Medicina

Wegovy: droga para emagrecer reduz o risco de complicações cardíacas

Efeito é observado após aplicação semanal do Wegovy, segundo testes conduzidos pela fabricante Nova Nordik. Voluntários apresentaram menos casos de morte, infarto e acidentes vasculares cerebrais

Isabella Almeida
postado em 09/08/2023 03:55
Teste considerou a aplicação subcutânea da  semaglutida: ação sistêmica  -  (crédito:  Reprodução/Freepik)
Teste considerou a aplicação subcutânea da semaglutida: ação sistêmica - (crédito: Reprodução/Freepik)

Um novo medicamento destinado a pacientes com obesidade, o Wegovy, reduz em 20% os riscos de eventos cardiovasculares adversos graves (MACEs, na sigla em inglês). O resultado, anunciado ontem, foi obtido em um grande teste, realizado pela fabricante, que contou com a participação de 17.604 adultos com 45 anos ou mais, doença cardiovascular estabelecida, acometidos por sobrepeso ou obesidade, mas sem histórico prévio de diabetes.

O estudo comparou o uso da semaglutida, princípio ativo do remédio, aplicada de forma subcutânea, em dose semanal de 2,4 mg, com um placebo. A intenção era verificar de que forma a droga agia em complemento ao tratamento padrão para a prevenção de problemas cardiovasculares graves durante um período de até cinco anos. A equipe concluiu que os indivíduos que receberam a semaglutida tiveram uma redução significativa de MACEs.

Segundo a Nova Nordik, responsável pela fabricação do Wegovy e pelo teste, durante a pesquisa, houve o registro de 1.270 MACEs. Esses eventos incluíam falecimento por problemas cardiovasculares, ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais — esses dois últimos sem a ocorrência de morte. Durante o ensaio, a droga se mostrou segura e bem tolerada pelos participantes, em consonância com estudos feitos anteriormente com a mesma dose.

"As pessoas com obesidade têm um risco aumentado de doenças cardiovasculares, mas, até o momento, não há medicamentos aprovados para o controle de peso que tenham comprovado proporcionar gerenciamento eficaz do peso enquanto também reduzem o risco de ataque cardíaco, derrame ou morte cardiovascular. Portanto, estamos muito animados com os resultados”, afirma, em nota, Martin Holst Lange, vice-presidente executivo de Desenvolvimento da fabricante.

Frederico Nacruth, cardiologista do Hospital Encore, considera a descoberta um grande avanço para a medicina. “Esse remédio pode dar novos caminhos para tratamento e prevenção. Reduz a mortalidade reduzindo a obesidade, que é a doença do século. Então, as perspectivas são excelentes para diminuirmos a doença que mais mata no mundo, que é a cardiovascular”, afirma. “Acredito que essa medicação terá inúmeras funções porque ela age em vários sistemas do organismo. Estamos entrando em uma era de mudança de paradigmas, com uma medicação que tem atuação sistêmica, não só na parte de emagrecimento”, avalia.

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