Vênus

Cientistas da Nasa detectam atividade vulcânica em Vênus; veja

Pesquisadores constataram que o planeta tem vulcanismo ativo, uma vez que, entre 1990 e 1992, uma abertura vulcânica duplicou de tamanho, indicando que ocorreu erupção

Correio Braziliense
postado em 15/03/2023 22:39 / atualizado em 15/03/2023 22:39
 (crédito: NASA/JPL-Caltech)
(crédito: NASA/JPL-Caltech)

Uma nova análise de imagens registradas entre os anos 1990 e 1992 revelou que Vênus tem vulcanismo ativo. A espaçonave da Nasa, Magellan, observou o vulcão Maat Mons duas vezes no início da década de 1990 e constatou que, no intervalo de 243 dias entre uma observação e outra, a abertura vulcânica cresceu de 2,2 para 4 quilômetros quadrados, o que, segundo os cientistas, significa que ocorreu uma erupção.

Os pesquisadores que constataram a movimentação vulcânica relataram o caso na revista científica Science e na Lunar and planetary science conference em The Woodlands, no Texas, nesta quarta-feira (15/3). De acordo com eles, já existia uma suspeita de que Vênus fosse vulcanicamente ativo, já que o planeta tem o mesmo tamanho e massa da Terra e, por consequência, deve ter uma quantidade semelhante de calor.

Esse calor precisa escapar da superfície de alguma forma. Ao longo de anos os cientistas procuraram por vulcanismo ativo em Vênus, mas esta é a primeira vez em que os estudiosos conseguiram evidências mais concretas da atividade vulcânica no planeta. “Nós simplesmente nunca tivemos algo que possamos apontar. E agora temos”, o cientista planetário Paul Byrne, da Universidade de Washington em St. Louis, que não esteve envolvido no novo trabalho, durante a conferência no Texas.

Os pesquisadores acreditam que ainda existe erupção ativa em Vênus e, a partir disso, têm uma ideia do que esperar para as próximas missões espaciais no planeta. “Não há como você ter um planeta tão grande que estava fazendo algo há 30 anos e parou”, afirmou Byrne. “Definitivamente ainda está ativo hoje”, garantiu.

  • Os dados de altitude para a região de Maat e Ozza Mons na superfície de Vênus são mostrados à esquerda, com a área de estudo indicada pela caixa preta. À direita estão as observações de Magalhães antes (A) e depois (B) da abertura expandida em Maat Mons, com possíveis novos fluxos de lava após um evento eruptivo. Robert Herrick/UAF
  • Este mapa global anotado e simulado por computador da superfície de Vênus é montado a partir de dados das missões Magellan e Pioneer Venus Orbiter da NASA. Maat Mons, o vulcão que exibiu sinais de uma erupção recente, está dentro do quadrado preto perto do equador do planeta. NASA/JPL-Caltech
  • Este modelo 3D gerado por computador da superfície de Vênus mostra o cume de Maat Mons, o vulcão que está exibindo sinais de atividade. Um novo estudo descobriu que uma das aberturas de Maat Mons aumentou e mudou de forma durante um período de oito meses em 1991, indicando a ocorrência de um evento eruptivo. NASA/JPL-Caltech

Erupção detectada a partir de análise minuciosa

O cientista planetário Robert Herrick, da Universidade do Alasca, localizada em Fairbanks, detectou a atividade vulcânica em Vênus após analisar, minuciosamente, imagens das regiões venusianas consideradas mais prováveis de serem vulcanicamente ativas e observar mudanças na superfície. “Esta foi uma busca de agulha no palheiro, sem garantia de que a agulha existe”, comentou Herrick.

Nas últimas décadas, muitas evidências, consideradas circunstanciais, de erupções em Vênus foram relatadas, mas tem sido difícil dizer se alguma mudança em particular foi em decorrência da geologia real no solo ou apenas uma miragem. Inclusive, de acordo com os cientistas que acompanham alterações no planeta, inúmeras dessas diferenças relatadas se devem apenas aos diferentes ângulos de visão captados pela espaçonave Magellan.

“Fundamentalmente, olhar para essas imagens é muito difícil”, explicou o cientista Scott Hensley, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em Pasadena, na Califórnia. “Não é como se as pessoas não tivessem procurado [por vulcanismo ativo]. As pessoas têm procurado ao longo dos anos”, ressaltou.

As mudanças capturadas pela Magellan entre 1990 e 1992, por si só, não foram suficientes para convencer os pesquisadores Hensley e Herrick de que estavam vendo evidências de vulcanismo ativo. Por isso, eles submeteram essas imagens a alguns testes. Hensley executou mais de 100 simulações de computador de como o vulcão Maat Mons teria aparecido para Magellan, sob diferentes ângulos. “Nenhum deles jamais se pareceu com a bolha de 4 quilômetros quadrados no segundo ciclo”, frisou Hensley.

A partir dessas análises, Hensley concluiu que as mudanças registradas pela espaçonave eram reais. Essas alterações na forma do vulcão sugerem que ele, provavelmente, não explodiu, mas sim foi uma erupção que teve uma longa e lenta drenagem de lava do vulcão, semelhante ao que aconteceu em Kilauea, no Havaí, em 2018 , só que maior, de acordo com o cientista.

“A parte legal é que isso significa que Vênus está vulcanicamente ativo agora. Nessas próximas missões, veremos as coisas acontecendo”, antecipou Herrick. “Já tínhamos planos de tentar buscar coisas novas e mudanças com o tempo em ambas as missões, agora sabemos que isso é uma coisa valiosa a se fazer”, reforçou.

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