Demora para buscar auxílio médico "gerou quase uma síndrome", diz especialista

Orientação mudou em relação ao início da pandemia e, agora, é preciso passar por avaliação o mais cedo possível, afirma coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia Sul

Correio Braziliense
postado em 20/08/2020 17:33 / atualizado em 21/08/2020 09:49
 (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
(crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)

A preocupação em contrair uma infecção pela covid-19 levou as pessoas a retardarem a busca por auxílio médico nestes cinco meses de pandemia. É o que constatou o clínico geral e coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia Sul, Luciano Lourenço. Ele falou sobre o tema em entrevista ao CB.Saúde — parceira do Correio e da TV Brasília — nesta quinta-feira (20/8).

“A gente percebeu que as pessoas de um modo geral tinham muito medo, 'eu só vou ao hospital em último caso' e isso gerou quase uma síndrome. A gente viu infecções de urina comuns que normalmente chegavam ao pronto-socorro e tinham um tratamento domiciliar com tranquilidade chegam lá com uma infecção um pouco mais grave e que necessitava inclusive de internação para tratar”, exemplificou.

Esse medo é explicado pela escassez de informações disponíveis à época que o vírus chegou ao Brasil. “A população sofreu muito com as orientações um pouco confusas no início da pandemia. Foi tudo muito rápido, a gente teve que se preparar e se adequar quase que diariamente, o que era verdade num dia já não era no dia seguinte”, lembrou.

Mas o médico ressalta que a diretriz não é mais a mesma. “Em algum momento que a orientação era 'fique em casa porque ir ao hospital é perigoso' isso acabou acontecendo porque nós tínhamos um medo muito grande de que todos fossem juntos ao pronto-socorro e aí a gente não tem condição de atender todas essas pessoas juntas. Então, a gente privilegiou aquelas pessoas que já tinham algum sintoma. Hoje isso mudou completamente. A orientação é que, se você tem algum sintoma, ainda que com 24 horas, de uma maneira inicial, tenha contato com um médico no pronto-socorro”, aconselhou.

Segundo Lourenço, isso foi possível porque os hospitais, tanto públicos quanto privados, se adaptaram aos protocolos de segurança. “Ficou claro que a gente precisava separar os fluxos. A gente não pode misturar um paciente que não tem nenhuma síndrome gripal, que não tem nenhum critério para ser interrogado (sobre covid) a um paciente que tem a síndrome gripal, que está tossindo, espirrando, com febre, ou com falta de ar. Então a primeira coisa é que os prontos-socorros conseguiram usar experiências (de outros países) e montaram fluxos (separados para os diferentes casos)”, informou.

Para o médico, casos como de gestantes, pessoas com problemas cardíacos, diabéticos ou pacientes que sofreram AVC são exemplos de quadros delicados que não devem renunciar ao acompanhamento médico.

Confira a entrevista completa em vídeo:






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