BIOLOGIA

Corpo de Gregor Mendel, pai da genética, é desenterrado para análise de DNA

O biólogo completaria 200 anos em 2022 e, por isso, pesquisadores decidiram exumar o corpo como forma de homenagem

Correio Braziliense
postado em 03/01/2023 12:11 / atualizado em 03/01/2023 12:13
 (crédito: Evy Drozdov/Masaryk University)
(crédito: Evy Drozdov/Masaryk University)

Pesquisadores da Universidade Masaryk, na Ucrânia, da Abadia Agostiniana e de outras organizações se reuniram para exumar o corpo de Gregor Mendel, pai da genética, para análise de DNA.

Gregor Mendel foi um frade agostiniano nascido no Império Austríaco que conseguiu decifrar algumas das regras da hereditariedade por meio de uma meticulosa série de experimentos em plantas de ervilha entre 1856 e 1863.

O trabalho de Mendel foi o primeiro a estabelecer as leis da herança biológica, algo que agora é conhecido como herança mendeliana. O mecanismo molecular por trás da herança — DNA —, no entanto, veio a ser compreendido apenas de várias décadas após sua morte.

Em seu aniversário de 200 anos no ano passado, os pesquisadores decidiram, então, explorar o corpo de Mendel usando as mesmas ideias que ele colocou em movimento.

“Mendel foi uma personalidade renascentista absolutamente excepcional e multidisciplinar, com ideias à frente de seu tempo. É também por isso que demos nosso consentimento para exumação e pesquisa científica, para que seu legado permaneça vivo e conhecido do público. A República Tcheca, a humanidade, mas especialmente o próprio Mendel, claramente merece isso. Especialmente porque não recebeu reconhecimento científico durante sua vida”, disse Paul Graham, Assistente Geral do Conselho Geral da Cúria, em dezembro de 2021.

Em fevereiro de 2022, o corpo de Gregor foi encontrado e recuperado de um túmulo agostiniano no Cemitério Central de Brno, na República Tcheca. Além de observar que o esqueleto tinha 1,68 metros de altura, os pesquisadores relataram que o crânio continha um “cérebro extraordinariamente grande”.

“Ficamos agradavelmente surpresos porque estávamos um pouco preocupados em não encontrar Mendel. Mas descobrimos todo o seu esqueleto em um caixão; ele até usava roupas e sapatos”, disse Eva Drozdová, do Laboratório de Antropologia Biológica e Molecular da Universidade Masaryk.

Depois de deixar os restos secarem em uma sala especializada, a equipe começou a obter DNA de seus dentes e ossos. Ao comparar as amostras com o DNA coletado de itens pessoais do falecido frade armazenados no Museu Mendel, eles puderam confirmar que esse corpo era de fato Mendel.

Um artigo recente da revista científica NPR relata que ainda mais descobertas do estudo genético foram reveladas. Um mergulho profundo no genoma de Mendel mostrou que ele tinha variantes genéticas ligadas a diabetes, problemas cardíacos e doenças renais.

Ele também tinha um gene associado à epilepsia e problemas neurológicos. Talvez, especulam os pesquisadores, isso possa explicar alguns dos sintomas psicológicos e neurológicos que ele sofreu durante sua vida.

Quanto ao dilema ético de exumar o corpo de Mendel sem o seu consentimento explícito, os pesquisadores dizem ter poucas dúvidas de que ele não teria nada contra o uso de seu corpo para pesquisas científicas.

Com informações do IFLScience.

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