Meio ambiente

Ártico esquenta quatro vezes mais rápido do que o resto da Terra

A superfície gelada da região ártica reflete parcialmente os raios do Sol (o efeito albedo), mas, com esse aquecimento acelerado, causado pelas mudanças climáticas, o gelo está derretendo

Correio Braziliense
postado em 12/08/2022 06:00
 (crédito: Jonathan NACKSTRAND/AFP)
(crédito: Jonathan NACKSTRAND/AFP)

Nas últimas quatro décadas, o Círculo Polar Ártico aqueceu a uma taxa quatro vezes mais rápida do que o resto do planeta, segundo um estudo publicado, ontem, na revista Nature Communications Earth & Environment. Os pesquisadores alertam que o fenômeno é mais grave do que se acreditava: cálculos anteriores indicavam que a medida de maior de aquecimento, conhecida como "amplificação do Ártico", era entre duas e três vezes maior do que no restante do globo.

A superfície gelada da região ártica reflete parcialmente os raios do Sol (o efeito albedo), mas, com esse aquecimento acelerado, causado pelas mudanças climáticas, o gelo está derretendo. Isso faz com que as camadas congeladas absorvam o calor em vez de devolvê-lo. E o excesso de água (vindo das regiões continentais e insulares do Círculo Polar) vai para a massa oceânica.

Uma equipe de especialistas na Noruega e na Finlândia analisou dados de temperatura coletados via satélite desde 1979, na região. Eles constataram que, nos últimos 40 anos, o Ártico vem aquecendo em média 0,75ºC a cada década. "Até agora, a crença era de que o Ártico estava se aquecendo duas vezes mais rápido que o resto do planeta. Então, fiquei um pouco surpreso quando nossos dados foram muito mais altos", disse Antti Lipponen, coautor do estudo e membro do Instituto Meteorológico Finlandês.

Variações

Os dados publicados mostram variações regionais significativas dentro do Círculo Polar Ártico. O setor eurasiático do Oceano Ártico, próximo aos arquipélagos de Svalbard (Noruega) e Nova Zembla (Rússia), aqueceu até 1,25º C por década, sete vezes mais que o resto do mundo. Os modelos mais avançados até agora previam um aumento de temperatura um terço menor do que o detectado.

Esses modelos de previsão climática na região estão evoluindo, explicaram os cientistas. "Talvez, o próximo passo seja reanalisar esses modelos. Eu gostaria de saber por que os modelos não reproduzem o que observamos e que impacto isso tem nas projeções futuras", disse Lipponen.

O pesquisador observa que o aquecimento da região do Ártico tem um impacto profundo nas comunidades locais e na vida selvagem, como os ursos polares. Além disso, o derretimento na Groenlândia está se aproximando de um ponto sem retorno, de acordo com alguns estudos. Essa massa de gelo contém água suficiente para elevar o nível do mar em até 6m em todo o planeta.

"A mudança climática é causada por humanos. À medida que o Ártico se aquece, suas geleiras derreterão, e isso afetará o nível do mar globalmente", explicou Lipponen. "Algo está acontecendo no Ártico e afetará a todos nós", acrescentou. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o nível do mar subiu 20cm desde 1900, e o fenômeno vem acelerando desde os anos de 1990.

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