COVID-19

Cientistas identificam aumento substancial de defesa após segunda dose de vacina

Em experimento, cientistas constataram maior número de anticorpos em vacinados com segunda dose de imunizantes contra a cvodi-19 do que em infectados

Correio Braziliense
postado em 10/07/2021 06:00
Estudo mostra também que tomar a vacina reduz risco de transmissão do vírus para outros indivíduos -  (crédito: Fethi Belaid/AFP - 4/6/21)
Estudo mostra também que tomar a vacina reduz risco de transmissão do vírus para outros indivíduos - (crédito: Fethi Belaid/AFP - 4/6/21)

Uma nova pesquisa apresentada no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ECCMID) mostra a importância de receber a segunda dose de uma vacina para a covid-19 e também a necessidade de revisar e atualizar constantemente as substâncias para lidar com novas variantes.

O estudo, do Instituto de Ciências Naturais e Médicas da Universidade de Tübingen, na Alemanha, avaliou, na saliva dos participantes, o nível de anticorpos após a primeira e a segunda etapa da imunização com a Pfizer/BioNTech, constatando que, no segundo caso, a proteção aumentava. Porém, ela mostrou-se reduzida quando testada em uma nova cepa.

Embora as vacinas tenham começado a controlar a pandemia em alguns países, ainda não está claro quão eficazes elas continuarão a ser à medida que o vírus sofre mutações e evolui. A proteção gerada contra o Sars-CoV-2 pela vacinação é normalmente medida por anticorpos, sendo de particular importância um determinado grupo denominado neutralizante, pois esses anticorpos defendem o organismo e destroem o vírus.

Como a geração atual de vacinas foi projetada contra a cepa original do vírus (conhecida como “tipo selvagem”), elas oferecem proteção máxima contra essa versão. No entanto, não está claro se a proteção ainda será a mesma contra novas variantes do Sars-CoV-2, como as Alfa (Reino Unido), Beta (África do Sul), Delta (Índia) e Gama (Brasil), sustenta Nicole Schneiderhan-Marra, principal autora do estudo.

Para verificar como a proteção oferecida pela vacina mudou para diferentes variantes, os pesquisadores, primeiro, traçaram o perfil dos anticorpos gerados pela vacinação e, em seguida, examinaram a capacidade de neutralização. Além dos anticorpos que circulam no sangue, eles verificaram a presença dos presentes na saliva como uma “primeira linha de defesa”.

Para fazer isso, os cientistas adaptaram um ensaio desenvolvido anteriormente que mede os anticorpos presentes contra o Sars-CoV-2 e outros coronavírus no sangue, a fim de incluir variantes preocupantes e olhar especificamente para os anticorpos neutralizantes. Eles coletaram amostras de 23 indivíduos vacinados (idade de 26 a 58 anos, sendo 22% mulheres) que haviam sido imunizados com a Pfizer/BioNTech após a primeira e a segunda dose.

Para os grupos de controle, a equipe também coletou amostras de 35 doadores de sangue infectados (de 40 a 78 anos, sendo 29% mulheres), 27 doadores de saliva infectados (de 25 a 58 anos, sendo 63% mulheres) e 49 doadores de saliva não infectados (de 25 a 38 anos, sendo 55% mulheres. Também usaram amostras de sangue e saliva adquiridas comercialmente antes do início da pandemia.

Ao examinar o material, os cientistas viram que os indivíduos vacinados tinham grande quantidade de anticorpos presentes, em comparação aos infectados, sugerindo que a vacinação não só oferece proteção contra a infecção, mas, caso a pessoa seja infectada ainda assim, o imunizante reduz a possibilidade de transmissão para outros indivíduos. O número de anticorpos produzidos e a proteção oferecida pela vacinação aumentaram substancialmente após a aplicação da segunda dose.

Variantes

No momento do estudo, as duas variantes globais mais preocupantes eram as Alfa e Beta. Por isso, os pesquisadores investigaram se a proteção oferecida contra essas duas cepas era semelhante ou diferente daquela contra o vírus original. Eles descobriram que, embora não houvesse redução nos anticorpos neutralizantes contra a variante Alfa, houve redução substancial contra a Beta. “Isso mostra a importância de atualizar constantemente as vacinas para oferecer proteção máxima contra as diferentes cepas do vírus”, explica Schneiderhan-Marra.

