Pandemia

Grávidas com covid têm 40% mais chance de ter complicações na gestação

Das mais de 14 mil mulheres analisadas na pesquisa, 13% das positivadas tiveram complicações e 5 vieram a óbito

Camilla Germano
postado em 07/02/2022 16:26 / atualizado em 07/02/2022 16:46
Grávidas que tinham sintomas moderados ou severos de covid apresentaram maior risco de ter partos cesarianos -  (crédito: Anthony Wallace/AFP - 31/3/20)
Grávidas que tinham sintomas moderados ou severos de covid apresentaram maior risco de ter partos cesarianos - (crédito: Anthony Wallace/AFP - 31/3/20)

Pesquisadores por todo o mundo observam de perto as complicações que a covid-19 pode trazer para diversas faixas etárias e em condições específicas. Um exemplo são os estudos que tentam entender que tipo de complicações a doença pode causar em mulheres grávidas e bebês. Um estudo da Faculdade de Saúde da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, identificou que mulheres grávidas e infectadas com covid têm 40% mais chance de apresentarem graves consequências na gestação ou morrerem pela doença do que grávidas não infectadas.

O estudo — publicado na revista científica JAMA nesta segunda-feira (7/2) — analisou os registros médicos eletrônicos de 14.104 gestantes atendidas em 17 centros médicos dos Estados Unidos que fazem parte da rede de hospitais Eunice Kennedy Shriver NICHD Maternal-Fetal Medicine Units (MFMU) entre 1º de março de 2020 e 31 de dezembro de 2020.

Dos casos analisados, cerca de 2.350 mulheres testaram positivo para a covid durante a gravidez ou dentro de seis semanas após o parto. Mais de 13% das que testaram positivo desenvolveram complicações na gravidez durante o estudo, em comparação com as 9% que testaram negativo. Todas as cinco mortes maternas ocorreram no grupo positivo para a doença.

Análises

Três pontos chamaram mais a atenção dos pesquisadores durante o estudo. O primeiro foi que as complicações aconteceram com mais frequência em mães que apresentavam casos de covid com sintomas de moderado a grave. As gestantes que precisaram de tratamento com oxigênio suplementar ou cuidados na UTI tinham cerca de três vezes mais chances de ter complicações graves na gravidez, incluindo eclâmpsia, pressão alta grave, insuficiência renal, entre outros.

O segundo foi que o nascimento prematuro é mais provável em mulheres infectadas, no entanto, a doença não teve consequências diretas para os recém-nascidos. Apenas 1,2% das crianças nascidas durante o estudo testaram positivo para o vírus antes de receberem alta do hospital. Vale lembrar que outros estudos mostram que a placenta impede que bebês sejam contaminados durante a gestação.

Por fim, o último ponto observado foi que pessoas com características específicas, apresentaram mais complicações.

  • Mulheres que testaram positivo e apresentaram complicações tinham mais chance de ter o Índice de Massa Corporal (IMC) de 30 ou mais.
  • Grávidas que tinham sintomas moderados ou severos de covid apresentaram maior risco de ter partos cesarianos. No entanto, este tipo de parto tiveram frequência similar em mulheres com sintomas leves ou assintomáticos, comparado com aquelas que não testaram positivo.

Além disso, entre as limitações do estudo, provou-se que 80% das infecções de grávidas ocorreram durante o terceiro trimestre de gestação, dificultando os esforços para avaliar os efeitos do vírus nas complicações no início da gravidez.

Os pesquisadores lembram que as análises foram feitas antes de se ter a vacinação em massa e que as descobertas só ressaltam a importância de vacinar mulheres grávidas ou que estão pensando em ter um filho.

"Nossa pesquisa está entre as primeiras a descobrir que a infecção por SARS-CoV-2 pode aumentar o risco de consequências graves relacionadas à progressão de complicações comuns da gravidez, como desenvolver pressão alta, sangramento pós-parto ou adquirir uma infecção diferente da SARS. É por isso que precisamos garantir que as grávidas sejam vacinadas", explica Torri D. Metz, uma das autoras do estudo.

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