EXPLORAÇÃO ESPACIAL

James Webb detecta redemoinhos em volta de planeta que orbita dois sóis

Chamado de VHS 1256b, o exoplaneta orbita dois sóis e está cerca de quatro vezes mais distante deles do que Plutão está do Sol da Terra

Talita de Souza
postado em 23/03/2023 15:55 / atualizado em 23/03/2023 15:57
Esta ilustração conceitualiza as nuvens rodopiantes identificadas pelo Telescópio Espacial James Webb na atmosfera do exoplaneta VHS 1256 b. Suas nuvens, cheias de poeira de silicato, estão constantemente subindo, se misturando e se movendo durante o dia de 22 horas. -  (crédito: NASA, ESA, CSA, Joseph Olmsted (STScI))
Esta ilustração conceitualiza as nuvens rodopiantes identificadas pelo Telescópio Espacial James Webb na atmosfera do exoplaneta VHS 1256 b. Suas nuvens, cheias de poeira de silicato, estão constantemente subindo, se misturando e se movendo durante o dia de 22 horas. - (crédito: NASA, ESA, CSA, Joseph Olmsted (STScI))

O telescópio espacial James Webb detectou um fenômeno poderoso e “dramático” fora do Sistema Solar: uma tempestade de poeira que criava redemoinhos em volta de um planeta situado a cerca de 40 anos-luz de distância da Terra. Chamado de VHS 1256b, o exoplaneta orbita dois sóis e está cerca de quatro vezes mais distante deles do que Plutão está do Sol da Terra.

O observador também detectou presença de água, metano, monóxido de carbono e evidências de dióxido de carbono na atmosfera do objeto — o maior número de moléculas identificadas de uma só vez em um exoplaneta fora do Sistema Solar.

A análise dos dados obtidos por Webb ao observar o VHS 1256b foi feita por uma equipe de cientistas da Universidade do Arizona, que observaram que os redemoinhos são causados por uma tempestade de poeira formada por silicato — pequenos grãos compostos de silício e oxigênio, que integram a base da maioria dos minerais rochosos.

Ou seja, as tempestades em volta do planeta não são como as que vemos em território desérticos, nas quais a areia compõe o fenômeno: no VHS 1256b as nuvens arenosas são pedaços de rochas de diferentes tamanhos.

“Os grãos de silicato mais finos em sua atmosfera podem ser mais parecidos com minúsculas partículas na fumaça. Já os grãos maiores podem ser mais como partículas de areia muito quentes e muito pequena”, explicou Beth Biller, coautora do estudo que compilou as descobertas feitas por Webb, ao canal de imprensa da Nasa.

Para os astrônomos, o caos em volta do planeta é ocasionado por dois fatores: a temperatura escaldante de 830 graus Celsius e a idade jovem (150 milhões de anos). Os dois fatores causam instabilidade, que causa um movimento intenso que torna VHS, de acordo com os especialistas, “o objeto de massa planetária mais variável conhecido até hoje”.

Beth Biller diz que os dados iniciais obtidos por Webb, por meio dos equipamentos o Espectrógrafo de infravermelho próximo (NIRSpec) e o Instrumento de infravermelho médio (MIRI) do telescópio, com poucas horas de observação. ainda não foram completamente estudados. “Há um enorme retorno em uma quantidade muito modesta de tempo de telescópio. Com apenas algumas horas de observações, temos o que parece ser um potencial infinito para descobertas adicionais”, disse a cientista.

A tendência é de que, com o passar dos tempos, o envelhecimento do planeta cause o resfriamento dele e as tempestades deixem de existir, o que mudará, provavelmente, a dinâmica interior e orbital do objeto. Por isso, os cientistas afirmam que desejam continuar a explorar VHS ao longo dos anos.

O exoplaneta foi descoberto pela primeira vez pelo telescópio Vista, em funcionamento no Chile, que observou que a massa do objeto é de 12 a 18 vezes maior do que a massa de Júpiter. No entanto, o telescópio terrestre não foi capaz de obter informações detalhadas sobre o planeta e atmosfera em volta, o que James Webb conseguiu com facilidade.

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