Astronomia

Agência Espacial Europeia divulga fotos do Sol em ultra resolução

Imagem tem 83 milhões de pixels de 9148 x 9112, 10 vezes mais que a resolução máxima de uma TV 4K, e foi feita com o satélite Solar Orbiter

Jéssica Gotlib
postado em 12/04/2022 16:16 / atualizado em 12/04/2022 16:33
A missão Solar Orbiter da ESA enfrentará o Sol a partir da órbita de Mercúrio na sua maior aproximação -  (crédito: ESA/ATG medialab)
A missão Solar Orbiter da ESA enfrentará o Sol a partir da órbita de Mercúrio na sua maior aproximação - (crédito: ESA/ATG medialab)

Uma foto do Sol em ultra resolução foi divulgada pela Agência Espacial Europeia (ESA, da sigla em inglês) em 24 de março. A imagem, feita pelo satélite Solar Orbiter, tem uma área de 83 milhões de pixels de 9148 x 9112. Para se ter uma ideia do quão alta é a resolução, isso é 10 vezes mais que a capacidade máxima de exibição de um aparelho de TV 4k.

Essa foto apresenta detalhes raramente vistos em panoramas do astro-rei, como o disco solar completo e sua atmosfera externa, incluindo a coroa. É também a primeira fotografia do tipo tirada do sol nos últimos 50 anos. Para isso, foi usado um maquinário chamado Spectral Imaging of the Coronal Environment (SPICE), que usa o comprimento de onda, chamado Lyman-beta, da luz ultravioleta emitida pelo gás hidrogênio.

 

Tudo que envolve essa imagem resulta em números gigantescos. O telescópio, por exemplo, precisou se posicionar a uma distância de 75 milhões de quilômetros do Sol, a metade do caminho entre a estrela e a Terra. Já a fotografia final é resultado de um mosaico de outras 25 imagens capturadas em sequência. Cada uma delas é a representação de uma área do Sol e demorou cerca de 10 minutos para ser tirada.

Uma imagem da Terra também está incluída para escala, na posição das 2 horas
Uma imagem da Terra também está incluída para escala, na posição das 2 horas (foto: ESA &NASA/Solar Orbiter/EUI team; Data processing: E. Kraaikamp (ROB))

Telescópio captura características da superfície solar

Apesar da magnitude da imagem, o Solar Orbiter entregou aos cientistas muito mais que só uma foto do Sol. É que os equipamentos que compõem o satélite também foram construídos para coletar dados da estrela-mãe, desde a atmosfera da coroa, conhecida como cromosfera, até uma região muito próxima da superfície.

É possível ver, por exemplo, algumas manchas escuras projetadas para fora da estrela. Elas caracterizam regiões propensas a entrar em erupção, causando o fenômeno conhecido como Tempestade de Clima Espacial. Em outros comprimentos de onda de luz ultravioleta, emitidos por diferentes átomos, os físicos conseguem observar explosões extremamente poderosas que ocorrem em camadas mais internas.

Os diferentes comprimentos de onda registrados correspondem a diferentes camadas na baixa atmosfera do Sol
Os diferentes comprimentos de onda registrados correspondem a diferentes camadas na baixa atmosfera do Sol (foto: ESA &NASA/Solar Orbiter/SPICE team; Data processing: G. Pelouze (IAS))

Também consegue-se observar uma das características mais intrigantes da estrela: a temperatura que sobe à medida que as camadas atmosféricas se afastam do centro. O comum é que, quanto mais você se afasta de um objeto quente, mais a temperatura caia. Entretanto, a coroa solar está a um milhão de graus Celsius enquanto a superfície mede somente cerca de 5 mil °C.

As imagens foram tiradas em 7 de março, precisamente quando o Solar Orbiter cruzou a linha Sol-Terra e os resultados estão em uso para calibrar sistemas de observação que estão baseados em solo terrestre. Em 26 de março, o Solar Orbiter atingiu outro marco da missão: seu primeiro periélio próximo.

O roxo corresponde ao gás hidrogênio a uma temperatura de 10.000°C, o azul ao carbono a 32.000°C, o verde ao oxigênio a 320.000°C, o amarelo ao neon a 630.000°C
O roxo corresponde ao gás hidrogênio a uma temperatura de 10.000°C, o azul ao carbono a 32.000°C, o verde ao oxigênio a 320.000°C, o amarelo ao neon a 630.000°C (foto: ESA &NASA/Solar Orbiter/SPICE team; Data processing: G. Pelouze (IAS))

Mas esse é apenas o começo, já que o satélite vai dar cada vez mais voltas ao redor da estrela central do sistema solar. A expectativa é que, com o passar dos anos, o satélite oriente o campo de visão para mostrar as regiões polares do Sol, até então não observadas por instrumentos humanos. 

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