“Algumas questões permanecem em relação à vacinação. Em primeiro lugar, qual a proteção oferecida pelas vacinas atuais contra a cepa Delta e quaisquer outras variantes que surjam no futuro. Em segundo lugar, por quanto tempo a proteção oferecida pelas vacinas atuais dura”, diz a pesquisadora. “Também é importante saber se você vai precisar de uma injeção de reforço não apenas para aumentar a proteção em geral, mas também para oferecer proteção contra novas variantes.”

A equipe está trabalhando em vários estudos, um dos quais inclui os mesmos doadores dessa pesquisa para avaliar como a proteção que receberam da vacina muda ao longo do ano. Um outro ensaio está examinando como os anticorpos neutralizantes diferem entre as vacinas e, finalmente, o impacto de outras variantes na proteção.

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Possível recuo na França

Na próxima segunda-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, deve anunciar a adoção de novas medidas restritivas no país, em razão do avanço da variante Delta. Em 29 de abril, Macron apresentou um plano de desconfinamento, quando o número de mortes diária havia caído substancialmente. Agora, as contaminações pela cepa identificada na Índia já representam 40% das novas infecções, e os casos dobram a cada semana, segundo Gabriel Attal, porta-voz do governo francês. A expectativa do governo é de que uma quarta onda da pandemia surja no país “em breve”.

Dúvidas quanto à terceira aplicação

A Food and Drug Administration, dos EUA, afirmou, ontem, que ainda não há comprovação da necessidade de uma terceira dose da vacina Pfizer/BioNTech, conforme os dois laboratórios sugeriram. Na noite de quinta-feira, um comunicado a investidores afirmou que as desenvolvedoras da vacina de mRNA buscarão autorização para uma terceira dose de sua vacina anticovid-19 para reforçar a eficácia.

Segundo os dois laboratórios, uma terceira dose terá um bom desempenho contra a variante Delta. Dados de um teste em andamento divulgados na quinta-feira mostraram que a dosagem extra aumenta os níveis de anticorpos de cinco a 10 vezes contra a cepa original do coronavírus e da variante Beta, encontrada, pela primeira vez, na África do Sul, em comparação com as duas primeiras.

As autoridades americanas disseram que ainda estão avaliando a necessidade de um reforço. “Os norte-americanos que foram completamente vacinados não precisam de um reforço neste momento”, afirmou a FDA. “Estamos preparados para doses de reforço desde que a ciência demonstre que são necessárias.”

A União Europeia também disse estar “preparada” caso seja necessário aplicar uma terceira dose da vacina da Pfizer/BioNtech na população do bloco, afirmou a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides. “Estamos trabalhando nisso de maneira contínua, mas a decisão sobre como vamos avançar dependerá da ciência”, esclareceu. As empresas afirmam ainda que a dose de reforço agirá de maneira similar contra a variante Delta, mas que também desenvolverão uma vacina específica contra essa cepa, que surgiu na Índia e é mais contagiosa.

 

 

 

Tubo de ensaio/Fatos científicos da semana

 (crédito: Giuseppe Cacace/AFP)
crédito: Giuseppe Cacace/AFP



Segunda-feira, 5
Termômetros em alta na terra do Papai Noel
A região da Lapônia, região no extremo norte da Finlândia conhecida como a terra do Papai Noel, bateu o recorde de temperatura dos últimos 100 anos. De acordo com as medições feitas pelo Instituto de Meteorologia do país, a estação meteorológica da reserva natural de Kevo, os termômetros registraram 33,6ºC, maior marca na região desde 1914. Normalmente, nos meses de julho, a temperatura máxima em Utsjoki, município onde Kevo se localiza, fica em torno de 16ºC, com 8ºC de mínima. Neste verão, o Hemisfério Norte vem sendo atingido por uma forte onda de calor. Na cidade canadense de Lytton, por exemplo, a população enfrentou 50ºC. Houve mais de 100 mortes súbitas vinculadas pelas autoridades às altas temperaturas.

