Astronomia

Neutrinos mostram vislumbres das profundezas internas de uma galáxia ativa

Os registros inéditos foram obtidos pelo Observatório de Neutrino IceCube na Antártida. Os neutrinos podem escapar em grande número de ambientes extremamente densos no universo

Correio Braziliense
postado em 04/11/2022 17:21 / atualizado em 04/11/2022 17:21
 (crédito: Josh Veitch-Michaelis, IceCube/NSF)
(crédito: Josh Veitch-Michaelis, IceCube/NSF)

Pela primeira vez, uma equipe internacional de cientistas encontrou evidências de emissão de neutrinos de alta energia da galáxia NGC 1068, também conhecida como Messier 77. Os neutrinos são partículas subatômicas sem carga elétrica e que interagem com outras partículas apenas por meio da gravidade e de uma força nuclear.

Essa detecção de neutrinos correu no Observatório de Neutrino IceCube na Antártida. “O IceCube acumulou cerca de 80 neutrinos de energia teraelectronvolt do NGC 1068, que ainda não são suficientes para responder a todas as nossas perguntas, mas definitivamente são o próximo grande passo para a realização da astronomia de neutrinos”, explica Francis Halzen, investigador principal do Observatório.

Segundo o especialista, apesar de um neutrino demonstrar que existe uma fonte em uma galáxia apenas uma observação com vários neutrinos pode revelar o núcleo obscuro dos objetos cósmicos mais energéticos. Ao contrário da luz, os neutrinos podem escapar em grande número de ambientes extremamente densos no universo e chegar à Terra em grande parte sem serem perturbados pela matéria e pelos campos eletromagnéticos que permeiam o espaço extragaláctico.

  • Messier 77 e Cetus no céu. Jack Parin, IceCube/NSF; NASA/ESA/A. van der Hoeven
  • Imagem do Hubble da galáxia espiral NGC 1068. NASA/ESA/A. van der Hoeven

Já sobre a galáxia NGC 1068, ela se assemelha à Via Láctea por ser uma galáxia espiral barrada, com "braços" frouxamente enrolados e uma protuberância central relativamente pequena. No entanto, as características se divergem porque a NGC 1068 é uma ativa onde a maior parte da radiação não é produzida por estrelas, mas causada quando o material cai em um buraco negro milhões de vezes mais massivo que o nosso Sol e ainda mais massivo que o buraco negro inativo no centro da nossa galáxia.

“Modelos recentes dos ambientes de buracos negros nesses objetos sugerem que gás, poeira e radiação devem bloquear os raios gama que de outra forma acompanhariam os neutrinos”, pontua Hans Niederhausen um dos principais analisadores do estudo sobre neutrinos. "Esta detecção de neutrinos do núcleo de NGC 1068 melhorará nossa compreensão dos ambientes em torno de buracos negros supermassivos.", indica também. 

As descobertas, que foram reportadas na revista científica Science nesta sexta-feira (4/11) — e que pode ser lido na íntegra neste link —, representam uma melhoria significativa em um estudo anterior sobre NGC 1068 publicado em 2020, de acordo com Ignacio Taboada, porta-voz da IceCube Collaboration. “Parte dessa melhoria veio de técnicas aprimoradas e parte de uma atualização cuidadosa da calibração do detector”, afirma. “O trabalho das equipes de operações e calibrações do detector permitiu melhores reconstruções direcionais de neutrinos para identificar com precisão o NGC 1068 e permitir essa observação", garante ele. 

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