Pandemia

Mulheres são mais propensas a sofrer com covid longa, mostra estudo

As chances de as mulheres desenvolverem a síndrome da covid longa são 22% maiores do que os homens, segundo pesquisadores

Correio Braziliense
postado em 21/06/2022 12:09
 (crédito: PIERRE-PHILIPPE MARCOU)
(crédito: PIERRE-PHILIPPE MARCOU)

Um novo estudo publicado nesta terça-feira (21/6) na revista científica Current medical research and opinion, revela que as mulheres são "significativamente" mais propensas a sofrer de covid longa do que os homens e experimentarão sintomas substancialmente diferentes. As informações são do site Eureka Alert.

covid longa é uma síndrome na qual as complicações persistem por mais de quatro semanas após a infecção inicial da covid-19, às vezes por vários meses.

Pesquisadores do Johnson & Johnson Office of the Chief Medical Officer Health of Women Team, que realizaram a análise de dados de cerca de 1,3 milhão de pacientes, observaram que mulheres com covid longa estão apresentando uma variedade de sintomas, incluindo problemas de ouvido, nariz e garganta, distúrbios do humor, neurológicos, cutâneos, gastrointestinais e reumatológicos, assim como o cansaço.

Os pacientes do sexo masculino, no entanto, eram mais propensos a apresentar distúrbios endócrinos, como diabetes e distúrbios renais.

“O conhecimento sobre as diferenças de sexo fundamentais que sustentam as manifestações clínicas, a progressão da doença e os resultados de saúde da covid-19 é crucial para a identificação e o design racional de terapias eficazes e intervenções de saúde pública que sejam inclusivas e sensíveis às possíveis necessidades de tratamento diferencial de ambos os sexos”, explicam os autores.

“As diferenças na função do sistema imunológico entre mulheres e homens podem ser um importante fator de diferenças de sexo na síndrome da covid longa. As mulheres montam respostas imunes inatas e adaptativas mais rápidas e robustas, que podem protegê-las da infecção inicial e da gravidade. No entanto, essa mesma diferença pode tornar as mulheres mais vulneráveis a doenças autoimunes prolongadas”.

Embora o número de participantes pareça grande, apenas 35 do total de 640.634 artigos na literatura forneceram dados desagregados por sexo com detalhes suficientes sobre sintomas e sequelas da doença de covid-19 para entender como mulheres e homens experimentam a doença de maneira diferente. 

Ao analisar o início precoce do covid-19, os resultados mostram que pacientes do sexo feminino eram muito mais propensas a apresentar transtornos de humor, como depressão, sintomas de ouvido, nariz e garganta, dor musculoesquelética e sintomas respiratórios. Pacientes do sexo masculino, por outro lado, eram mais propensos a sofrer de distúrbios renais — aqueles que afetam os rins. 

Os autores observam que essa síntese da literatura disponível está entre as poucas que detalham as condições de saúde específicas que ocorrem como resultado de doenças relacionadas à covid por sexo. Muitos estudos examinaram as diferenças entre os sexos na hospitalização, admissão na UTI, suporte ventilatório e mortalidade. Mas a pesquisa sobre as condições específicas causadas pelo vírus e seus danos a longo prazo ao corpo foram pouco estudadas quando se trata de sexo.

“Diferenças sexuais nos resultados foram relatadas durante surtos anteriores de coronavírus”, acrescentam os autores. “Portanto, as diferenças nos resultados entre mulheres e homens infectados com SARS-CoV-2 poderiam ter sido antecipadas. Infelizmente, a maioria dos estudos não avaliou ou relatou dados granulares por sexo, o que limitou os insights clínicos específicos do sexo que podem estar afetando o tratamento”.

Idealmente, dados desagregados por sexo devem ser disponibilizados mesmo que não seja o objetivo principal do pesquisador, para que outros pesquisadores interessados possam usar os dados para explorar diferenças importantes entre os sexos.

O artigo também observa fatores complicadores dignos de estudo adicional. Notavelmente, as mulheres podem estar em maior risco de exposição ao vírus em certas profissões, como enfermagem e educação. Além disso, “pode haver disparidades no acesso aos cuidados com base no gênero que podem afetar a história natural da doença, levando a mais complicações e sequelas”.

O estudo completo pode ser conferido no link.

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