Ciência e Saúde

'Exame de sangue salvou minha vida': o relato de uma jovem paciente com câncer

Segundo a ONG Teenage Cancer Trust, de apoio a pessoas jovens com câncer no Reino Unido, 56% das pessoas com idade entre 18 e 24 anos desconhecem quais são os cinco sinais e sintomas da doença em que devem ficar de olho

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postado em 03/02/2023 19:57 / atualizado em 03/02/2023 19:57

"Um simples exame de sangue salvou minha vida", diz a britânica Nella Pignatelli, de 24 anos, após ser diagnosticada com leucemia há 18 meses.

Inicialmente, diz ela, pensou estar com covid longa, uma vez que se sentia cansada e sem fôlego ao caminhar.

"Comecei em um novo emprego e me sentia muito cansada o tempo todo, mas associava tudo o que estava acontecendo comigo às coisas que aconteciam na minha vida", diz.

"Quando tive dois sangramentos nasais que duraram uma hora, cheguei a um ponto em que, depois de três meses lidando com os sintomas, estava ficando louca."

A história de Pignatelli guarda semelhanças com a da escritora brasileira Duda Riedel, de 27 anos. Ela também se queixava de cansaço excessivo.

Após sucessivas idas a hospitais e erros de diagnóstico, um exame de sangue apontou finalmente que Riedel tinha leucemia.

Segundo a ONG Teenage Cancer Trust, de apoio a pessoas jovens com câncer no Reino Unido, 56% das pessoas com idade entre 18 e 24 anos desconhecem quais são os cinco sinais e sintomas da doença em que devem ficar de olho.

Quais são os sinais de câncer?

Os mais reconhecíveis dentro desta faixa etária são:

  • protuberâncias, caroços e inchaços;
  • cansaço inexplicável;
  • mudanças em manchas corporais;
  • dor;
  • mudança significativa de peso.

Metade das 2 mil pessoas entrevistadas também admitiram que adiaram a ida ao médico por questões de saúde, e muitas alegaram que fizeram isso com medo de descobrir o que havia de errado com elas.

Outras razões apresentadas incluíam ser muito difícil conseguir uma consulta e temores de que estivessem desperdiçando o tempo do médico.

'Você conhece seu corpo'

Nella foi ao médico para fazer um exame de sangue, seguido de um teste de medula óssea, que revelou que ela tinha leucemia aguda e precisava de quimioterapia imediata.

Leucemia é o nome dado à doença maligna que afeta os leucócitos — células do sangue e da medula óssea responsáveis pela defesa do nosso organismo.

Estas células doentes se acumulam na medula óssea, substituindo as células saudáveis.

São vários os tipos de leucemia: linfoide ou mieloide, aguda ou crônica. E há quatro tipos principais: leucemias mieloides agudas (LMA), leucemias linfoides agudas (LLA), leucemia mieloide crônica (LMC) e leucemia linfoide crônica (LLC).

A leucemia aguda progride de forma rápida e agressiva e geralmente requer tratamento imediato.

"Você conhece seu corpo melhor do que ninguém — lamento não ter procurado ajuda antes, porque, se tivesse feito isso, teria sido tratada mais rapidamente", diz ela.

Lauren Aneesa Angrish também não sabia quais são os principais sinais a serem observados quando se trata de identificar o câncer.

A jovem de 25 anos também atribuiu a sensação de cansaço e tosse e resfriados regularmente à sua "vida agitada".

"A princípio pensei que estava sobrecarregada e precisava tirar férias", conta ela à BBC.

Trabalhando como maquiadora, ela podia fazer bronzeamento artificial no trabalho gratuitamente e pensou que essa poderia ser a razão pela qual começou a desenvolver uma erupção cutânea.

"Parei de me bronzear e a erupção piorou ainda mais, começou nas pernas e depois se espalhou literalmente por todo o corpo — nas pálpebras e no rosto", diz ela.

Lauren tomou esteroides para remover a erupção cutânea, mas os sintomas continuaram a piorar, então foi ao pronto-socorro e pediu um exame de sangue.

Lauren Aneesa Angrish
Lauren Aneesa Angrish
Lauren foi diagnosticada com leucemia há três anos

'Não se estresse ou se preocupe'

No dia seguinte, ela foi contatada e posteriormente diagnosticada com leucemia aguda, para a qual teve que se submeter a um tratamento, incluindo um transplante de células-tronco.

Como Nella, Lauren também quer encorajar as pessoas preocupadas a marcar uma consulta com seu médico de família.

"Qualquer problema de saúde, qualquer preocupação — até mesmo uma pequena mancha corporal que mudou de cor, diria para não se estressar ou se preocupar com isso, apenas se certifique de verificar."

O tratamento para leucemia depende do tipo e em que fase a doença é descoberta. Pode envolver quimioterapia, imunoterapia, radioterapia, transplante de medula óssea ou a associação de diferentes tratamentos.

A enfermeira-chefe do Teenage Cancer Trust, Louise Soanes, diz: "Pode ser assustador pensar em câncer, especialmente se você é jovem, mas a doença pode acometer qualquer pessoa de qualquer idade."

"Sempre ouça seu corpo e, se tiver dúvidas, nunca tenha medo de procurar ajuda — a probabilidade é que não seja câncer, mas é sempre melhor verificar."

No Reino Unido, estima-se que 2,4 mil novos casos de câncer em jovens sejam registrados todos os anos, mas isso representa menos de 1% de todos os novos casos.

Diagnósticos de câncer vêm aumentando, com projeções indicando que o número de pessoas diagnosticadas com câncer aumentará em um terço até 2040.

O levantamento da Cancer Research UK, instituição sem fins lucrativos baseada no Reino Unido e dedicada à pesquisa do câncer, mostra que, se as tendências atuais continuarem, os casos de câncer aumentarão dos 384 mil casos por ano atualmente para 506 mil em 2040.

Acredita-se que a maior parte do aumento se deva ao envelhecimento da população, porque as pessoas mais velhas têm maior probabilidade de contrair câncer.

No entanto, o tabagismo e a obesidade também estão contribuindo para o aumento e são as duas maiores causas evitáveis ??de câncer, diz a entidade.

Brasil

Segundo o Atlas da Mortalidade por Câncer, 6.738 pessoas morreram devido à leucemia no Brasil em 2020 (data do último levantamento divulgado), sendo 3.703 homens e 3.035 mulheres.

Estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que, para 2022, eram esperados 11.540 novos registros da doença, sendo a maioria, cerca de 6 mil, em homens.

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