Desafio global

Poluição do ar reduz expectativa de vida em dois anos

O efeito desse tipo de poluição na expectativa de vida é seis vezes maior do que o causado por HIV/Aids e 89 vezes mais elevado do que as consequências de guerras e terrorismo, observaram os pesquisadores

Correio Braziliense
postado em 15/06/2022 06:00
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

A poluição atmosférica por partículas finas está reduzindo a expectativa de vida em 2,2 anos globalmente, em comparação com um mundo hipotético que atende às diretrizes internacionais de saúde, segundo um novo relatório da Universidade de Chicago. A exposição mundial às chamadas PM 2,5 — matéria com diâmetro de 2,5 mícrons ou menos — tem um impacto semelhante ao do tabagismo, mais de três vezes maior do que o uso de álcool e de água insalubre, de acordo com o Índice de Qualidade de Vida do Ar.

O efeito desse tipo de poluição na expectativa de vida é seis vezes maior do que o causado por HIV/Aids e 89 vezes mais elevado do que as consequências de guerras e terrorismo, observaram os pesquisadores.

"Imagine se marcianos viessem à Terra e pulverizassem uma substância que fizesse com que os habitantes do planeta perdessem mais de dois anos de expectativa de vida. Isso é semelhante à situação que prevalece em muitas partes do mundo, exceto que estamos pulverizando a substância, não alguns invasores do espaço sideral", ilustra Michael Greenstone, cocriador do índice e professor de economia do Instituto de Política Energética da Universidade Chicago.

O PM 2,5 representa uma ameaça tão grande que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recentemente diminuiu o que considera um nível seguro de exposição de 10 microgramas por metro cúbico para 5 microgramas por metro cúbico. Com o novo parâmetro, 97,3% da população global passou a estar em um panorama da insegurança, de acordo com o relatório.

Ásia

Os piores impactos da exposição ao PM 2,5 são visíveis no sul da Ásia, onde se concentra mais da metade da carga total de poluição no mundo. Prevê-se que os moradores da região percam cerca de cinco anos de vida, em média, se os países mantiverem os altos níveis de contaminação atmosférica atuais. Desde 2013, cerca de 44% do aumento global na emissão de poluentes vieram da Índia, segundo o estudo.

Assim como no sul da Ásia, 99,9% da população do sudeste enfrenta níveis inseguros de poluição — com taxas aumentando em um único ano em até um quarto em algumas áreas, descobriram os pesquisadores. Moradores de Mandalay (em Mianmar), Hanói (no Vietnã), e as regiões de Jacarta, na Indonésia, que estão sofrendo os maiores impactos, devem perder, em média, três a quatro anos de suas expectativas de vida. Se a China começar a cumprir a diretriz da OMS, os habitantes podem ganhar 2,6 anos, de acordo com o estudo.

Mais de 97% da África Central e Ocidental é considerada insegura pelas recentes diretrizes da OMS, com os pesquisadores determinando que os moradores das áreas mais poluídas podem perder até cinco anos em sua média de vida. Das Américas, o documento só traz dados referentes aos Estados Unidos. Segundo o índice, ao cumprir as orientações revisadas da organização, a expectativa de vida norte-americana melhoraria, em média, 2,5 meses, enquanto a dos europeus, 7,3 meses.

Ainda segundo o estudo, 95,5% dos países do Velho Continente não seguem a nova orientação sobre material particulado. "A integração das novas diretrizes ao Índice de Qualidade de Vida do Ar fornece uma melhor compreensão do verdadeiro custo que estamos pagando para respirar ar poluído", disse a diretora do índice, Christa Hasenkopf, em comunicado. "Agora que nossa compreensão do impacto da poluição na saúde humana melhorou, há um argumento mais forte para os governos priorizá-la como uma questão política urgente."

 

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Impacto em pacientes renais

Em um estudo publicado no American Journal of Kidney Diseases (AJKD), pesquisadores descobriram que pacientes em hemodiálise expostos a níveis mais altos de exposição à poluição do ar têm mais ataques cardíacos e derrames, quando comparados àqueles em condições ambientais menos insalubres. A pesquisa foi feita nos Estados Unidos e incluiu asiáticos, população que exibiu maior sensibilidade à contaminação atmosférica
ao lado de idosos e pessoas
com doença pulmonar obstrutiva crônica.

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