neurociência

Novo medicamento para Alzheimer retarda estágio inicial da doença; entenda

Droga ainda não foi liberada e está em fase de testes, que mostraram resultados significativos na redução de sintomas cognitivos

Um novo medicamento, chamado donanemab, mostrou resultados significativos no tratamento do Alzheimer. Em fase de teste, o remédio mostrou que o uso, durante aproximadamente um ano, levou a uma progressão significativamente mais lenta da doença. A droga está sendo desenvolvida pela farmacêutica Eli Lilly and Company, nos Estados Unidos.

Os resultados, divulgados por meio de estudo publicado nesta segunda-feira (17/7), foram sentidos em estágios iniciais da doença, em que proteína patológica tau, conhecida por ser uma característica da doença de Alzheimer, está em níveis mais baixos. “Este é realmente um ponto de virada na luta contra a doença de Alzheimer e a ciência está provando que é possível retardar a doença”, afirmou Richard Oakley, diretor associado de pesquisa da Alzheimer's Society.

“Os resultados completos corroboram que a droga é capaz de retardar a progressão da doença de Alzheimer em mais de 20%. Este estudo aumenta a evidência crescente de que tratar as pessoas o mais cedo possível pode ser mais benéfico, com os efeitos do donanemab maiores em pessoas que estavam em um estágio inicial da doença”, ressaltou Oakley.

O diretor da Alzheimer's Society classificou a descoberta como “um momento decisivo”. "Tratamentos como o donanemab são os primeiros passos para um futuro em que a doença de Alzheimer pode ser considerada uma condição de longo prazo, juntamente com diabetes ou asma. As pessoas podem ter que viver com isso, mas podem ter tratamentos que lhes permitam controlar efetivamente seus sintomas e continuar a viver uma vida plena”, declarou.

Estudou analisou mais de 1700 pacientes

O estudo recrutou, originalmente, 1.736 pessoas que apresentavam os primeiros sintomas do Alzheimer. Metade do grupo recebeu infusões mensais do medicamento, por um período total de 72 semanas, enquanto a outra metade recebeu um placebo. O acompanhamento clínico durou 76 semanas e mostrou que o tratamento levou a uma progressão mais lenta da doença.

Apesar de promissor, o medicamento, como qualquer outro, apresenta riscos. No estudo donanemab, três participantes que foram diagnosticados com uma condição chamada Anormalidades de Imagem Relacionadas à Amilóide ( ARIA ) morreram posteriormente. Essa condição é rara e aparentemente maior em pessoas com mutações genéticas, então os médicos envolvidos no desenvolvimento do remédio recomendam a realização de um teste genético antes de iniciar o tratamento com a nova droga.

Além do risco envolvendo a condição rara, efeitos colaterais leves são comuns. Mesmo assim, a sociedade médica internacional considera que a droga é um avanço significativo na corrida em busca de tratamento para doenças neurológicas. Segundo Susan Kohlhaas, Diretora Executiva de Pesquisa e Parcerias da Alzheimer's Research UK, os resultados são “outro marco”, que ressalta que “as perspectivas para a demência e seu impacto nas pessoas e na sociedade estão finalmente mudando”.

O remédio ainda não foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) — A Anvisa norte-americana —, mas especialistas acreditam que, provavelmente, deve receber a autorização para comercialização. Se isso acontecer, será o terceiro medicamento desse tipo disponibilizado para uso mais amplo.

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