INUSITADO

Covid-19: homem de 72 anos testa positivo durante 10 meses

"Eu rezava o tempo todo: o próximo será negativo, o próximo será negativo, mas nunca era", declarou, à rede de televisão britânica BBC

Correio Braziliense
postado em 25/06/2021 06:00
Ao longo da infecção, Dave Smith, 72 anos, fez 40 testes, foi internado sete vezes e perdeu mais de 60kg -  (crédito: BBC/Reprodução)
Ao longo da infecção, Dave Smith, 72 anos, fez 40 testes, foi internado sete vezes e perdeu mais de 60kg - (crédito: BBC/Reprodução)

Um homem de 72 anos permaneceu infectado pelo novo coronavírus por 10 meses. O britânico Dave Smith, 72 anos, passou por sete internações e 40 testes positivos no período. Segundo especialistas, é o caso de contágio mais longo de covid-19 no mundo, o que demonstra a enorme força do patógeno. Smith e sua história estão sendo analisados por especialistas, que pretendem entender como o Sars-CoV-2 se manteve tanto tempo vivo no organismo do idoso.

“Eu rezava o tempo todo: o próximo será negativo, o próximo será negativo, mas nunca era”, declarou, à rede de televisão britânica BBC, o instrutor de autoescola aposentado que vive na cidade de Bristol, no sudoeste da Inglaterra. Smith foi infectado em março de 2020, no início da primeira onda da pandemia no Reino Unido, e permaneceu como portador do vírus ativo por mais de 300 dias. Antes de ser infectado, ele tinha o sistema imunológico debilitado pela leucemia, que foi tratada com quimioterapia em 2019, além de um histórico de doença pulmonar. O idoso pesava 117kg, mas perdeu mais de 60kg enquanto enfrentava a infecção.

Devido à dificuldade enfrentada no tratamento, o aposentado recebeu autorização para ser submetido a uma terapia experimental: ele recebeu o coquetel de anticorpos sintéticos desenvolvido pela empresa americana Regeneron. A tentativa deu certo, e, 45 dias depois do uso do medicamento, Smith obteve o teste negativo para o Sars-CoV-2. O resultado foi constatado 305 dias após a confirmação da infecção. “É como se você recebesse a vida de volta”, resumiu.

O caso está sendo estudado pela Universidade de Bristol. Segundo Ed Moran, consultor em doenças infecciosas na instituição britânica, Smith tinha vírus ativo no corpo durante o período de testagenss. “Nós conseguimos provar, enviando uma amostra de seu sangue para universidades parceiras, que não eram apenas produtos de sobra que estavam impulsionando um teste de PCR positivo, mas realmente o vírus ativo, um patógeno viável”, explicou.

Também no Brasil

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estudam um caso semelhante. Um brasileiro com cerca de 40 anos permaneceu com o Sars-CoV-2 no corpo por ao menos 218 dias. O homem, assim como o paciente britânico, havia sido submetido anteriormente a um tratamento contra um tumor agressivo e estava com o sistema imune comprometido.

A infecção pelo coronavírus ocorreu no início de setembro de 2020 e só em abril os exames para a presença do vírus começaram a dar negativo. Testes feitos nesse período indicaram que o patógeno se replicou no organismo do infectado, ou seja, mudou a versão genética, o que pode explicar a sua permanência longínqua. Os autores também destacaram que o caso pode ser considerado raro. A descoberta foi relatada em um estudo publicado na plataforma de artigos científicos medRxiv, sem revisão por pares.

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