A infecção por covid-19 não está ligada a nascimentos prematuros ou de natimortos, segundo cientistas canadenses. Os especialistas chegaram a essa conclusão após avaliar dados relacionados a mais de 2,4 milhões de partos em uma das províncias mais populosas do país. Os dados foram apresentados na última edição da revista especializada Canadian Medical Association Journal (CMAJ).
Os autores do estudo explicam que uma série de fatores, como infecção, inflamação, estresse, predisposição genética e interferências ambientais, podem contribuir para o nascimento de natimortos e o parto prematuro. Desde o surgimento do novo coronavírus, há uma dúvida se a infecção pelo Sars-CoV-2 poderia entrar nesse grupo de complicações.
“Durante a pandemia, surgiram alguns relatos de que as taxas de partos prematuro subiram em países como Holanda, Irlanda e Estados Unidos, enquanto Reino Unido, Itália, Índia e outros lugares tiveram aumentos nas taxas de natimortos. Porém a maioria dos estudos sobre esse tema era análises pequenas”, escreveram os autores do artigo.
Em busca de mais dados, a equipe analisou os nascimentos na província de Ontário ao longo de 18 anos e comparou as informações médicas do período pré-pandêmico (de 2002 a 2019) com as do início da crise sanitária atual (de janeiro de 2020 a dezembro 2020). Não foram detectadas diferenças significativas entre os períodos.
“Não encontramos mudanças incomuns nas taxas de parto prematuro ou de natimortos durante a pandemia, o que é algo muito reconfortante”, declara, em comunicado, Prakesh Shah, pediatra-chefe do hospital Sinai Saúde e professor da Universidade de Toronto.
A equipe também analisou os dados de partos ocorridos nas unidades de saúde pública em que as taxas de infecções pelo Sars-CoV-2 foram maiores, além de comparar nascimentos urbanos e rurais. Mesmo nessas análises mais rebuscadas, diferenças significativas não foram detectadas.
Os cientistas não tinham o objetivo de avaliar se as gestantes são mais vulneráveis ao Sars-CoV-2, como têm indicado estudos recentes. No artigo, reforçaram que mais pesquisas precisam ser conduzidas para entender melhor a relação da covid-19 com a gestação, abordando, inclusive, a realidade de outros países.
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