Outubro Rosa

Anticoncepcional e reposição hormonal aumentam risco de câncer de mama

Médico alerta que perigos e benefícios desses medicamentos devem ser analisados caso a caso, sobretudo quando usados por longos períodos de tempo

Jéssica Gotlib
postado em 14/10/2020 19:18 / atualizado em 14/10/2020 19:20
Médico explica que tratamentos hormonais devem ser analisados caso a caso para que benefícios superem eventuais riscos -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Médico explica que tratamentos hormonais devem ser analisados caso a caso para que benefícios superem eventuais riscos - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Cânceres são doenças difíceis de prever e, geralmente, seu desenvolvimento envolve mais de um fator. Entretanto, no caso dos tumores mamários, a exposição de mulheres a altas taxas de hormônio ao longo da vida pode ser um dos aspectos que aumenta o risco. Foi isso que explicou ao programa CB Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília — o oncologista e mastologista Gustavo Gouveia, do Instituto do Câncer de Brasília.

"O câncer é uma doença multifatorial. Existem aspectos genéricos, e aspectos muito importantes que são alguns hábitos de vida, como o tabagismo, o abuso de bebidas alcoólicas, o sedentarismo, a obesidade, a alimentação desbalanceada são fatores importantes na gênese do câncer em geral", detalhou.  

Para o caso dos tumores na mama, o fator hormonal é muito importante conforme explicou Gouveia. "Nós sabemos que quanto mais tempo a mulher passa exposta a seus próprios hormônios, maior é o risco do câncer de mama. Se a mulher tem a primeira menstruação da vida muito cedo e a última muito tarde, ela tem um risco teórico maior de câncer de mama que uma mulher em situação oposta", colocou. A estimativa é de que o Distrito Federal tenha 730 novos casos de câncer de mama por ano, mas diagnóstico precoce pode aumentar em até 95% as chances de cura.

Uso contínuo de hormônios

E a suplementação hormonal, feita por meio de anticoncepcionais ou de terapias de reposição para aquelas mulheres que estão na menopausa, também aumentam os riscos de câncer de mama. "Existe alguma controvérsia sobre isso, mas a reposição hormonal em vários estudos é considerada um fator de risco independente para câncer de mama. Não quer dizer de modo algum que quem faz reposição hormonal (obrigatoriamente) terá câncer de mama e, também, quem não faz reposição hormonal deixará de ter", ressalvou o médico.

Para analisar a relação entre risco e benefício, o mastologista sugere que a situação seja analisada caso a caso. "Eu não sou contra a reposição hormonal. Eu acho que o grande foco da reposição hormonal tem que ser a qualidade de vida. Há mulheres que entram na menopausa hipossintomáticas, não sentem sintomas da menopausa. Essas, se usarem reposição hormonal não perceberão a melhora na qualidade de vida e ficarão com os riscos médicos. E existem mulheres que são muito sintomáticas, que têm uma queda importante da qualidade de vida. Essas eu acho que vale a pena fazer a reposição e acompanhá-las bem de perto", argumentou.

O raciocínio para pílulas anticoncepcionais é equivalente, segundo o oncologista. "A ingestão de anticoncepcional por períodos maiores que 10 anos, quando iniciada muito cedo, também é considerada um fator de risco independente para câncer de mama", explicou. Ele lembrou ainda que o histórico familiar também é um marcador importante para o rastreio do câncer de mama.

"De um modo geral, nós podemos dizer que o familiar de primeiro grau com câncer de mama aumenta substancialmente o risco da pessoa em questão ter a doença. Não é uma sentença que ela vai ter, mas há um aumento de risco", afirmou.

Confira a entrevista completa:

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