Longevidade

Inibidor de insulina pode ser a fonte da juventude para as formigas, diz estudo

As formigas são uma exceção notável à troca entre reprodução e longevidade, já que suas rainhas, responsáveis pela reprodução de toda a colônia, vivem muito mais do que as operárias

Correio Braziliense
postado em 02/09/2022 06:00
 (crédito: Hua Yan/Divulgação )
(crédito: Hua Yan/Divulgação )

Uma proteína supressora de insulina pode ser a fonte da juventude para as formigas, fornecendo pistas sobre o envelhecimento em outras espécies, de acordo com um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Nova York. Publicado na revista Science, o artigo mostra que as rainhas apresentam alto metabolismo para reprodução sem passar pelo processo de degeneração, produzindo uma proteína anti-insulina.

A produção de ovos consome muita energia e requer alimentos extras, o que aumenta os níveis de insulina, hormônio que ajuda a converter a comida em energia, mas o incremento da atividade da via necessária para a reprodução leva a uma vida útil mais curta na maioria dos animais.

Em contraste, a restrição alimentar prolonga a vida, à medida que os níveis da substância são mantidos baixos. Alguns grupos de pesquisa, inclusive, estão explorando se o jejum melhora a longevidade.

As formigas são uma exceção notável à troca entre reprodução e longevidade, já que suas rainhas, responsáveis pela reprodução de toda a colônia, vivem muito mais do que as operárias, embora tenham o mesmo genoma. Nas Saltadoras harpegnathos, uma espécie saltadora nativa da Índia que foi o foco do estudo, a expectativa de vida da rainha é de cinco anos, contra apenas sete meses das demais integrantes da colônia.

Pseudorainhas

Quando a rainha harpegnathos morre, ocorre um evento peculiar: formigas operárias duelam entre si com suas antenas, competindo para se tornar a próxima soberana. Os vencedores mudam de "casta" e se tornam pseudorainhas, também conhecidas como gamergates, enquanto ainda permanecem no corpo (menor) de um trabalhador.

Pseudorainhas adquirem comportamentos semelhantes a rainhas, incluindo a postura de ovos, e sua expectativa de vida aumenta substancialmente de sete meses para quatro anos. Mas, se forem substituídas por outras, elas voltam ao status de trabalhadoras, param de botar ovos e sua longevidade é reduzida novamente.

Usando sequenciamento de RNA em massa, os pesquisadores estudaram amostras de tecidos de operárias e pseudorainhas, concentrando-se em partes da formiga envolvidas no metabolismo e na reprodução, incluindo o cérebro, o fígado e os ovários. Eles descobriram que os animais que mudaram de casta produzem mais insulina para produzir ovos.

O aumento da insulina induz o desenvolvimento do ovário, que então começa a produzir uma proteína supressora de insulina chamada Imp-L2, que participa de um mecanismo de controle do envelhecimento. Uma atividade aumentada, leva ao encurtamento da vida útil. Porém, com sua inibição, há aumento da longevidade. "Essa interação, que evoluiu em formigas e talvez em outros insetos, pode contribuir para a longevidade incomum, apesar dos muitos descendentes em formigas reprodutivas", disse Hua Yan, co-autor do estudo.

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