ASTRONOMIA

James Webb descobre mais anéis de poeira ao redor da estrela Fomalhaut

A observação dos padrões desses anéis ajudará a entender os processos de formação planetária

Cecília Sóter
postado em 08/05/2023 16:57 / atualizado em 08/05/2023 16:58
Esta imagem do disco de detritos empoeirados em torno da jovem estrela Fomalhaut é do Instrumento de infravermelho médio (MIRI) de Webb. Ele revela três cinturões aninhados que se estendem a 14 bilhões de milhas (23 bilhões de quilômetros) da estrela. As faixas internas – que nunca haviam sido vistas antes – foram reveladas por Webb pela primeira vez. -  (crédito: NASA, ESA, CSA, A. Gáspár (Universidade do Arizona))
Esta imagem do disco de detritos empoeirados em torno da jovem estrela Fomalhaut é do Instrumento de infravermelho médio (MIRI) de Webb. Ele revela três cinturões aninhados que se estendem a 14 bilhões de milhas (23 bilhões de quilômetros) da estrela. As faixas internas – que nunca haviam sido vistas antes – foram reveladas por Webb pela primeira vez. - (crédito: NASA, ESA, CSA, A. Gáspár (Universidade do Arizona))

Um grupo de astrônomos da Universidade do Arizona descobriu, com o auxílio do telescópio espacial James Webb, novos discos que circundam a estrela Fomalhaut. Anteriormente, havia sido localizado apenas um cinturão de poeira ao redor do astro. O artigo foi publicado, nesta segunda-feira (8/5), na revista científica Nature Astronomy.

A Fomalhaut é a estrela mais brilhante da constelação de Peixe Austral, está a aproximadamente 25 anos-luz da Terra e tem cerca de 440 milhões de anos. Os cinturões que se estendem a 23 bilhões de quilômetros dela (150 vezes a distância do Sol em relação à Terra) são formados por detritos de colisões de corpos rochosos maiores, análogos a asteroides e cometas, e são frequentemente descritos como "discos de detritos".

“Eu descreveria Fomalhaut como o arquétipo dos discos de detritos encontrados em outras partes da nossa galáxia, porque tem componentes semelhantes aos que temos em nosso próprio sistema planetário”, disse András Gáspár, da Universidade do Arizona em Tucson e principal autor do artigo.

Ele destaca que a observação dos padrões desses anéis ajudará a entender os processos de formação planetária, justamente por conta desses componentes.

"Ao olhar os padrões dos anéis, podemos começar a esboçar como um sistema planetário pode ser — se conseguirmos uma imagem profunda o suficiente para ver os planetas suspeitos", acrescenta Gáspár.

Esta imagem do disco de detritos empoeirados em torno da jovem estrela Fomalhaut é do Instrumento de infravermelho médio (MIRI) de Webb. Ele revela três cinturões aninhados que se estendem a 14 bilhões de milhas (23 bilhões de quilômetros) da estrela. As faixas internas – que nunca haviam sido vistas antes – foram reveladas por Webb pela primeira vez. Os rótulos à esquerda indicam os recursos individuais. À direita, uma grande nuvem de poeira é destacada e os destaques a mostram em dois comprimentos de onda infravermelhos: 23 e 25,5 mícrons.
Esta imagem do disco de detritos empoeirados em torno da jovem estrela Fomalhaut é do Instrumento de infravermelho médio (MIRI) de Webb. Ele revela três cinturões aninhados que se estendem a 14 bilhões de milhas (23 bilhões de quilômetros) da estrela. As faixas internas – que nunca haviam sido vistas antes – foram reveladas por Webb pela primeira vez. Os rótulos à esquerda indicam os recursos individuais. À direita, uma grande nuvem de poeira é destacada e os destaques a mostram em dois comprimentos de onda infravermelhos: 23 e 25,5 mícrons. (foto: NASA, ESA, CSA, A. Gáspár (Universidade do Arizona))

O primeiro anel foi descoberto ao redor da Fomalhaut em 1983. Tem quase o dobro da escala do Cinturão de Kuiper. Graças à luz infravermelha do James Webb, os cinturões internos foram localizados.

"Onde o Webb realmente se destaca é que somos capazes de resolver fisicamente o brilho térmico da poeira nessas regiões internas. Assim, você pode ver cinturões internos que nunca poderíamos ver antes", explicou Schuyler Wolff, outro membro da equipe da Universidade do Arizona.

Segundo a Nasa, esses cinturões são provavelmente esculpidos pelas forças gravitacionais produzidas por planetas invisíveis, assim como em astros do nosso sistema solar. 

"Os cinturões ao redor de Fomalhaut são uma espécie de romance de mistério: onde estão os planetas?", brincou George Rieke, outro membro da equipe e líder científico dos EUA para o Mid-Infrared Instrument (MIRI) de Webb, que fez essas observações. “Acho que não é um salto muito grande dizer que provavelmente existe um sistema planetário realmente interessante em torno da estrela", completou.

As imagens captadas pelo telescópio espacial mostraram o que eles chamaram de “a grande nuvem de poeira”, que pode ser evidência de uma colisão ocorrendo no anel externo entre dois corpos protoplanetários.

A ideia de um disco protoplanetário em torno de uma estrela remonta ao final dos anos 1700, quando os astrônomos Immanuel Kant e Pierre-Simon Laplace desenvolveram, independentemente, a teoria de que o Sol e os planetas se formaram a partir de uma nuvem de gás em rotação que colapsou e se achatou devido à gravidade. Os discos de detritos se desenvolvem depois, seguindo a formação de planetas e a dispersão do gás primordial nos sistemas. 

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