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GEOLOGIA

Estrutura 'Olho do Saara' ainda é um mistério geológico para cientistas

Em 2022, o Olho de Saara foi reconhecido como sítio patrimônio geológico pela União Internacional de Ciências Geológicas

O Olho de Saara, também conhecido como Estrutura Richat, é uma cratera com formato circular no meio do deserto de Saara, em Mauritânia, no noroeste da África. Essa formação tem aproximadamente 50km de diâmetro e, inicialmente, os cientistas acreditavam que era resultado de um evento de impacto — isto é, de uma colisão entre objetos astronômicos, como sistemas planetários, asteroides, cometas ou meteoros.

Divulgação/Nasa - O Olho de Saara é localizado em Mauritânia, no noroeste da África

Entretanto, estudos posteriores mostraram que a formação dessa estrutura data do final do tempo Proterozóico, há cerca de 1 bilhão e 542 milhões anos, fase em que o oxigênio se acumulou na litosfera gerando óxidos como silício e ferro. O Olho de Saara trata-se, portanto, de uma cúpula geológica elevada, também conhecida como anticlinal abobadado.

"Ao longo do tempo, diferentes taxas de erosão entre vários tipos de rocha na cúpula superior exposta levaram à formação de cristas circulares conhecidas como cuestas (encostas)", explica a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa). Por causa do tamanho, o Olho de Saara só é visualizado melhor do espaço.

A estrutura dessa cúpula geológica é formada por rochas sedimentares e ígneas (magnéticas) que interessa e intriga os geólogos desde a descoberta em 1965, por meio da missão espacial Gemini IV, da Nasa. Em 2022, o Olho de Saara foi reconhecido como sítio patrimônio geológico pela União Internacional de Ciências Geológicas ((IUGS, sigla em inglês).

A estrutura é foco de constante estudo. Em 2014, pesquisadores sugeriram que a separação do supercontinente Pangeia desempenhou um papel fundamental na formação do Olho de Saara. "A herança estrutural desempenhou um papel importante na história do complexo de Richat. Anisotropias pré-existentes atuaram como um caminho para a ascensão de fusões astenosféricas e subcontinentais e permitiram a coexistência de magmas alcalinos e toleíticos dentro do mesmo complexo ígneo", escreveram os autores do estudo publicado no Journal of African Earth Sciences. A pesquisa pode ser acessada na íntegra neste link.

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