Coronavírus

25% dos jovens internados por covid-19 desenvolvem pneumonia, mostra estudo

Infecção respiratória é detectada em 26% dos hospitalizados na Coreia do Sul em função da covid-19 e que tinham idade entre 18 e 39 anos. Segundo especialistas, o resultado reforça ideia de que a pandemia é uma ameaça à saúde em qualquer fase da vida

Correio Braziliense
postado em 19/09/2020 07:00
 (crédito: STR/AFP)
(crédito: STR/AFP)

Um estudo da Coreia do Sul revelou que 25% dos pacientes com 18 a 39 anos hospitalizados devido à covid-19 desenvolveram pneumonia, destacando o perigo que a doença representa para os mais jovens. A pesquisa será apresentada na próxima semana, durante a Conferência sobre Doenças do Coronavírus, que acontece on-line.

Os autores ressaltam que muitos países que vinham controlando a pandemia estão vendo, agora, um ressurgimento do vírus, especialmente entre os jovens. “O baixo estado de alerta dos jovens tornou-se um problema social em todo o mundo, pois se sabe que o progresso em direção a casos graves é baixo entre eles”, diz Hyun ah Kim, pesquisador do Hospital Dongsan, da Universidade Keimyung.

Na pesquisa, os autores analisaram a incidência de pneumonia e as características clínicas de pacientes com menos idade. Trata-se de uma análise retrospectiva, realizada em adultos de 18 a 39 anos que foram internados em seis hospitais em Daegu — um dos primeiros pontos críticos da pandemia na Coreia do Sul —, de 18 de fevereiro a 31 de março.

Um total de 315 pacientes hospitalizados e isolados foram analisados. Desses, 205 (65%) eram do sexo feminino (65,1%) e 32 (10,2%) estavam assintomáticos. Na Coreia do Sul, mesmo as pessoas sem sintomas foram internadas e colocadas em quarentena. As principais queixas foram tosse (53%), dor de garganta (26%), febre (26%), rinorreia/coriza (31%), dor muscular (20%), calafrios (16%) e diarreia (15%).

Tomografia

Houve 71 (23%) casos de pneumonia nas radiografias de tórax. Dos 85 pacientes que realizaram uma tomografia computadorizada, 43 tiveram diagnóstico confirmado. Onze casos de pneumonia foram diagnosticados na tomografia, depois de apresentarem raios X normais. No geral, a pneumonia foi confirmada em um total de 83 (26%) pacientes.

Em cerca de um quarto (23%) dos casos, as radiografias de tórax permaneceram anormais até o último exame antes da alta hospitalar, que, para os pacientes assintomáticos, era 10 dias após o diagnóstico. Para aqueles com sintomas, a alta ocorreu após dois testes negativos consecutivos para a covid-19.

De acordo com os autores, a pneumonia grave foi relatada em sete casos (2,2%), com um paciente necessitando de ventilação mecânica. Os sintomas de febre, tosse, diarreia e falta de ar foram estatisticamente mais frequentes no grupo com pneumonia. Os resultados dos exames de sangue mostraram proteína C reativa particularmente elevada (um sinal de inflamação sistêmica) no grupo com pneumonia. Nesses, foi mais de oito vezes maior do que em pacientes sem pneumonia.

Houve também um caso assintomático que, posteriormente, desenvolveu a doença pulmonar. “Os jovens também devem estar cientes do risco de pneumonia ou de pneumonia grave devido à covid-19”, destaca Hyo-Lim Hong, do Centro Médico da Universidade Católica de Daegu.

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Cigarro eletrônico é fator de risco

Hábito entre muitos jovens, o vaping — fumar com cigarros eletrônicos — foi associado a um risco elevado de ser infectado pelo Sars-CoV-2, segundo pesquisa da Universidade de Stanford. Usuários desse tipo de equipamento apresentaram cinco a sete vezes mais risco de ter covid-19. Os dados foram coletados por meio de pesquisas on-line realizadas em maio com 4.351 participantes com idade entre 13 e 24 anos. “Os jovens podem acreditar que sua idade os protege de contrair o vírus ou que eles não apresentarão sintomas, mas os dados mostram que isso não é verdade entre aqueles que vaporizam”, disse o principal autor do estudo, Shivani Mathur Gaiha, ressaltando que os fumantes de cigarro eletrônico que tiveram a doença apresentaram tosse, febre, cansaço e dificuldade para respirar.

AVC e maior resposta inflamatória

Pacientes que sofreram acidente vascular cerebral (AVC) e também têm covid-19 apresentam inflamação sistêmica aumentada e correm maior risco de morte, quando comparados àqueles que tiveram o derrame no cérebro, mas não foram infectados pelo Sars-CoV-2. A conclusão é de um estudo da Universidade do Alabama, em Birmingham, liderada por Chen Lin, professor-assistente do Departamento de Neurologia da instituição.

A pesquisa, publicada na revista Brain, Behavior & Immunity - Health, é uma análise retrospectiva, observacional e transversal de 60 pacientes com AVC isquêmico internados no Hospital Universitário, entre o fim de março e o início de maio. Todos os pacientes foram testados para a covid-19 na admissão, e nove estavam com a infecção.

Os pacientes com AVC tiveram resposta inflamatória aumentada. A razão entre o número de neutrófilos e o de linfócitos, ou NLR, calculado a partir dos dados do hemograma, serviu como um índice da resposta inflamatória sistêmica. Embora outros pesquisadores tenham associado a NLR com a gravidade da covid-19, esse é o primeiro a relacionar o marcador à gravidade do quadro em pacientes com AVC.

Além disso, os pacientes com AVC e covid-19 tiveram taxa de mortalidade significativamente maior: 44,4%, contra 7,6%. “Curiosamente, em nossos pacientes com AVC e covid-19, os níveis de neutrófilos e linfócitos eram apenas limítrofes, altos e baixos, respectivamente”, diz Chen Lin. Porém, de acordo com ele, o NLR foi quase duas vezes maior nas pessoas infectadas.” Isso potencialmente indica que a resposta inflamatória sistêmica desencadeada pela infecção por Sars-CoV-2 pode ser deflagrada por vários componentes”, diz Lin.

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