mãe de meninas, fico sempre vigilante para perceber se não estamos deixando de mostrar a elas a importância dos esportes. Nesta semana das crianças, caprichamos na preparação para os jogos escolares, justamente para garantir que o espírito esportivo e mesmo a competitividade estejam ali presentes — respeitando sempre o fairplay, é claro. Também incentivo que torçam por times de futebol, mesmo que o meu seja diferente do clube do pai. Mas o toque de rivalidade não é empecilho, pelo contrário, apenas um ingrediente a mais na dinâmica familiar.
Neste ano, para celebrar o Dia das Crianças, as duas participaram da Marotinha, a corrida infantil tradicional do Correio, e ganharam suas medalhas. Saíram felizes da vida por terem feito as provas e ganhado o lanche no fim da competição. São poucos, mas simbólicos minutos.
Foi assim, por exemplo, para Eduardo Nascimento. Hoje com 37 anos, ele venceu a 5ª edição da Marotinha, em 1996, e, ontem, assistiu ao filho, Heitor, de 10, largar na edição de 2025. A avó, Fany Alves, levou a edição do Correio daquele ano para provar o feito e mostrar a bicicleta que o filho ganhou à época.
Quem também começou a correr na Marotinha e agora leva o Brasil à elite do esporte mundial é o medalhista olímpico Caio Bonfim, que levou os filhos para competir ontem. Caio seguiu os passos dos pais, Gianette Bonfim e João Sena, e garante hoje que seus pequenos também tenham a inspiração que vem do esporte.
Na fila das primeiras baterias, João carregava o neto sobre os ombros para disputar os 50m com outros meninos que chegaram cedo ao Complexo Cultural Ibero-Americano. Lá estávamos todos nós, um passo por vez, criando memórias e apresentando um universo diferente de possibilidades.
Em um debate recente, aprendi que as crianças não são sementes esperando serem regadas para crescer: garantir seu desenvolvimento integral é tão importante porque elas são, desde o primeiro momento, seres integrais. É sob essa inspiração que devemos cuidá-las sempre.