JAMES WEBB

Telescópio James Webb mostra 1ª imagem do "campo profundo" do universo

Joe Biden, o presidente dos Estados Unidos, foi o convocado para apresentar ao mundo a primeira foto do telescópio James Webb — que pode mudar o entendimento do espaço

Ronayre Nunes
Talita de Souza
Cecília Sóter
Aline Gouveia
postado em 11/07/2022 19:24 / atualizado em 11/07/2022 19:41
 (crédito: Reprodução/YouTube)
(crédito: Reprodução/YouTube)

No começo da noite desta segunda-feira (11/7), finalmente foi divulgada a primeira imagem do telescópio James Webb. Ansiosamente aguardadas pela comunidade científica — e entusiasta do tema —, a liberação da foto pode mudar o entendimento do espaço. A imagem é um registro da região mais profunda já observada do universo pelos humanos.

Para divulgar a imagem, a Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos) requisitou o presidente Joe Biden. A priori, a exibição estava marcada para às 18h, mas foi adiada para as 18h30 (horário de Brasília) — e que só ocorreu após às 19h. O mandatário revelou a captação ao lado do administrador da Nasa, Bill Nelson, em um evento na Casa Branca.

A vice-presidente, Kamala Harris também estava no evento e fez questão de agradecer todos os envolvidos no projeto: "Eu estou honrada de estar com todos vocês. Eu e o presidente estamos muito animados de estar revelando algo tão esperado por tantos anos".

Mais técnico, Biden também elogiou o projeto: "É surpreendente para mim vê essa tecnologia. Observar de onde as estrelas nasceram. Quando essa imagem for divulgada ao mundo será um grande passo para a humanidade".

O presidente ainda completou: "Não existe nada além da nossa capacidade.Nós vamos para lugares onde ninguém nunca foi antes. A América é comandada por uma palavra: possibilidade".

Na prática, o que se vê na imagem é o aglomerado de galáxias SMACS 0723. Ele é conhecido por sua massa, com sua galáxia central pesando 358 bilhões de vezes a massa do nosso Sol. O SMACS 0723 está localizado a 4,2 bilhões de anos-luz de distância e sua enorme massa distorce o espaço-tempo, agindo como uma lente gravitacional que amplia galáxias ao fundo que são muito mais fracas e muito mais distantes.

Aglomerado de galáxias SMACS 0723 tem o tamanho de um grão de areia. "Esta fatia do vasto universo cobre um pedaço de céu aproximadamente do tamanho de um grão de areia segurado no comprimento de um braço por alguém no chão", informou a Nasa em comunicado de divulgação da imagem, que agora é o registro no espectro infravermelho mais nítido e profundo do universo distante.

James Webb
James Webb (foto: Reprodução)

Você pode assistir a transmissão completa abaixo:

Grandes expectativas para as imagens do James Webb

A expectativa é que o Webb, lançado ao espaço em 25 de dezembro de 2021, tenha alcançado a distância de 13,6 bilhões de anos do início do Universo, após ser submetido a uma observação da Constelação de Fornax por 125 horas.

Até então, o recorde de distância de um telescópio é do Hubble, que observou a galáxia GN-z11, localizada a cerca de 13,4 bilhões de anos-luz da Terra — uma média de 400 milhões de anos do início do Universo.

Quanto mais perto da distância da criação do Universo, maior as chances dos telescópios registrarem novos locais e vestígios estelares que ajudarão a entender como as galáxias foram criadas, como cresceram e se desenvolveram, além do surgimento dos buracos negros no espaço. Em geral, o telescópio Webb observará as galáxias mais antigas e distantes do espaço e trará um novo olhar sobre o Universo e o que ocorreu no início dele, por meio do uso da luz infravermelha.

Revelação de grande expectativa

O evento é uma espécie de introdução à divulgação oficial anunciada pela Nasa, marcada para esta terça-feira (12/7) às 11h. Os astrônomos revelam as imagens coloridas de alta resolução, sendo uma delas a “imagem mais profunda do nosso universo que já foi captada”, de acordo com Bill Nelson. Antes da divulgação, a Nasa preparou uma série de debates, rodas de conversa e comentários dos especialistas durante todo o dia.

“O lançamento dessas primeiras imagens marcam o início oficial das operações científicas do James Webb, as quais continuarão a explorar os temas essenciais científicos da missão. Vários times [de astrônomos] já se registraram [para usar o telescópio] por meio de um processo competitivo, no que especialistas referem-se como o seu ‘primeiro ciclo’, ou primeiro ano de observações”, diz trecho do comunicado da Nasa.

Webb captou imagens de cinco focos espaciais. Veja:

As fotografias que serão conhecidas nesta terça-feira (12/7) não foram tiradas a esmo. Os cientistas da Nasa escolheram cinco alvos espaciais que possuem indicadores para prover novas descobertas sobre o Universo.

O primeiro local é a Nebulosa de Eta Carinae, uma das maiores e mais brilhantes do céu. Essa nebulosa é um berçário estelar, entre seus tufos e nuvens nascem novas estrelas. Ela está localizada a 7.500 anos-luz da Terra.

Outra nebulosa que também será revelada é a NGC 3132: Nebulosa do Anel do Sul, a cerca de 2.000 anos-luz de distância. Ela é uma concha de gás em expansão de um sistema estelar binário onde uma estrela perdeu seu envelope gasoso e se transformou em uma anã branca.

O terceiro foco é o exoplaneta WASP-96b. O JWST apenas pegará um espectro dele, para entender em detalhes a composição de sua atmosfera. Este mundo distante está localizado a 1.150 anos-luz da Terra. Tem a metade da massa de Júpiter, mas orbita sua estrela em apenas 3,4 dias. Em 2018, foi determinado que este era o primeiro exoplaneta sem nuvens.

Um pouco mais distante, o Quinteto de Stephen, um dos mais antigos grupos compactos de galáxias conhecidas, também será revelado. Elas interagem umas com as outras há eras criando estruturas cheias de atividade cósmica. As galáxias estão localizadas a 290 milhões de anos-luz de distância.

Por último, o SMACS 0723, um aglomerado de galáxias conhecido por sua massa, com sua galáxia central pesando 358 bilhões de vezes a massa do nosso Sol. Ele está localizado a 4,2 bilhões de anos-luz de distância e sua enorme massa distorce o espaço-tempo, agindo como uma lente gravitacional que amplia galáxias ao fundo que são muito mais fracas e muito mais distantes.

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