SISTEMA SOLAR

'Tempestades solares' podem afetar sistemas de trens; entenda

O estudo produzido por cientistas do Reino Unido alertam sobre o poder que tempestades solares têm de causarem interferência no sistema eletrônico da ferrovia

Talita de Souza
postado em 14/07/2022 23:51 / atualizado em 14/07/2022 23:56
Estudo feito no Reino Unido revela que tempestades solares interferem em sistema de sinalização em trilhos de circulação de trens -  (crédito: Nick Fewings em Unsplash)
Estudo feito no Reino Unido revela que tempestades solares interferem em sistema de sinalização em trilhos de circulação de trens - (crédito: Nick Fewings em Unsplash)

Atrasos na chegada de trens ou suspensão dos serviços ferroviários são comumente relacionados à ocorrência de chuva ou até mesmo neve — em países onde ocorre o fenômeno natural. No entanto, pesquisadores da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, descobriram que o tempo limpo marcado por intensa atividade solar pode afetar os sistemas de sinalização das linhas dos veículos de transporte sobre trilhos.

O estudo apresentado no Encontro Nacional de Astronomia do Reino Unido, na última segunda-feira (11/7), revela que tempestades solares — eventos regulares causados pela liberação de radiação eletromagnética após erupções dentro do Sol, que atingem todo o Sistema Solar, inclusive a Terra, podem alterar os sistemas de sinalização das ferrovias que indicam a presença ou a ausência de um trem na linha.

A interferência ocorre porque grande parte da malha ferroviária de um país é guiada por uma espécie de semáforo com duas luzes, verde e vermelha, entre cruzamentos de trens, acionado automaticamente a partir da detecção de corrente elétrica. 

Quando o semáforo está verde, significa que não há trem nos quilômetros anteriores ao cruzamento e o veículo que precisa cruzar o caminho pode seguir em frente sem perigo. Já quando está vermelho, significa que um trem se aproxima e o motorista do outro veículo deve reduzir e até mesmo parar até que o primeiro trem passe com segurança.

Os pesquisadores explicam que os atrasos ocorrem porque a tempestade solar moderada ou forte produz uma corrente elétrica que é captada pelo sensor que comunica ao semáforo a presença de um trem, chamado relé. O problema é que o trem não está lá e, a depender da intensidade da tempestade solar, esse erro pode permanecer por muito tempo até ela enfraquecer ou a empresa que administra a malha ferroviária fazer uma averiguação extra no trecho para checar se a informação é verdadeira ou não.

No estudo feito pelos pesquisadores, em duas linhas da rede ferroviária do Reino Unido, as tempestades solares moderadas produziram uma força de campo elétrico de 2 volts por quilômetro e as fortes, o dobro disso. Mas há registros na Suécia de tempestades que produziram mais de 7 volts por quilômetro nas ferrovias.

Mais do que atrasos, os cientistas alertam sobre a possibilidade das tempestades solares causarem uma interferência tão grande que poderia causar acidentes. “Agora estamos trabalhando para analisar o caso em que os trens estão presentes na linha e quão forte uma tempestade precisa ser para transformar um sinal vermelho em verde – um cenário muito mais perigoso que pode levar a acidentes!”, alerta Cameron Patterson, pesquisador e autor do estudo.

Os pesquisadores também afirmam que os efeitos de tempestades mais fracas, que ocorrem com maior frequência do que as moderadas e fortes, sobre os sistemas eletrônicos terrestres não devem ser negligenciados, já que “podem degradar esses sistemas ao longo do tempo”.

 

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