Gravidez

Poluição do ar pode ter causado 6 milhões de partos prematuros em apenas um ano

A análise, publicada na revista Plos Medicine, é a mais aprofundada de como os poluentes na atmosfera afetam vários indicadores-chave da gravidez

Correio Braziliense
postado em 29/09/2021 06:00 / atualizado em 29/09/2021 06:43
 (crédito: Carlos Moura/CB/D.A Press)
(crédito: Carlos Moura/CB/D.A Press)

A poluição do ar provavelmente contribuiu para quase 6 milhões de nascimentos prematuros e quase 3 milhões de bebês com baixo peso em 2019, de acordo com um estudo de meta-análise de carga global das universidades da Califórnia em San Francisco e de Washington, ambas nos EUA. A análise, publicada na revista Plos Medicine, é a mais aprofundada de como os poluentes na atmosfera afetam vários indicadores-chave da gravidez, incluindo idade gestacional no nascimento, redução do peso ao nascer, baixo peso ao nascer e nascimento prematuro.

Também é o primeiro estudo global sobre a carga de doenças desses indicadores a incluir as consequências à saúde da poluição do ar interno, principalmente dos fogões, que responderam por dois terços dos efeitos medidos.

Um crescente corpo de evidências aponta para a poluição do ar como uma das principais causas de nascimentos prematuros e baixo peso ao nascer. Essa é a principal causa de mortalidade neonatal em todo o mundo, afetando mais de 15 milhões de crianças todos os anos. Recém-nascidos abaixo do peso ideal ou que nascem antes do previsto também apresentam taxas mais altas de doenças graves ao longo da vida.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 90% da população mundial vive com o ar externo poluído, e metade da população global também está exposta à poluição do ar interno pela queima de carvão, esterco e madeira dentro de casa. “A carga atribuível à poluição do ar é enorme, mas, com esforço suficiente, ela poderia ser amplamente mitigada”, disse o autor principal, Rakesh Ghosh, especialista em prevenção e saúde pública do Instituto de Ciências da Saúde Global da UCSF.

Dos EUA à África

A análise foi conduzida por pesquisadores do Instituto para Avaliação e Métricas de Saúde (IHME) da Universidade de Washington. Os pesquisadores quantificaram os riscos do nascimento prematuro e do baixo peso ao nascer com base na exposição total à poluição interna e à externa.

O estudo concluiu que a incidência global dos dois problemas poderia ser reduzida em quase 78% se a poluição do ar fosse minimizada no sudeste da Ásia e na África Subsaariana, onde o ar poluído interno é comum e as taxas de nascimentos prematuros são as mais altas do mundo.

O estudo também encontrou riscos significativos de poluição do ar ambiente em partes mais desenvolvidas do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que a poluição externa tenha contribuído para quase 12 mil nascimentos prematuros em 2019. Anteriormente, a mesma equipe de pesquisa quantificou os efeitos da poluição do ar na mortalidade precoce, concluindo que o problema contribuiu para a morte de 500 mil recém-nascidos em 2019.

“Com essa nova evidência global gerada de forma mais rigorosa, agora, a poluição do ar deve ser considerada o principal fator de morbidade e mortalidade infantil, e não apenas de doenças crônicas em adultos”, disse Ghosh. “Nosso estudo sugere que tomar medidas para mitigar as mudanças climáticas e reduzir os níveis de poluição do ar terá um co-benefício significativo para a saúde dos recém-nascidos.”

Estratégia global contra a meningite

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, ontem, a primeira estratégia mundial contra a meningite, com o objetivo de eliminar até 2030 as epidemias da forma bacteriana da doença, responsáveis pela morte de cerca de 250 mil pessoas a cada ano no mundo. A meningite é uma inflamação perigosa das membranas que circundam o cérebro e a medula espinhal, causada, principalmente, por uma infecção bacteriana ou viral.

“É hora de acabar com a meningite em todo mundo. Para isso, é urgente ampliar o acesso aos instrumentos existentes, em particular as vacinas, realizar novas pesquisas e inovações para prevenir, detectar e tratar as diferentes causas da doença, e melhorar os serviços de reabilitação”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em um comunicado.

 

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