 

Terça-feira, 6
Igreja de mil anos encontrada na Alemanha
Nas escavações em busca por um palácio, arqueólogos alemães acabaram encontrando uma igreja erguida no século 10 para Otto I, o primeiro imperador romano-germânico, também conhecido como “Otto, o Grande”. A descoberta ocorreu perto da cidade de Helfta, situada na Saxônia-Anhalt. Em forma de cruz, a igreja de três corredores tem aproximadamente 30 metros de comprimento. Segundo as pesquisas, lideradas pelo Escritório Estadual de Preservação de Monumentos e Arqueologia da Saxônia-Anhalt, o templo foi destruído durante a Reforma Protestante do século 16. Otto, o Grande viveu entre 912 d.C e 973 d.C. Registros históricos destacam que um palácio e uma igreja foram construídos nas imediações de Helfta. As escavações começaram em maio. No local da descoberta também foram encontrados artefatos, como um crucifixo de bronze decorado com esmalte feito em Limoges, na França, além de moedas e de fragmentos de um sino.

 

Quarta-feira, 7
Panda, um animal vulnerável
O governo chinês reclassificou a situação do panda selvagem, que deixou de ser uma ma espécie “em perigo” para ser tratada como “vulneravel”. Trata-se do nível menos vulnerável no catálogo da União Internacional para Conservação da Natureza para as espécies ameaçadas de extinção — a escala começa com “vulnerável”, “em perigo”, “criticamente em perigo”, passando, então, para “a extinta na natureza” e, finalmente, “extinta”. A mudança foi possível depois que o número de pandas selvagens chegou a 1,8 mil no país. “As condições de vida de algumas espécies raras foram melhoradas”, afirmou Cui Shuhong, diretor do Departamento de Protecção Ecológica do Ministério da Ecologia e Meio Ambiente. Também foi verificado aumento na população de outros animais ameaçados de extinção, como tigres e leopardos siberianos ou os íbis japoneses.

 

Emirados selecionam a primeira astronauta
Os Emirados Árabes Unidos selecionaram, pela primeira vez, uma mulher para iniciar o treinamento e se tornar uma astronauta em seu programa espacial. Escolhida entre milhares de candidatos, Nora al-Matrushi, 28 anos, sonha desde pequena em viajar ao espaço. “Minha família, por parte de mãe, é de marinheiros. Diria que exploravam os oceanos. O termo astronauta significa ‘marinheiro das estrelas’ em grego”, declarou Al-Matrushi, em Dubai, durante entrevista organizada pelo Centro Espacial Mohamed bin Rashid (MBRSC). “Se eu posso, vocês podem. Se ninguém fez isso antes, é preciso seguir adiante e ser a primeira a fazê-lo”, acrescentou engenheira mecânica de profissão, nascida em Sharjah, emirado costeiro próximo a Dubai. Junto a Mohamad al Mulla, de 33 anos, ela partirá ainda este ano para os Estados Unidos para treinar no Centro Espacial Johnson da Nasa, em Houston (Texas).

 

Quinta-feira, 8
Construção do período do Segundo Templo
Arqueólogos israelenses revelaram, na Cidade Velha de Jerusalém, construções subterrâneas que datam do período do Segundo Templo, usadas há mais de 2 mil anos pelas elites da época. “É um edifício realmente magnífico, um dos mais esplêndidos que conhecemos desse período”, explicou o arqueólogo Shlomit Weksler Bdolah, da Autoridade Israelense das Antiguidades (AIA). O Segundo Templo judeu foi construído no século 6 a.C. e destruído pelos romanos em 70 d.C. O Muro das Lamentações é o único vestígio do que era uma contenção do Segundo Templo. Acima dele está o Monte do Templo, o lugar mais sagrado do Judaísmo, chamado de santuário nobre pelos muçulmanos, onde se localiza a Mesquita de Al-Aqsa. O local está em Jerusalém Oriental, a parte palestina da cidade ocupada e anexada por Israel. De acordo com os especialistas, a área não estava mais em uso no século VII, quando o período muçulmano começou.

 

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