Astronomia

Hubble descobre a estrela mais distante já vista no Universo, diz Nasa

Segundo a Nasa, é um dia histórico para a astronomia. O telescópio Hubble quebrou mais um recorde e encontrou estrela distante 12,9 bilhões de anos-luz da Terra. A luz do recordista anterior levou 9 bilhões de anos para chegar ao nosso planeta

Cecília Sóter
postado em 30/03/2022 12:40 / atualizado em 30/03/2022 13:08
 (crédito: NASA, ESA, Brian Welch (JHU), Dan Coe (STScI); Image processing: NASA, ESA, Alyssa Pagan (STScI))
(crédito: NASA, ESA, Brian Welch (JHU), Dan Coe (STScI); Image processing: NASA, ESA, Alyssa Pagan (STScI))

O telescópio espacial Hubble, da Nasa, conseguiu detectar a luz de uma estrela que existiu no primeiro bilhão de anos após o nascimento do universo, o big bang. É a estrela individual mais distante já vista até hoje.

Chamada de Earendel, que significa "estrela da manhã" em inglês antigoa estrela recém-detectada está tão distante que a luz dela levou 12,9 bilhões de anos para chegar à Terra, aparecendo para nós quando o universo tinha apenas 7% de sua idade atual, com desvio para o vermelho de 6,2.

"Quase não acreditamos no começo, era muito mais longe do que a estrela anterior mais distante e com maior desvio para o vermelho", disse o astrônomo Brian Welch, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore.

  • Detalhe sobre a estrela mais antiga detectada pelo Hubble
    Detalhe sobre a estrela mais antiga detectada pelo Hubble Nasa, ESA, Brian Welch (JHU), Dan Coe (STScI); Imagem processada por Nasa, ESA, Alyssa Pagan (STScI)
  • Detalhe sobre a estrela mais antiga detectada pelo Hubble
    Detalhe sobre a estrela mais antiga detectada pelo Hubble Nasa, ESA, Brian Welch (JHU), Dan Coe (STScI); Imagem processada por: Nasa, ESA, Alyssa Pagan (STScI)

Os menores objetos vistos anteriormente a uma distância tão grande são aglomerados de estrelas, embutidos dentro de galáxias primitivas. A descoberta promete abrir uma era inexplorada de formação estelar muito precoce.

"Earendel existiu há tanto tempo que pode não ter as mesmas matérias-primas que as estrelas ao nosso redor hoje", explicou Welch. "Estudar Earendel será uma janela para uma era do universo com a qual não estamos familiarizados, mas que levou a tudo o que sabemos. É como se estivéssemos lendo um livro realmente interessante, mas começamos com o segundo capítulo e agora teremos a chance de ver como tudo começou", completou o cientista.

Brian Welch, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, é principal autor do artigo que descreve a novidade. A descoberta foi feita a partir de dados coletados durante o programa RELICS (Reionization Lensing Cluster Survey) do Hubble, liderado pelo coautor Dan Coe no Space Telescope Science Institute (STScI), também em Baltimore.

Depois de estudar a galáxia em detalhes, Welch determinou que é uma estrela extremamente ampliada

"A visão detalhada destaca a posição da estrela Earendel ao longo de uma ondulação no espaço-tempo (linha pontilhada) que a amplia e possibilita que a estrela seja detectada a uma distância tão grande — quase 13 bilhões de anos-luz", explica o autor do artigo.

"A distorção e ampliação são criadas pela massa de um enorme aglomerado de galáxias localizado entre Hubble e Earendel. A massa do aglomerado de galáxias é tão grande que distorce o tecido do espaço, e olhar através desse espaço é como olhar através de uma lupa — ao longo da borda do vidro ou da lente, a aparência das coisas do outro lado é distorcida como bem como ampliado", completa.

A equipe de pesquisa estima que Earendel tenha pelo menos 50 vezes a massa do nosso Sol e milhões de vezes mais brilhante.

Confirmação com o Telescópio Espacial James Webb

A equipe de astrônomos informou ainda que Earendel será observada pelo Telescópio Espacial James Webb, da Nasa, pois o astro tem sua luz esticada (desvio para o vermelho) e a alta sensibilidade à luz infravermelha de Webb permitirá fazer uma melhor análise de Earendel.

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