CORREIO TALKS

Especialista pede maior conscientização sobre fibrose cística

Em debate promovido pelo Correio Impacto Social das Doenças Pulmonares Graves, autoridades discutiram tendências, cenários e políticas públicas de saúde

Gabriela Bernardes*
postado em 30/09/2021 14:01 / atualizado em 30/09/2021 14:09
 (crédito: Divulgação)
(crédito: Divulgação)

De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as doenças respiratórias são uma das principais causas de internações hospitalares no país. Nos últimos anos, a incidência de doenças pulmonares graves como fibrose cística, asma grave e hipertensão pulmonar têm aumentado, especialmente entre crianças e idosos, afetando sua qualidade de vida. Reunindo autoridades e especialistas ligados ao assunto, o Correio realizou, nesta quinta-feira (30/9), o seminário virtual Correio Talks Impacto Social das Doenças Pulmonares Graves. O evento foi transmitido pelas redes sociais do jornal (site, Facebook, Instagram e YouTube).

Cristiano Silveira, diretor de políticas públicas do Instituto Unidos Pela Vida, participou do evento ao debater no painel a importância da conscientização sobre a fibrose cística. Setembro é considerado o mês de conscientização da doença, que é simbolizada pela cor roxa em todo o mundo.

A doença afeta os sistemas respiratório, digestório, hepático e genitourinário. Segundo o especialista, a fibrose cística é uma doença muito complexa, com caráter progressivo e potencialmente letal. Além disso, seu tratamento é difícil, com medicamentos caros e pede a dedicação de ao menos 2 horas por dia do paciente para os procedimentos. “Essa doença ainda não tem cura. Eu ainda ressalto isso porque a evolução tecnológica nesse campo é muito grande. A gente tem muita esperança que isso mude muito em breve”, comenta.

Cristiano explica que um dos principais sintomas da doença é o aumento de sal no suor do paciente. Por isso, a doença é popularmente conhecida como “Doença do Beijo Salgado”, e uma de suas principais formas de diagnóstico se dá por um teste no suor. “É muito importante que avós, tios ou pais tenham conhecimento desses sintomas, porque, às vezes, são eles que fazem esse diagnóstico ao beijar a testa da criança e sentir esse suor mais salgado que o normal”, afirma.

O especialista ressalta que apesar de rara, a doença tem sido vista em um maior número de casos nos últimos anos, e é facilmente confundida com outro tipo de enfermidade. “Ela é muito confundida por ter sintomas muito semelhantes a outras doenças, outras doenças respiratórias, inclusive”, pontua.

Os principais sintomas da Fibrose Cística são:

Pneumonia de repetição
Tosse crônica
Diarreia
Suor mais salgado

Para o diagnóstico, os exames mais comuns são o Teste do Pezinho, Teste do Suor e exames genéticos.
“Os testes genéticos também têm outro papel de apontar se essa criança tem variantes ou mutações que são elegíveis às novas medicações, que são quase personalizadas, uma vez que elas atuam em mutações específicas da doença”, explica Cristiano.

Teste do pezinho

Segundo o Deputado Luiz Antônio Teixeira (PP-RJ), o Dr. Luizinho, também presente no evento, “nós precisamos, no Brasil, fazer um trabalho muito grande de organização do sistema de saúde. Encarar cada uma das doenças para perceber de que forma nós conseguimos efetivamente levar todas as alternativas terapêuticas até a ponta, desde do diagnóstico precoce até o transplante”.

Segundo o parlamentar, uma evolução importante para o diagnóstico rápido não só da fibrose cística, como também de outras doenças, foi a implementação do resultado on-line para o Teste do Pezinho, exame feito a partir do sangue coletado do calcanhar do bebê e que permite identificar diversas doenças graves. “Hoje, a mãe, através de um acesso simples na internet, com o número do papel-filtro e com a data de nascimento da criança, já tem o resultado. Da mesma maneira, ela pode ser avisada de forma mais breve, e não fica dependendo da gente imprimir o exame e mandar por correio, para só então chegar no posto de saúde e a criança ter o diagnóstico muito tardio”, afirma.

Também participaram do painel o deputado federal Pedro Westphalen (PP-RS) e o médico Rafael Stelmach, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Fundação ProAr.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

 

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