Astronomia

Planetas de estrelas binárias podem vir a ter vida alienígena, diz estudo

Os sistemas planetários em torno de estrelas binárias tendem a ser muito diferentes dos em torno de estrelas únicas, e podem ser a chave para buscar formas de vida extraterrestres

Como a Terra ainda é a único planeta com vida conhecida, pesquisadores pelo mundo buscam condições similares como possíveis casas de mundos extraterrestres. No entanto, a chave para encontrar vida em outros planetas pode estar em olhar sistemas planetários distintos, que envolvem estrelas binárias.

Primeiro é preciso compreender as diferenças entre o sistema solar e os com estrelas binárias. A Via Láctea, por exemplo, tem planetas que giram em torno de uma única estrela, como o Sol. Já os sistemas binários são compostos por duas estrelas que orbitam em um baricentro comum.

Uma pesquisa da Universidade de Copenhague (Dinamarca) — publicada na revista científica Nature na segunda-feira (24/5) — mostra as condições encontradas em um sistema binário e que pode ser a chave para buscar a vida extraterrestre.

Eles indicam que em estrelas binárias, os sistemas planetários são formados de uma maneira muito diferente em torno delas do que ao redor de estrelas únicas, como o Sol. "Isso aumenta a importância de entender como os planetas são formados em torno de diferentes tipos de estrelas. Esses resultados podem identificar lugares que seriam especialmente interessantes para investigar a existência de vida”, explica o professor Jes Kristian Jørgensen, do Instituto Niels Bohr, da Universidade de Copenhague e um dos autores da pesquisa.

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Caminhos da pesquisa

Composta por um grupo de astrônomos da Dinamarca, Taiwan e dos Estados Unidos, a pesquisa foi feita com base em observações feitas pelos telescópios ALMA no Chile de uma jovem estrela binária a cerca de 1.000 anos-luz da Terra.

Eles observaram o sistema estelar binário, NGC 1333-IRAS2A, que é cercado por um disco composto de gás e poeira. As duas estrelas do sistemas têm distância de 200 unidades astronômicas (UAs) entre elas. Vale lembrar que a distância entre a Terra e o Sol é equivalente a uma UA e Netuno, por exemplo, está a 30 UAs do Sol.

No entanto, as observações feitas não levaram em consideração a evolução do sistema estelar, por isso, os pesquisadores precisaram complementar as observações com simulações de computador. Por ser um sistema muito jovem, o NGC 1333-IRAS2A, ainda não tem planetas formados.

Mas os pesquisadores avaliam que outras características e eventos podem ajudar na evolução de vida no sistema e no surgimento de planetas. Um deles são os cometas. "Os cometas geralmente têm um alto teor de gelo com presença de moléculas orgânicas e pode-se imaginar que as moléculas orgânicas são preservadas nos cometas durante as épocas em que um planeta é estéril, e que os impactos posteriores dos cometas introduzirão as moléculas na superfície do planeta”, afirma Jørgensen.

As rajadas e elementos químicos também são fatores a se considerar. "O aquecimento causado pelas rajadas provocará a evaporação dos grãos de poeira e do gelo que os cercam. Isso pode alterar a composição química do material a partir do qual os planetas são formados", explica o especialista. "Os comprimentos de onda cobertos pelo ALMA nos permitem ver moléculas orgânicas bastante complexas, ou seja, moléculas com 9-12 átomos e contendo carbono. Essas moléculas podem ser blocos de construção para moléculas mais complexas que são fundamentais para a vida como a conhecemos", complementa.

As pesquisas foram auxiliadas pelos telescópios ALMA no Chile e, muito em breve, o novo Telescópio Espacial James Webb se juntará à busca por vida extraterrestre.

 

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